Bancários repudiam Febraban por agências funcionarem sem vigilantes
21/01/2014 - Por Bancários CGR
A paralisação parcial dos vigilantes de Pernambuco, que estão em campanha salarial, foi o principal tema debatido na terceira reunião do Grupo de Acompanhamento do Projeto-piloto de Segurança Bancária, realizada nesta segunda-feira, dia 20, no Recife. Algumas agências funcionaram com "expediente interno", mesmo sem a presença dos vigilantes que aderiram à paralisação. O fato foi bastante criticado pela Contraf-CUT e pelo Sindicato.
Os representantes dos bancos se defenderam, alegando que as agências funcionaram em esquema de contingenciamento, tentando convencer os bancários de que não houve movimentação de numerário. "Mas a gente sabe que agência com expediente interno não significa que não há numerário. Os bancos sempre dão um jeito de atender seus clientes especiais, as empresas movimentam seus malotes e até os caixas eletrônicos funcionam para receber depósitos. Além de descumprir a Lei 7.102/83, que obriga as agências bancárias a funcionarem com a presença de vigilantes armados e com coletes a prova de balas, a abertura dessas unidades nesta segunda-feira também descumpriu o acordo do projeto-piloto", explica a presidenta do Sindicato, Jaqueline Mello.
Segundo o secretário de Imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr, os representantes dos bancários exigiram da Febraban que os funcionários das agências que estavam sem vigilantes fossem liberados do trabalho, já que a segurança estava comprometida. "Mas a Febraban negou a reivindicação e chegou a sugerir que a presença dos vigilantes só se justifica quando há movimentação de numerário. Isso mostra que os bancos estão mais preocupados com a segurança do dinheiro do que com a vida dos bancários", afirma Ademir.
Diante da negativa da Febraban, a Contraf-CUT e o Sindicato se dirigiram até a Polícia Federal, após a reunião do projeto-piloto, para denunciar o desrespeito dos bancos com a legislação. A Polícia Federal é responsável por aprovar o plano de segurança das agências e fiscalizar se ele está sendo cumprido ou não. "Os bancos estão brincando com a vida dos bancários e isso nós não vamos permitir", diz Jaqueline.
> Clique aqui para ler o ofício protocolado na Polícia Federal.
Efeitos dos projeto-piloto
Pela primeira vez, os comandos das Polícias Civil e Militar participaram da reunião do Grupo de Acompanhamento do Projeto-piloto, uma reivindicação da Contraf-CUT e do Sindicato. Durante o encontro, as polícias apresentaram dados que mostram que a instalação dos itens de segurança já começa a fazer efeito.
Segundo os dados apresentados, o crime conhecido como "saidinha de banco" retraiu nas três cidades onde o projeto-piloto foi implantado. No Recife, a redução deste tipo de crime foi de 52,9% (de 314 ocorrências em 2012 para 148 em 2013). Em Olinda houve uma redução de 29,2% (de 65 para 46) e em Jaboatão a queda foi ainda maior: 64,4% (de 73 para 26).
"Isso é reflexo do projeto-piloto. A instalação dos biombos em frente aos caixas tem garantido a privacidade dos clientes nas transações, assim como a colocação das câmeras nas áreas internas e externas das agências tem inibido a ação dos bandidos", explica Ademir.
O número de roubos a banco também caiu de 2012 para 2013 (de 29 para 24 ocorrências, uma redução de 17,2%). "Mas esses números se referem a Pernambuco. Nos próximos encontros, a polícia vai nos trazer dados mais detalhados para verificarmos a situação de Recife, Olinda e Jaboatão, após a instalação do projeto-piloto", explica Jaqueline.
Boletins de Ocorrências
Durante a reunião, os comandos das Polícias Civil e Militar relataram que os bancos têm deixado de registrar Boletins de Ocorrências. Também há casos em que as instituições registram os BOs com mais de vinte dias de atraso, o que dificulta o trabalho policial.
Ademir destaca que, em 2010, os bancários conseguiram incluir na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) a obrigatoriedade de os bancos registrarem Boletim de Ocorrência. "Isso mostra que os bancos estão desrespeitando a nossa convenção,o que é inaceitável. Reiteramos a nossa reivindicação de acesso às cópias dos BOs como forma de fiscalizar o cumprimento da CCT. Mas os bancos alegaram que os dados são confidenciais, por questões de segurança. A polícia, porém, permitiu que a gente tenha acesso a algumas informações dos BOs, o que já é um avanço", explica.
Outra reclamação da polícia aos bancos foi sobre a péssima qualidade das imagens e do posicionamento inadequado de parte das câmeras de segurança, o que têm dificultado o reconhecimento dos criminosos. A polícia citou um caso em que o próprio vigilante não se reconheceu nas imagens.
Segundo o diretor do Sindicato, João Rufino, o projeto-piloto garante a instalação de câmeras nas áreas externas e internas das agências. "Embora o acordo não fale sobre a qualidade das imagens, é óbvio que elas precisam ser boas para que os bandidos possam ser identificados. A polícia também destacou a importância do monitoramento dessas câmeras ser feito em tempo real, o que é uma antiga reivindicação dos sindicatos", explica Rufino, que representa o Nordeste no Coletivo Nacional de Segurança Bancária.
Além de Jaqueline, Ademir e Rufino, representaram os bancários na reunião desta segunda-feira o secretário-geral do Sindicato, Fabiano Félix, e a secretária de Finanças, Suzineide Rodrigues.
Nova reunião do Grupo de Acompanhamento do Projeto-piloto será realizada na segunda quinzena de fevereiro, em São Paulo. O encontro será ampliado com a participação da coordenação do Comando Nacional dos Bancários e do Coletivo Nacional de Segurança Bancária.
Reunião com as agências
Nesta terça e quarta-feira, dias 21 e 22, o Grupo de Acompanhamento do Projeto-piloto realiza reuniões com representantes das 209 agências de Recife, Olinda e Jaboatão.
O objetivo do encontro, proposto pelo Sindicato e Contraf-CUT, é informar aos gestores sobre o andamento do projeto-piloto e envolvê-los na luta por mais segurança nos bancos. Serão quatro reuniões, uma para cada grupo de cerca de 50 gerentes, com duas horas de duração.
Fonte: Seec Pernambuco com Contraf-CUT