Bancos privados apostam no corte de pessoal
08/05/2013 - Por Bancários CGR
Para manter seus lucros elevados, Itaú, Santander e Bradesco extinguem postos de trabalho ao invés de ampliar o crédito, e continuam na contramão do desenvolvimento do país
São Paulo Desde que o governo federal lançou a ofensiva contra os altos spreads bancários no Brasil, baixando os juros do BB e da Caixa, as maiores instituições privadas do país têm compensado isso com redução de despesas que incluem cortes de pessoal.
Reportagem do Valor, publicada em 2 de maio, destaca que os três maiores bancos privados Itaú, Bradesco e Santander extinguiram, em um ano, 10.217 postos de trabalho. Assim, as despesas administrativas e de pessoal desses bancos, somadas, chegaram a R$ 18,685 bilhões no primeiro trimestre deste ano, montante apenas 3,23% maior do que o total de igual período de 2012, índice menor que a inflação do período.
Os bancos privados continuam escolhendo a contramão do desenvolvimento do país. Baixar os juros e apostar na ampliação dos empréstimos seria bom para o setor e para a sociedade. Mas ao invés disso, eles resolvem cortar empregos, critica a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira.
A reportagem destaca ainda que a promessa dos executivos do Santander, Itaú e Bradesco aos investidores para esse ano é de manutenção dos gastos sob rédeas curtas. E avalia que esses bancos estão compensando os spreads menores com as receitas de prestação de serviços, já que houve alta de 13,92% nesse item para os três bancos juntos, que alcançaram a cifra de R$ 12,42 bilhões.
Dois caminhos Em nota técnica sobre o setor financeiro, divulgada este mês, o Dieese avalia que diante do atual cenário, marcado pelas investidas do governo contra os juros e a tarifas bancárias e pela queda da Selic, os bancos podem apostar em dois caminhos. Um deles, preconizado pela Caixa, é o da ampliação do crédito para compensar a perda da rentabilidade. O outro seria o da busca pelo chamado índice de eficiência, que compensaria o menor spread com corte de custos. Opção adotada pelo Itaú, Bradesco e Santander.
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Menos crédito A reportagem do Valor confirma essa postura: Um maior volume de operações de crédito também pode ajudar a gerar receitas de intermediação financeira maiores, mesmo com spreads mais baixos. Porém, essa é uma fórmula que não tem sido usada com sucesso pelos bancos. E ouve um analista que explica esse comportamento: Se os bancos sabem que têm de cobrar menos, eles vão se focar mais nos bons clientes. O resultado é que pararam de emprestar.
Juvandia lembra que as instituições financeiras são concessões públicas e como tal deveriam fazer sua parte pelo crescimento do Brasil. Cortando empregos elas mostram que, de fato, não têm responsabilidade social nem a sustentabilidade que tanto alardeiam em suas propagandas.
Selic A dirigente destaca ainda que baixar a Selic é uma decisão acertada do governo. Os bancos estavam ganhando dinheiro fácil com a Selic alta. Têm agora de se adaptar a essa nova situação.
Juvandia lembra que a redução da taxa básica de juros representa economia nos gastos públicos, já que os juros da dívida pública são determinados pela Selic. Segundo o Banco Central, o setor público gastou R$ 217 bilhões com pagamento de juros aos credores da dívida pública nos últimos 12 meses. Um ano antes, no período de abril de 2011 a março de 2012, o gasto havia sido de R$ 237 bilhões. O corte nos juros resultou em uma economia de R$ 20 bilhões, o que equivale ao orçamento do programa Bolsa Família em 2012, que foi de R$ 21 bilhões, compara.
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Redação, com informações do Valor Econômico - 6/5/2013