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Bancos omitem estatísticas de crimes para trabalhadores, mas não para a grande mídia

14/08/2018 - Por Bancários CGR

Reportagem do Fantástico da TV Globo sobre sequestro de familiares de gerentes de bancos para que o dinheiro das agências pague o resgate não informa que bancários são vítimas também de demissões após o crime

O Fantástico da TV Globo exibiu neste domingo 12 uma matéria sobre os crescentes casos no país de sequestro de familiares de gerentes de banco por quadrilhas de criminosos que visam o dinheiro das agências como pagamento do resgate. Em Minas Gerais, estado que registra o maior número das ocorrências este ano, as ações são comandadas de dentro de presídios. A reportagem, no entanto, omite que bancários alvos dos bandidos também são vítimas de demissões após o crime. Além disso, mostra que o setor bancário apresenta à mídia hegemônica estatísticas desse tipo de crime, que são desconhecidas do movimento sindical bancário, apesar de cobradas pelas entidades representativas dos trabalhadores, entre elas o Sindicato dos Bancários de São Paulo. Além do sequestro de familiares de gerentes, que resulta em tortura psicológica contra os trabalhadores, os bancos omitem também estatísticas de outras modalidades de crimes, entre elas a chamada “saidinha de banco”.

À TV Globo, o setor informou que desde 2017 foram registrados no país 100 casos de sequestro de familiares de bancários, onze deles apenas no estado de São Paulo.

O secretário de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato, Carlos Damarindo, lembra que o Sindicato e a CCASP (Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada), em reuniões com os bancos, exigem, entre outros pontos, medidas para aumentar a segurança bancária. Ele acrescenta que algumas ferramentas como o cofre inteligente, controlado remotamente, impedindo que o bancário sozinho tenha acesso à abertura do equipamento, evitariam o sequestro de gerentes e/ou de seus familiares por criminosos.

“A Fenaban e os bancos são responsáveis pelo aumento dessa modalidade de crime que vitimiza duas vezes os bancários. A primeira, por criminosos que causam traumas muitas vezes irreversíveis aos trabalhadores e seus familiares com ameaças e terrorismo. E a segunda, causada pelos bancos, que mandam embora esses trabalhadores culpabilizando as vítimas. Alguns bancos, inclusive, acusam irresponsavelmente a vítima de ser comparsa dos criminosos”, salienta Damarindo, lembrando que o setor bancário entende que os gerentes não devem entregar o patrimônio a bandidos sem que a segurança seja acionada.

“Os bancários vítimas de sequestro, que escolhem acertadamente, mesmo em uma situação extrema de violência psicológica e por vezes física, a preservação da sua vida e a de seus familiares, são demitidos por um setor que prioriza o dinheiro que já está segurado”, acrescenta.

Segurança bancária na mesa

O Comando Nacional dos Bancários, em negociação com os bancos na mesa sobre saúde e condições do trabalho, a terceira da Campanha 2018, reivindicou que a Fenaban (federação dos bancos) altere a cláusula 33 da CCT, que prevê direitos a trabalhadores que passaram por sequestro. A cláusula é válida para sequestros consumados, mas o Comando cobrou que fosse alterada para que os direitos sejam estendidos a vítimas de extorsão sob sequestro. Os bancos se comprometeram a atender essa reivindicação da categoria.

A Fenaban concordou em ampliar os direitos previstos na cláusula, como atendimento médico e psicológico logo após o ocorrido, obrigação de registro de BO e pedido de realocação para a vítima de extorsão mediante sequestro. Bem como a inclusão desses casos nos dados estatísticos sobre segurança bancária.

“Aqui no Sindicato, todos os casos que atendemos de bancários vítimas de sequestro terminaram em demissões desses trabalhadores. O que é uma injustiça dos bancos contra os bancários, que são vítimas desses crimes. É importante que os bancos ampliem os dispositivos de segurança nas agências e sejam transparentes com os trabalhadores e com as suas entidades representativas. O setor bancário está esperando acontecer uma tragédia para tomar providências?”, questiona Carlos Damarindo.

Fonte: SPbancarios

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