Banco do Brasil e Caixa veem avanço do crédito de até 30%
30/03/2011 - Por Bancários CGR
O ritmo do crédito segue forte, com avanço de 21% do estoque nos últimos  doze meses e de 1,3% em fevereiro, mesmo depois das inúmeras medidas  tomadas pelo Banco Central (BC) nos últimos três meses para esfriar a  oferta de empréstimos. 
 
 Em parte, o crescimento segue acelerado porque os efeitos das medidas  macroprudenciais ficaram concentrados em janeiro e o impacto nas linhas  de consumo já diminuiu no segundo mês do ano. Além disso, os bancos não  parecem dispostos a reduzir as concessões em um momento em que a  economia segue aquecida, especialmente os públicos.
 
 Tanto a Caixa Econômica Federal quanto o Banco do Brasil possuem  previsão de expansão de suas carteiras de crédito acima do teto  considerado aceitável pelo presidente do BC, Alexandre Tombini, de 15%.  Mesmo depois do forte discurso do presidente da autoridade monetária  dizendo que vai monitorar crescimentos acima disso, as instituições  estatais mantiveram suas estimativas.
 
 O BB espera um avanço entre 17% e 20%. Para as pessoas físicas, a  variação deve ficar entre 19% e 23%. A Caixa acredita em alta de 30%. Já  o BC reduziu a previsão de expansão para as instituições estatais, de  15% para 14% - para os privados nacionais o BC estima avanço de 13%, e  para os estrangeiros, 11%.
 
 Uma das justificativas usadas pelas instituições públicas para manter o  "guidance" é que a sua taxa de inadimplência é muito inferior à dos  bancos privados, não havendo uma expectativa de aceleração muito forte  dos atrasos. O índice médio de atrasos nos bancos estatais é de 2%,  exatamente metade do número dos bancos privados nacionais (4%) e  inferior, também, aos bancos estrangeiros (4,4%).
 
 Segundo pessoas dos bancos públicos ouvidas pelo Valor, o crescimento  neste ano será, sim, menor do que nos anos anteriores graças às medidas  macroprudenciais, que representaram importante impacto nas concessões de  crédito. "Em fevereiro e março recuperamos bem o ritmo de empréstimo,  mas ainda estamos abaixo de dezembro", disse um executivo de um banco  público.
 
 De acordo com esse mesmo executivo, o crescimento pelos bancos públicos é  de fato superior ao número esperado pelo BC, mas é preciso qualificar  essa expansão. O BB, por exemplo, aponta que sua carteira já apresenta  desaceleração nas linhas de consumo, principal preocupação do BC. Além  disso, já tomou medidas para reduzir o prazo nas linhas atingidas pelas  medidas prudenciais, como o crédito consignado, que agora tem limite de  36 meses.
 
 Já a Caixa argumenta que está em curso uma "forte desaceleração dos  empréstimos" e haverá redução efetiva quando comparada com o ritmo visto  nos anos anteriores (30% neste ano, contra avanço de 41% registrado no  ano passado e de 50% em 2009). "As taxas de crescimento estão caindo  bastante e a diminuição da liquidez tem sido forte", segundo um  executivo da instituição.
 
 Desde dezembro do ano passado o BC tomou uma série de medidas. Ainda  assim, em fevereiro os empréstimos voltaram a crescer, depois de  recuarem bastante em janeiro. As concessões subiram 3,2% no mês passado,  para R$ 165,8 bilhões no acumulado do mês. Segundo dados parciais de  março, até o dia 17, o volume de crédito voltou a subir, 0,6% sobre  igual período de fevereiro, crescendo 0,7% para as pessoas físicas e  0,5% para as empresas.
 
 Tulio Maciel, chefe-adjunto do Departamento Econômico do BC, disse que  os efeitos das medidas ainda estão presentes. "Os efeitos são  permanentes. Uma pessoa que for tomar crédito hoje encontra condições  bem diferentes do que em novembro. A absorção das medidas é que varia ao  longo do tempo."
 
Fonte: Contraf/CUT com Valor Econômico

