Bancos privados aumentam tarifas de operações de câmbio em até 240%

18/06/2012 - Por Bancários CGR

O Estado de S. Paulo
Mariana Congo

SÃO PAULO - De janeiro a junho, os valores médios das tarifas de operações de câmbio mais que dobraram nos bancos privados. As operações de venda e compra de moeda estrangeira envolvendo cartão pré-pago de viagem e a taxa de emissão do plástico acumulam o maior aumento, de 240%.

As tarifas para transações com moeda estrangeira em espécie subiram 12% para venda e 110% para compra. No cheque de viagem, a variação na venda foi de 113% e na compra de 34%.

O levantamento foi realizado a partir dos dados de valores médios das tarifas de operações de câmbio manual, divulgados pelo Banco Central (BC) e apurados junto às instituições financeiras. O aumento das tarifas acompanha o cenário em que os brasileiros bateram, mais uma vez, recorde de gastos no exterior. Foram US$ 7,18 bilhões nos quatro primeiros meses do ano, crescimento de 7% em relação a igual período de 2011.

Os grandes bancos privados começaram a voltar seus olhos para o mercado de cartões pré-pagos em moeda estrangeira no ano passado, depois que o governo federal aumentou a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no câmbio em cartão de crédito para 6,38%. Já os pré-pagos foram taxados em 0,38% e, assim, ficaram mais atrativos para os turistas.

Bradesco, Itaú Unibanco e Safra lançaram seus cartões pré-pago em 2011, só para correntistas. O mesmo fez o HSBC em abril deste ano. O Citibank planeja entrar no segundo semestre. O mercado ainda é dominado pelas casas de câmbio, que têm tarifas médias menores para as operações e são abertas para qualquer cliente. Em média, os turistas costumam carregar os cartões com 1.800 unidades da moeda estrangeira escolhida.

"Um número maior de concorrentes é melhor para o mercado, mas os bancos grandes terão de ter tarifas mais competitivas para enfrentar as instituições de menor porte e as corretoras, que se especializaram nesse nicho e, por isso, têm tarifas mais atraentes", observa o presidente da Associação Brasileira das Corretoras de Câmbio (Abracam), Liberal Leandro Gomes.

Os dados do BC mostram que os bancos Daycoval, Itaú Unibanco e Safra cobram tarifa máxima de R$ 50, R$ 30 e R$ 32, respectivamente, para as operações de câmbio em cartão pré-pago. Apesar de informarem os valores ao BC, as instituições alegam que as tarifas não são cobradas.

O Daycoval explica que não existe custo no fechamento da operação. O Safra afirma que por "decisão comercial" a tarifa não vem sendo cobrada. Já o Itaú Unibanco diz que a existência do valor máximo deixa o banco autorizado a passar a cobrar pelo serviço, caso seja necessário.

Enquanto os bancos privados aumentaram as tarifas das operações envolvendo cartão pré-pago de viagem neste ano, nas casas de câmbio o movimento foi inverso. Dados do BC mostram que as tarifas para emissão e carga de cartão pré-pago tiveram queda de 10%. Para recarga e compra, caíram 14%.

Contudo, a tarifa para venda de moeda estrangeira em espécie cresceu 92% em seis meses. "Para os clientes e para a corretora é mais seguro fazer as transações em cartão pré-pago, pois não envolve a moeda em espécie", diz Gomes. Segundo ele, a maioria das corretoras não cobra tarifas para trocas em espécie (somente o IOF, que é obrigatório). Quando cobram, o custo tem relação com a quantidade de moeda trocada, pois valores baixos exigem o mesmo serviço que grandes trocas.

Cotações

Para gastar menos, o turista precisa pesquisar. "É a lei da oferta e da procura. O conselho é entrar em contato com os bancos, corretoras e agências de viagem para fazer as cotações", diz o vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), Edmar Bull. "Muitas vezes, o cartão pré-pago tem tarifas mais baratas em comparação ao papel moeda".

Além do preço, a facilidade do produto deve ser levada em conta. Segundo Bull, o quesito segurança é um diferencial relevante dos cartões pré-pago pois, em caso de roubo, pode ser bloqueado e reposto, sem prejuízo ao saldo.

Outra vantagem é a proteção à flutuação do câmbio, pois a taxa é fixada no dia em que o contrato é fechado, enquanto no cartão de crédito o consumidor arca com o câmbio do dia que paga a fatura.

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