Bancos públicos são agentes do desenvolvimento nacional
30/10/2019 - Por Bancários CGR
A segunda mesa de debates do seminário “O Brasil é nosso – Em defesa dos bancos públicos e da soberania nacional”, realizado nesta terça-feira (29), no teatro do Sindicato dos Bancários de Brasília, trouxe a visão de economistas e representantes de movimentos sociais sobre a importância dos bancos públicos e das políticas operacionalizadas por eles.
“Temos que ocupar as ruas e debater com a população sobre os efeitos nefastos que esta política neoliberal está causando à população brasileira”, disse o secretário de Finanças da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e vice-presidente da Federação Nacional das Associações de Empregados da Caixa (Fenae), Sergio Takemoto.
O dirigente também lembrou que, durante quase 14 anos, o Brasil viveu um período em que as políticas públicas eram voltadas para a inclusão social, para as regiões mais carentes. “E agora, em tão pouco tempo, vemos a destruição de sonhos que construímos. Mas, precisamos resgatar nossos sonhos e voltar a ter utopia. A utopia e os sonhos geram esperança. Por isso, vamos lutar, ocupar as ruas, voltar a construir sonhos e resgatar a democracia em nosso país”, completou.
Importância histórica
O professor de economia e ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, ressaltou a importância dos bancos públicos em vários ciclos da história do Brasil. “Se olharmos para traz na história mais recente, vamos ver que os bancos públicos foram fundamentais no ciclo econômico de 1955 a 1959, nas primeiras hidrelétricas, rodovias e industrias”, disse.
Ele afirmou ainda que, posteriormente, tiveram um papel muito importante, em 1973, na expansão da habitação social, em energia, em infraestrutura, em indústria pesada, em telecomunicações e na pretroquímica. “O desenvolvimento do país, especialmente em infraestrutura interna, requer financiamento do governo e requer, portanto, que o Brasil tenha capacidade de transformar as bases da soberania nacional”, destacou.
Lógica do mercado
O economista chefe do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Luiz Alberto Esteves, observou ainda que o sistema financeiro funciona com a lógica de mercado. “O Banco do Nordeste é ineficiente na lógica do mercado, por fazer exatamente ao contrário que o mercado faz. Não fechamos a porta para aquele empreendedor que tem ideia boa e não tem garantia”, explicou.
O também economista, professor da PUC-SP e membro do Conselho Federal de Economia (Cofecon), Antônio Correa Lacerda, reforçou ainda que a visão do Estado mínimo, dos governos neoliberais, é um equívoco, e que as críticas que são feitas aos bancos públicos não têm fundamento, pois os papeis desempenhados por estas instituições são imprescindíveis. “Ao contrário do consenso que é retratado diariamente na grande mídia, existem alternativas para o desenvolvimento brasileiro e para todos os bancos públicos, que é fundamental para o projeto de desenvolvimento”, disse.
A fala do deputado Assis Carvalho (PT/PI), também foi nesta mesma linha. Para ele, o nosso papel neste momento é lutar contra essa crueldade que estão impondo ao povo brasileiro. “Essa lógica do neoliberalismo é o absurdo da ganância. A nossa soberania está sendo ameaçada e o nosso meio ambiente sendo destruído. Tudo isso nos sufoca e deixa claro o risco que estamos correndo com a perda da nossa democracia e soberania”, destacou.
Campo e cidade contra o avanço do neoliberalismo
Alexandre Conceição, da direção Nacional do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST), ressaltou a importância da defesa dos bancos públicos e dos trabalhadores das empresas estatais. “São eles que fazem o Brasil crescer e são eles que fazem a resistência neste momento. A resistência dos sindicatos, dos camponeses, das camponesas, dos indígenas, dos quilombolas, construindo uma grande unidade em defesa do povo brasileiro. “Temos que derrotar essa pauta privatista, essa pauta de entrega dos bancos públicos, de entrega do nosso pré-sal e de entrega da nossa soberania”, disse.
O coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim, lembrou da resistência dos povos latino-americanos contra o neoliberalismo. “Do Chile nós temos que importar a resistência e não o modelo de capitalização”, disse. Raimundo destacou também que, sem a Caixa, o Brasil não tinha implantado com êxito o Programa Minha Casa, Minha Vida. “Defender moradia popular é defender os bancos públicos. É muito importante ter esse desafio de cada vez mais somar toda a população e associar esta luta dos bancos públicos à questão da soberania e da democracia, defendendo emprego e políticas públicas”, concluiu.
Fonte: Contraf-CUT