Bancos ignoram aperto financeiro dos clientes com a crise
16/04/2020 - Por Bancários CGR
Com cofres cheios, os bancos não ligam para a crise
Os maiores bancos em atividade no Brasil tiveram lucro líquido acima de R$ 100 bilhões no ano passado. Mesmo com cofres cheios, as empresas não se preocupam em aliviar o bolso dos clientes no momento difícil como o atual, em que milhões sentem os reflexos da crise causada pelo coronavírus.
Se o cidadão tiver inadimplente, pior ainda. No mês passado, os bancos anunciaram a prorrogação das parcelas para linhas de crédito para pessoas físicas e jurídicas por até três meses. Mas, a suposta boa ação é seletiva e quem está com dívidas não consegue o benefício.
Segundo dados do Banco Central (BC), 5,5% dos microempreendedores individuais e autônomos estão atualmente inadimplentes. Entre as microempresas, o percentual chega a 10,2%. São trabalhadores que certamente observarão as dívidas crescerem ainda mais.
Enquanto isso, o Congresso Nacional trabalha para beneficiar ainda mais o setor, o mais lucrativo da economia nacional e que menos vai sentir a pancada da crise. A PEC emergencial de Rodrigo Maia (DEM-RJ), chamada de “Orçamento de Guerra” para enfrentar a Covid-19, libera o BC para comprar títulos podres, favorecendo os bancos privados e a especulação financeira.
A medida ainda retira recursos das áreas sociais para enfrentar a calamidade – sem mexer nos recursos reservados para o pagamento da dívida pública – e legaliza a remuneração da sobra de caixa dos bancos privados, uma manobra que já desviou R$ 1 trilhão de recursos públicos entre 2009 e 2018, segundo dados do próprio Banco Central.