Bandeira nacional de cartões chega ao consumidor com tarifa similar a estrangeira
18/07/2011 - Por Bancários CGR
A bandeira de cartões Elo começa a chegar ao comércio e às mãos do  consumidor. Desde abril, quando Bradesco, Banco do Brasil e Caixa  anunciaram o lançamento da marca nacional para competir com as  estrangeiras Visa e Mastercard, foram emitidas 250 mil unidades, entre  crédito, débito e pré-pagos. 
 
 Ao longo do mês, os lojistas foram informados sobre as condições para  receber o pagamento dos seus clientes com a bandeira e a conclusão é que  as tarifas por transação se assemelham àquelas cobradas para capturar  as duas internacionais dominantes. Para se ter uma ideia, no crédito, a  taxa média cobrada pela Cielo, a rede que vai capturar o Elo, era de  1,22% no primeiro trimestre, e, no débito, de 0,76%.
 
 A taxa de intercâmbio - a parcela da transação que fica com os bancos  emissores dos cartões - também não fica atrás, apesar da expectativa do  governo de que os custos de toda a cadeia de pagamentos com cartões  fossem reduzidos com a criação de uma bandeira nacional. 
 
 "A expectativa é de que o Elo leve mais negócios para os  estabelecimentos comerciais. Só que, para ser mais barato do que Visa e  MasterCard, depende da escala que vai atingir", diz Jair Scalco,  presidente da Elo Serviços, a holding que abriga a nova bandeira. 
 
 "O cartão é ainda embrionário, será preciso levantar toda a estrutura de  custos para que tenha tal viés. Mas vai ser distribuído por grandes  bancos." A expectativa é que o negócio Elo atinja o equilíbrio já no ano  que vem.
 
 Na largada, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa estão distribuindo o Elo  para novos correntistas. "Os bancos ainda não estão oferecendo a  bandeira na própria base", diz Scalco. Segundo o executivo, em todos os  Estados da federação o Elo já foi capturado. A rede de Point of Sale  (POS, na sigla em inglês, as maquininhas leitoras de cartões) da Cielo,  com 1,2 milhão de estabelecimentos comerciais, está pronta para capturar  o Elo.
 
 A Caixa não só terá participação de um terço na recém-criada bandeira de  cartões Elo, como também costura com BB e Bradesco a criação de uma  nova empresa, para acomodar o negócio de pré-pagos. Como não tem fatias  na Companhia Brasileira de Soluções e Serviços (CBSS), operação  compartilhada por BB e Bradesco, o banco federal nunca teve interesse em  distribuir os vouchers alimentação e refeição Visa Vale, que ficam sob  guarda-chuva CBSS, mas tem a intenção de colocar na rede o similar Elo  Vale.
 
 A ideia é, num horizonte de cinco anos, construir uma participação  próxima de 10% no segmento de pré-pagos, segundo o vice-presidente da  Caixa, Márcio Percival. Na tomada de decisões, a instituição já teria,  porém, na largada um peso referente à proporção que pretende atingir no  negócio. Ainda está sendo discutido se essa nova estrutura ficará ou não  debaixo da CBSS, que, por sua vez, compõe uma das caixas no intricado  desenho da Elo Participações, a holding controladora do casamento  Bradesco e BB no projeto de cartões. A Caixa entrará na holding que  administra a bandeira e na empresa de pré-pagos.
 
 "A Caixa é o banco preferencial de Estados e municípios, já detém a  folha de pagamentos e a ideia é oferecer aos clientes pessoa jurídica o  cartão vale refeição, alimentação e de combustíveis", diz Percival. "O  banco mapeou a rede e identificou uma grande quantidade de empresas que  não usam o vale refeição. O potencial é enorme."
 
 Por ora, está descartado o aumento da participação do banco federal na  Cielo, como se chegou a cogitar em agosto do ano passado, quando a Caixa  anunciou que se uniria a Bradesco e BB no projeto da nova bandeira  nacional. Hoje, a instituição detém fatia de 1,14% na rede de captura de  transações. "Não há como viabilizar isso, não vamos a mercado comprar  as ações da Cielo, teria que ser um leilão público, está fora da pauta",  afirma Percival. O banco mantém com a Cielo um acordo na área de  credenciamento de lojista, em que é remunerado pelos estabelecimentos  que indica para filiação.
 
 Na Elo Participações Bradesco e BB investiram cerca de R$ 9,5 milhões  cada. A estrutura ainda vai contar com a criação de um banco, que será  responsável pela emissão do Elo Card, vendido para não correntistas por  meio da promotora Ibi, que o Bradesco transferiu para a CBSS. Por  enquanto, em Sergipe, aonde há um piloto desse tipo de oferta, a emissão  fica com o Banco Ibi, explica o diretor da Bradesco Cartões, Cesário  Nakamura. Depois, a carteira será transferida para o novo banco.
 
 Na ata da assembleia, publicada no Diário Oficial, Paulo Rogério  Caffarelli, vice-presidente de Cartões e Novos Negócios do BB é que foi  nomeado o presidente da Elo Participações.
Fonte: Contraf-CUT com Adriana Cotias - Valor Econômico
