Que estrutura você imagina terem os bancários e clientes em agência de uma instituição financeira brasileira que lucrou, apenas no primeiro semestre deste ano, R$ 7,05 bilhões? Se a sua resposta for condições decentes de trabalho, conforto para realizar as tarefas, agência sem fila, entre outras coisas, você errou.

O banco com o lucro citado é o Itaú, mas os trabalhadores de uma agência que fica dentro do hipermercado Carrefour do Tucuruvi, zona norte da capital, são obrigados a utilizar sanitários sem higiene e sem manutenção.

Torneiras quebradas e tubulações remendadas com sacolas plásticas, mau cheiro, piso quebrado, ralos com buracos suscetíveis a entrada de insetos, entre outros problemas enfrentados diariamente. A unidade foi fechada pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo.

"A sujeira é inadmissível. A mesma pia que os trabalhadores têm disponível para escovar os dentes é a que o pessoal dos serviços gerais lava os panos de chão utilizados na faxina do supermercado. É com isso que o funcionário do Itaú é obrigado a conviver", relata a dirigente sindical Márcia Basqueira.

"A situação flagrada pelo Sindicato vai na contramão do banco que paga funcionários de todo o país somente com o que fatura em tarifas bancárias e com sobras", critica a dirigente.

O Itaú subiu 21,6% o valor das tarifas cobradas dos clientes, o que cobre 170% das despesas com pessoal. No entanto, o banco extinguiu 4.458 postos de trabalho em 12 meses, enquanto os trabalhadores denunciam situações de falta de condição de trabalho e promovem desde abril campanha de valorização.

Segundo Marcia, os bancários chegaram a receber a "dica" de utilizar banheiros de uma agência próxima. "Diante da imposição de metas, eles ficam sem tempo até para tomar água, imagina ir para outra agência utilizar o banheiro. É o cúmulo do constrangimento", questiona a dirigente, que exige providências emergenciais da instituição financeira para garantir condições de trabalho aos funcionários.

Em foto

O Sindicato entrou em contato com responsáveis no Itaú, porém, não houve nenhum retorno efetivo. "Enviamos imagens dos banheiros masculino e feminino ao Relações Sindicais do banco e também as normas da NR-24, que menciona as condições sanitárias do local de trabalho como dever do empregador."

Márcia afirma que no piso superior do hipermercado existe uma área desativada com banheiros que poderiam ser reformados e utilizados por funcionários, com manutenção e limpeza diária. "Se não houver posicionamento do banco acionaremos a vigilância sanitária e a Delegacia Regional do Trabalho. Enquanto isso, a agência permanecerá fechada", conclui.

Fonte: Contraf-CUT com Seeb São Paulo