BB afirma disposição em negociar, mas não discute jornada de 6 horas
11/07/2012 - Por Bancários CGR
A Contraf-CUT, federações e sindicatos retomaram nesta terça-feira (10) o processo de negociação permanente com o Banco do Brasil, em Brasília. Um dos temas em debate foi a jornada de 6 horas para todos os funcionários.
Nova negociadora
O diretor de relações com funcionários e entidades patrocinadas do BB, Carlos Eduardo Leal Neri, apresentou a nova negociadora do banco, Aurea Faria Martins, que manifestou o desejo de começar as discussões da pauta específica, aprovada no 23º Congresso Nacional dos Funcionários do BB, assim que as entidades sindicais fizerem as entregas das minutas à Fenaban e ao BB.
Jornada de 6 horas
A posição do BB gerou indignação por parte dos representantes dos trabalhadores. O banco afirmou que não vai negociar a implantação da jornada correta de 6 horas para todos os comissionados sem redução de salários.
A expectativa das entidades sindicais era a mesma de todo o funcionalismo que chegou a ouvir do próprio diretor do BB, Carlos Neri, em 2011, que o banco resolveria o problema da jornada.
Após uma mesa temática sobre jornada - com o objetivo de coleta de dados e informações entre as partes para posterior mesa de negociação -, ocorrida após a campanha de 2011, os trabalhadores esperavam que o banco cumprisse o compromisso público de resolver o problema e a afirmação hoje de que a empresa não vai discutir o tema com a representação sindical é um total desrespeito ao processo negocial.
O banco disse que a jornada de 6 horas é tema de Plano de Comissões e que isto é estratégico e não discute em mesa de negociação. Além disso, o BB ressaltou que não discute questões ligadas ao plano de metas, arquitetura organizacional e de remuneração da empresa.
O banco observou que isso não quer dizer que não possa apresentar ao movimento sindical a decisão sobre o tema, caso decida algo sobre a jornada mais adiante.
"Além de todos os problemas de péssimas condições de trabalho e do assédio moral institucional para o cumprimento do programa `caótico` de metas Sinergia BB, o banco sinaliza uma coisa para os funcionários e depois não cumpre. Os bancários darão a resposta a esse comportamento na campanha nacional deste ano", afirma William Mendes, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do BB e secretário de formação da Contraf-CUT.
Sinergia BB e assédio moral
A Contraf-CUT pediu ao banco que informasse como estão os números do fechamento do semestre nas várias agências do país. As entidades sindicais já sabem que a maior parte das dependências não conseguiu atingir a etapa ouro e os bancários estão sendo forçados pelos superintendentes do banco a fazerem diversas arbitrariedades para cumprir algo impossível e sem nenhuma regra clara.
O banco pediu que as entidades sindicais apontassem alguns dos problemas e assim foi feito: foco em metas individuais e carteiras, o programa muda a toda hora (três vezes neste semestre), a maior parte do país não cumpriu a etapa ouro (só cerca de 10%), não existem mais parâmetros para negociar qualquer eventual parcela adicional ao modelo básico de PLR da Fenaban na rede varejo. A Contraf-CUT já havia avisado isso ao banco em fevereiro deste ano.
Sobre assédio moral, os dirigentes sindicais relataram diversos casos como o descomissionamento de 23 gerentes de agência em MG, de maneira estranha. Também foi apontado o recente caso de assédio no Ceará, onde gerentes foram obrigados a assinarem "termos de compromisso" para cumprirem metas e que, se não cumprissem, seriam descomissionados por insubordinação.
Após mais alguns exemplos, o banco informou que não compartilha com essas ocorrências. Mas o fato é que o Sinergia BB é um programa que inevitavelmente leva a situação de assédio moral, causando fraudes e irregularidades.
PSO - implantação em nível nacional
Os sindicatos já fizeram plenárias por todo o país e constataram tudo aquilo que haviam apontado que ocorreria com as plataformas de suporte operacional. Os trabalhadores reafirmaram no 23º Congresso que são contrários a essa forma de gestão.
A Contraf-CUT apontou vários problemas e propostas para o setor. As dotações das PSO devem ser revistas e aumentadas. Os caixas devem ser efetivos, ter comissões e receber pontuação na carreira de mérito.
Não pode haver nenhuma dependência com apenas um caixa. Os gerentes de serviço não podem executar serviço de caixa. É uma lista enorme de problemas que também levarão os bancários do setor a participarem fortemente da Campanha Nacional 2012.
Pagamento do interstício de 3% sobre o VCPI
As entidades sindicais já haviam discutido com o banco a respeito do acerto dos valores desde março de 2012, mas até o momento o BB não efetuou o pagamento.
O banco ficou de verificar a finalização dos acertos e informar à Contraf-CUT quando fará a regularização do pagamento, inclusive com os valores retroativos ao mês da conquista do direito.
Discriminação nas remoções automáticas
Essa importante conquista dos bancários do BB, que acabou com a discriminação interna para a transferência dos funcionários entre dependências (vide revista Espelho Nacional) vem sendo burlada sistematicamente pelos gestores dos departamentos do banco e com a conivência de algumas Gepes.
Com a desculpa de alegar que as vagas estão bloqueadas para alocar bancários envolvidos em processos de reestruturação, os gestores estão escolhendo escriturários para trabalhar, desrespeitando os normativos internos e o próprio concurso público.
A Contraf-CUT apresentou exemplos e suspeitas sobre a burla no sistema de remoção automática e na discriminação de escriturários que não conseguem ser realocados. O banco afirmou que não é orientação da empresa permitir aos gestores fazerem processos para escolher escriturários para atuarem nos setores.
