Banco Central detecta fraudes em empréstimos no Banco de Brasília
29/06/2011 - Por Bancários CGR
O Banco Central tem acompanhado de perto os esforços do Banco de  Brasília (BRB) para recuperar empréstimos feitos com garantias falsas  nos últimos anos. Em maio, uma nova apuração de processo administrativo  aberto pelo BC identificou irregularidades na concessão de empréstimos  para empresas e cooperativas do setor de transportes. 
 
 Ontem, a Financeira BRB conseguiu na 19ª. Vara Cível a apreensão dos  ônibus da Cooperativa de Profissionais Autônomos de Transporte de  Samambaia (Coopatram). Esse é um esforço da diretoria do banco em reaver  recursos envolvidos nesses empréstimos feitos em condições  desfavoráveis.
 
 O BRB esteve envolvido em diversas denúncias de corrupção no governo do  Distrito Federal nos últimos anos. A auditoria do BC de maio questionou  transações que estão na casa dos R$ 100 milhões, em valores corrigidos.  Garantias falsas eram dadas para a obtenção do dinheiro, apontou o Banco  Central.
 
 Nos documentos oferecidos como garantia aos empréstimos, as empresas e  cooperativas alegavam ter um patrimônio maior do que realmente possuíam,  facilitando assim a liberação do dinheiro. Algumas das cooperativas que  receberam recursos deixaram de existir nos últimos meses, tornando  ainda mais difícil a recuperação dos empréstimos feitos.
 
 Gestão temerária
 
 O processo administrativo do BC aponta indícios de delitos de gestão  temerária e improbidade administrativa no BRB, uma vez que os  empréstimos eram concedidos de forma continuada nos últimos anos tendo  como base os documentos falsos.
 
 A estratégia da gestão atual do BRB, que ingressou no banco com a posse  de Agnelo Queiroz (PT) no governo do DF em janeiro, é tentar recuperar  na Justiça o máximo possível desses créditos podres, para manter a saúde  financeira do Banco de Brasília.
 
 Em nota divulgada nesta terça-feira, a Financeira BRB destaca que "não  pôde deixar de cobrar na Justiça o direito de se ressarcir dos danos e,  com o deferimento da ação, quer repor aos cofres públicos os recursos  que são, a rigor, do cidadão e da sociedade do Distrito Federal".
 
 Ainda segundo nota, desde janeiro de 2011, os processos relacionados à  Coopatram foram comunicados ao Ministério Público do Distrito Federal,  ao Tribunal de Contras do DF e ao Banco Central.
 
 A nota prova, portanto, que o BC tinha conhecimento sobre a situação de  empréstimos do BRB antes mesmo da auditoria de maio. Nos últimos quatro  anos, o BC tem acompanhado de perto as ações do BRB, sem anunciar  nenhuma intervenção.
 
 Histórico de investigações
 
 O BRB é alvo de investigações federais há mais de quatro anos, quando  foi alvo da Operação Aquarela da Polícia Federal, que apurava crimes de  lavagem de dinheiro desviado de contratos do banco.
 
 No início deste mês, o ex-governador Joaquim Roriz foi denunciado pelo  Ministério Público do Distrito Federal como chefe de um esquema de  corrupção no Banco de Brasília iniciado em 1999.
 
 Em novembro, a "revista Época" revelou que o Banco Central questionava o  BRB pela compra de títulos do Fundo de Compensação de Variações  Salariais (FCVS) em 2009. A revista informou que, segundo auditoria  interna do BRB à época, uma transação de R$ 97,7 milhões colocou em  risco o patrimônio no banco.
 
 O BRB é um dos últimos cinco bancos estaduais no Brasil. A maioria deles  foi privatizada ou concedida para outros bancos públicos nos últimos  anos. Os demais são Banese (SE), Banestes (ES), Banpará (PA) e Banrisul  (RS).
 
 Em março, o patrimônio do BRB coloca-o na 35ª. posição entre os maiores  bancos do pais, com R$ 7,5 bilhões em ativos. O total de depósitos era  de quase R$ 6 bilhões. São 62 agências e 3,5 mil funcionários na  instituição, segundo o Banco Central.
Fonte: Contraf-CUT com Severino Motta e Danilo Fariello - iG
