O aumento faz parte da política de Preços por Paridade Internacional (PPI), adotada pela Petrobras ainda no governo de Michel, em 2016, e mantida por Bolsonaro. Desde então, os preços do diesel, gasolina, gás liquefeito e demais derivados do petróleo vendidos para as distribuidoras são definidos pela cotação internacional do barril de petróleo e pelo câmbio.
“A política de preços dos combustíveis implantada por Temer e mantida por Bolsonaro é boa para os acionistas da empresa, a maioria deles estrangeiros, mas é péssima para o Brasil e para os brasileiros que dependem dos derivados do petróleo”, observou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Juvandia Moreira. “Bolsonaro diz não ter culpa pelo aumento dos combustíveis, então, por que queriam que a ex-presidenta Dilma interferisse na política de preços praticados pela Petrobras?”, completou a presidenta da Contraf-CUT ao lembrar que, insuflados pelo então deputado federal hoje na Presidência, caminhoneiros paralisaram o país exigindo que Dilma reduzisse o preço do óleo diesel.
Quando a nova política de preços de combustíveis foi implantada pela Petrobras, o preço mínimo do diesel estava em R$ 2,53 e o preço médio em R$ 3,01. A variação até março de 2022, neste caso, supera os 97%.
Especulação e impostos
Para o secretário de Assuntos Socioeconômicos da Contraf-CUT, Mario Raia, não faz sentido a utilização da PPI no Brasil. “Nosso preço de extração e refino são mais baixos do que dos produtores internacionais. E, neste momento de alta da inflação, sua utilização é extremamente perigosa para o país. Permite que especuladores internacionais se lambuzem com o dinheiro ganho às custas do povo brasileiro, enquanto a população sofre com a escorchante alta nos preços dos derivados de petróleo”, explicou.
Mario ressaltou que a variação de preços nas bombas, na venda ao consumidor, depende também de impostos e das margens de lucro de distribuidores e revendedores. No Acre, por exemplo, na cidade de Marechal Thaumaturgo, a mais de 500 quilômetros de Rio Branco, o litro da gasolina chegou a R$ 10,55. Já em São Pedro, cidade do interior do Rio Grande do Sul, a 358 quilômetros de Porto Alegre, o preço do litro da gasolina chegou a R$ 8,00, após o reajuste realizado pela Petrobras.
“Mas, esta variação de preços, que leva em conta diversos outros fatores, como o custo do transporte até o local e os impostos estaduais, não exime de culpa a política de preços praticada pelo atual governo, que beneficia apenas os acionistas da Petrobras”, concluiu Mario Raia.
Fonte: Contraf-CUT