Denúncias sobre burlas na remoção de escriturários devem ser encaminhadas para a Diref/Colet.
Visa Vale
Os trabalhadores do Espírito Santo, que possuem o vale refeição e alimentação Visa Vale, estavam sofrendo o risco de não poderem mais utilizá-los a partir do dia 16 por questões comerciais no Estado.
Após a cobrança de solução tanto por parte do Sindicato e da Federação dos Bancários do RJ-ES quanto da Contraf-CUT, o banco informou ao final da negociação que o problema foi resolvido. O convênio está em ordem e a partir desta quarta-feira (11) haverá comunicado nesse Estado avisando da regularização.
Cassi - plano associados
A nova gestão eleita da Cassi procurou a Comissão de Empresa para partilhar um problema existente na entidade em relação a valores devidos pelos associados, oriundos de inconsistências do sistema de cobrança da Cassi, que serão regularizados nos próximos meses.
Como o problema afeta aos associados, a Contraf-CUT e demais entidades sindicais reivindicaram que, caso os valores devidos sejam cobrados, o BB se comprometa a estabelecer o limitador de 1/24 no máximo de desconto ao mês para qualquer tipo de regularização de cobrança feita, para não prejudicar os bancários.
O banco ficou de analisar a reivindicação.
A Cassi informou que, assim que for tomada qualquer providência em relação à regularização das pendências, divulgará em seus veículos de comunicação.
Vacinação contra gripe A
Está havendo um grande surto de gripe A em Santa Catarina e foi solicitado ao banco que pague as vacinas. A medida vem sendo feita por outros bancos no Estado.
A Diref ficou de averiguar junto aos setores responsáveis do banco sobre a possibilidade de atendimento da reivindicação.
Adesão à Cassi e Previ pelos bancários incorporados
O banco disse que está estudando o caso, afrimando haver dúvidas quanto ao tema e sobre a maneira como implantá-lo.
Como o tema virá apresentado nas reivindicações da mesa específica, a empresa disse que terá melhores condições para avaliar a proposta dos trabalhadores.
O banco diz que há pré-disposição em resolver a questão. Mas cada caso deve ser avaliado com suas diferenças como, por exemplo, o Economus e a Fusesc. O banco não pode obrigar ninguém a migrar. O que o banco faria com as pessoas que já eram aposentadas antes das incorporações?
Devolução de delegado sindical na Previ
Os representantes do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro protestaram contra a medida e vão tomar as medidas cabíveis. O banco disse que recorreu ao regulamento e afirmou que a Previ, a Cassi e entidades semelhantes não são dependências da empresa.
GDP usada de forma irregular por alguns gestores do BB
Foi feita a denúncia de que gestores do banco, como na CABB SP e na CSO prefixo 1900 (SP), estão usando de forma irregular a GDP para tentar intimidar os bancários que participam de atividades sindicais.
A GDP é para avaliar desempenho profissional e não foi feita para punir trabalhador ou fazer anotação sobre horas não trabalhadas ou coisas do gênero.
Os gestores das unidades têm dito que o banco havia autorizado tal anotação. Foi dito à Contraf-CUT que a informação passada pela Diref aos gestores é de que o ponto eletrônico deve refletir a jornada real dos trabalhadores. Nada mais que isso.
Descomissionamento nas três avaliações
Também foram feitas denúncias sobre o banco estar descomissionando funcionários com base nas três avaliações, inclusive quando a pontuação está entre 3 pontos e 4 pontos.
Tanto o banco quanto as entidades sindicais debateram a necessidade dos bancários acompanharem sempre qualquer tipo de anotação feita e, inclusive, discordar ou justificar quando for o caso.
Redução da trava de tempo para remoção das CABB
Devido à natureza do trabalho muito específica nas CABB, foi solicitado ao banco que haja redução no tempo da trava de remoção para outras dependências. Atualmente a trava no setor também é de dois anos. Foi citada como exemplo uma redução em setor semelhante na ouvidoria do DF.
Criminalização da luta pela democracia
A Contraf-CUT ainda fez um desagravo sobre a apostila institucional de segurança bancária do BB, que desrespeita a luta da sociedade brasileira pela democratização e contra a ditadura militar.
Após a descoberta do material interno do banco pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo Osasco e região, até a presidência da República já recebeu a denúncia sobre o fato.
O trecho, citado no item 1.1.2 da apostila, nos Fundamentos Teóricos de Segurança, sob a organização da Diretoria de Gestão da Segurança do BB, descreve: "No Brasil, em razão do aumento de assaltos a instituições financeiras, a partir de meados da década de 1960, realizados por terroristas de orientação esquerdista, opositores do regime militar, entre eles o desertor do Exército, ex-capitão Carlos Lamarca, e o ex-deputado, com formação em guerrilha e terrorismo na China e em Cuba, Carlos Marighella, autor do tristemente famoso manual do guerrilheiro urbano, tem início a formalização institucional da segurança privada. Várias organizações terroristas assaltavam instituições bancárias e de crédito, agindo de forma violenta, muitas vezes matando guardas, policiais e pessoas inocentes, requerendo medidas especiais de repressão ao delito".
Negociações da Campanha Nacional 2012
A 14ª Conferência Nacional dos Bancários será realizada de 20 a 22 de julho, em Curitiba. O evento definirá a minuta nacional dos trabalhadores que será entregue à Fenaban, ao mesmo tempo em que serão apresentadas aos bancos públicos as pautas específicas para iniciar as negociações.
Os bancários devem participar ativamente do calendário organizado pelo Comando Nacional, coordenado pela Contraf-CUT, para que haja avanços e novas conquistas.
Fonte: Contraf-CUT