Bancos do ABC não cumprem lei que obriga instalação de divisórias entre caixas
28/06/2011 - Por Bancários CGR
As agências bancárias do ABC não estão cumprindo a lei estadual  1.236/09, que obriga os bancos a colocar divisórias entre caixas e  caixas eletrônicos para inibir e dificultar os assaltos nas saídas dos  bancos, crimes conhecidos como `saidinhas`. 
 
 A informação foi confirmada pelo Sindicato dos Bancários do ABCD. De  acordo com dados do Copom (Centro de Operações da Polícia Militar), de  janeiro a maio deste ano, os sete municípios sofreram 277 saidinhas de  banco, o que significa mais de duas ocorrências deste crime por dia.
 
 "Apenas um banco no ABCD instalou as divisórias em parte das agências.  Os demais continuam sem cumprir a lei. Os bancos alegam que a instalação  dos biombos modificará o layout das agências", afirmou o diretor de  finanças do Sindicato dos Bancários do ABCD, Belmiro Moreira. 
 
 "A medida é importante para impedir o crime da saidinha de banco. Nas  cidades onde a lei foi aplicada e os bancos colaboraram, o crime caiu  80%", argumentou.
 
 O projeto estadual foi apresentado em 2009 pelo então deputado estadual  Vanderlei Siraque (PT), e prevê instalação de divisórias de material  opaco e que tenham, no mínimo, 1,80 m de altura. Os bancos que não se  adaptarem estarão sujeitos a multas de R$ 8.725. 
 
 "O prazo para a regulamentação foi até o dia 17 de junho", disse  Siraque. O vencimento do prazo, porém, não foi motivação suficiente para  o governador Geraldo Alckmin (PSDB) regulamentar a lei ou para agências  colocarem em prática a legislação. Para o ex-deputado estadual, as  agências não vão acolher a lei facilmente. "Creio que os bancos devem  entrar com uma ação de inconstitucionalidade", revelou.
 
 Fiscalização 
 
 Para Siraque, caberá ao MP, Procon, à Assembleia Legislativa e aos  próprios clientes a fiscalização. O ex-deputado estadual disse ainda não  entender a resistência da Febraban em aceitar a lei. "Não sei por que a  Febraban resiste. O custo é baixo e não haverá grandes alterações para  os bancos", destacou. E complementou que cabe à polícia garantir a  segurança do lado de fora das agências bancárias.
 
 Em nota, a Febraban não informou se possui a intenção de entrar com ação  de inconstitucionalidade, apenas afirmou que qualquer legislação,  municipal, estadual ou federal, deve ser cumprida pelas instituições  financeiras. Garantiu ainda que os bancos brasileiros investem  anualmente R$ 9,4 bilhões em sistemas de segurança com o objetivo de  garantir a integridade dos clientes, colaboradores e funcionários, além  de manter parcerias com órgãos públicos no combate à criminalidade.
 
 Leis municipais 
 
 Além da lei estadual, o ABCD tem cinco leis municipais aprovadas e um  projeto de lei que buscam inibir as saidinhas de banco. As normas  preveem a instalação de câmeras no entorno das agências, de divisórias  nos caixas e nos caixas eletrônicos e proíbe o uso de celulares ou  similares no interior dos bancos. As legislações estão dentro do período  de adequação e serão aplicadas entre agosto e dezembro deste ano.
 
 O índice de roubos no ABCD foi o que motivou os vereadores autores das  leis. "Recebi muitas reclamações, principalmente de aposentados. Mauá  tem sofrido muito com esse tipo de roubo e por isso queremos inibir",  destacou o vereador Luiz Alfredo dos Santos Simão (PSB), autor da lei de  Mauá. 
 
 "Atualmente, se alguém fizer alguma operação no caixa, outro pode ficar  de olho, passando assim a sensação de insegurança. Afinal, não se sabe  quem está atrás de você. Pode ser uma pessoa de boa fé ou um marginal",  comentou o vereador de Santo André José Ricardo (PSB).
 
 Apesar de Diadema ter sido a primeira cidade da Região a aprovar as  leis, em dezembro de 2009, ainda não conseguiu aplicá-la. "A Prefeitura  precisava emitir as notificações de adequação para os bancos, o que só  ocorreu este ano", destacou o vereador Márcio Paschoal Giudício (PSDB), o  Márcio da Farmácia, um dos autores da lei no município. 
 
 Em nota, a Prefeitura informou que as notificações foram encaminhadas na  última semana de maio, data em que que Santo André, São Bernardo e Mauá  começavam a aprovar suas leis.
 
 A aprovação das legislações, nem sempre é simples. Em Mauá, o prefeito  Oswaldo Dias alegou inconstitucionalidade para vetar a lei. "Nós  conseguimos derrubar o veto e a lei foi sancionada pelo presidente da  Câmara", revelou Simão.
 
 O parlamentar ainda explicou que o Executivo ainda pode entrar com Adin  (Ação Direta de Inconstitucionalidade). "Se o prefeito vetar novamente,  vamos tentar convencê-lo a fazer o projeto", afirmou.
 
 Legislação regional tem particularidades 
 
 Em São Bernardo, Diadema e Mauá, as leis preveem a instalação de câmeras  para monitoramento 24 horas das áreas externas das agências bancárias.  Apenas Diadema cita o mínimo de três equipamentos em cada banco. 
 
 Já a de São Bernardo exige visibilidade mínima de 180 graus. Os arquivos  com as imagens deverão ser armazenados por 90 dias, em São Bernardo, e  por 180 dias, em Diadema e Mauá.
 
 Outra lei de Diadema pede a instalação de divisórias do lado de fora do  balcão de atendimento ao cliente, em frente aos caixas ou ao lado dos  caixas eletrônicos. A instalação dos biombos está prevista também nas  leis de Santo André e Mauá. Os prazos variam entre 90 e 180 dias para a  aplicação das leis.
 
 Já a proibição do uso de celulares no interior das agências bancárias,  postos de serviço e caixas eletrônicos está prevista na lei municipal de  Mauá que dá, inclusive, o direito de o responsável pela agência  bancária expulsar o usuário que se recusar a desligar o aparelho. 
 
 A mesma proposta segue sob análise em São Caetano. O projeto de lei do  vereador Flávio Rstom (PTB) aguarda, até agosto, a sanção ou veto do  prefeito José Auricchio Jr.
Fonte: Contraf-CUT com Jornal ABCD Maior
