Bancos se recusam a discutir introdução de pausas aos caixas
17/04/2013 - Por Bancários CGR
A luta dos bancários por melhores condições de saúde e trabalho é reflexo das inúmeras doenças que acometem os trabalhadores. Apesar da grande incidência das lesões causadas por esforços repetitivos e traumas do sistema musculoesquelético, os bancos têm demonstrado resistência em reconhecer a real dimensão do problema.
Uma das propostas dos bancários no âmbito da saúde é a garantia do intervalo de 10 minutos a cada 50 minutos trabalhados nos casos de serviços que exijam movimentos repetitivos, como os caixas e as funções que exijam cálculo, contagem de dinheiro e leitura digital de documentos, assegurando que não ocorra aumento da jornada trabalhada.
Atualmente, a pausa é utilizada apenas para os trabalhadores que atuam na digitação e nas centrais de atendimento, em virtude dos esforços repetitivos.
Reivindicação antiga
A conquista da pausa de 10 minutos destinada aos teleoperadores atende a uma antiga reivindicação da categoria que remonta a década de 1990, período da automação do sistema e introdução de novas tecnologias no país, como a internet e a telefonia fixa em massa.
Essas transformações colaboraram para fragmentar as tarefas, sobrecarregar o trabalho e prolongar as jornadas, disseminando um conjunto de doenças gerados pela LER/Dort, prejudicando os bancários em diversos setores, como os trabalhadores de telesserviços e os caixas, como é constatado atualmente.
Norma Regulamentadora nº 17
Os trabalhadores do call center possuem a pausa garantida, conforme foi estabelecido no Anexo II da Norma Regulamentadora nº 17, a chamada NR 17. Aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, o anexo II da NR 17 combate diversos abusos nos locais de trabalho.
As normas regulamentadoras são discutidas e definidas pela CTPP (Comissão Tripartite Paritária Permanente), composta por representantes dos trabalhadores, dos patrões e do governo. A CUT tem acento na CTPP.
Pausa para os caixas
Os bancários identificam que há necessidade de estender a pausa para além dos trabalhadores que atuam no callcenter, especialmente como forma de prevenção de doenças. "A pausa contínua deve servir para o trabalhador recuperar a vitalidade das suas atividades física e mental", destaca Walcir Previtale, secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT.
Apesar dos caixas ainda serem avaliados pelas autenticações e atuarem com movimentos repetitivos e exímia concentração, entre outros fatores, os bancos se recusam em implantar a mesma dinâmica de descanso por meio das pausas para esses trabalhadores.
Intervalos para aliviar a tensão
Segundo o dirigente da Contraf-CUT, na última reunião da Mesa Temática de Saúde do Trabalhador, que aconteceu em 28 de março, em São Paulo, a Fenaban se recusou a discutir a introdução da pausa de 10 minutos a cada 50 trabalhados, conforme reivindicação apresentada na Campanha Nacional dos Bancários de 2012.
"A Fenaban insiste na tese das `micro pausas` existente no trabalho bancário como suficiente para que os trabalhadores recuperem a capacidade física e mental durante a jornada de trabalho. Argumentam que, por meio das `micro pausas`, é possível que o bancário descanse e recupere a sua capacidade de trabalho. Exemplificam a "micro pausa" como aquele tempo perdido entre a finalização de um atendimento ao cliente e a vinda de outro até o caixa", explica Walcir. "No entanto, nós discordamos do argumento dos bancos e da Fenaban", salienta.
Para ele, a proposta do movimento sindical é de que ocorram pausas de 10 minutos a cada 50 trabalhadores exatamente para garantir que o bancário afaste-se do seu posto de trabalho e tenha esse tempo totalmente livre para si.
"Não defendemos pausas para que o trabalhador se dirija, obrigatoriamente, para as chamadas `salas de descompressão`, ou para a ginástica laboral, ou mesmo para que permaneça em descanso no posto de trabalho. Defendemos que os 10 minutos sejam exclusivamente utilizados para que o trabalhador alivie a tensão gerada pelo trabalho e, com isso, alivie o desgaste mental e recupere a capacidade física e mental para retomar as tarefas do trabalho", defende Walcir.
Fonte: Contraf-CUT