Banco recebeu a maior condenação por assédio até hoje definida e também foi o primeiro culpado por discriminação contra homossexual
São Paulo O hoje corretor de seguros e ex-funcionário do Bradesco Antonio Ferreira dos Santos conquistou na Justiça uma reparação que segundo ele próprio não há valor que pague. O ex-gerente de uma agência do Bradesco em Salvador, na Bahia, vai receber a maior indenização por assédio moral já definida pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) e a primeira por preconceito contra homossexuais na história da instância. No total, receberá R$ 1,3 milhão.
Antonio Ferreira foi demitido em 2004 por justa causa sob alegação de negligência, indisciplina e ato de improbidade. O ex-bancário declara-se homossexual e conta que sofreu durante cinco anos discriminação e assédio. Após a dispensa, não conseguiu colocação no mercado de trabalho e recorreu à Justiça.
De acordo com relatos do gerente à 24ª Vara do Trabalho de Salvador, um diretor regional do Bradesco foi responsável por diversos atos de constrangimento públicos como a insinuação de que o Bradesco não é lugar de homossexual, além de propor que o bancário utilizasse o banheiro feminino da agência. A Justiça ouviu três testemunhas que confirmaram a versão do gerente, que relata: os últimos cinco anos foram os piores da sua vida.
O Bradesco é alvo inclusive de duas outras ações do Ministério Público do Trabalho da Bahia, com o mesmo teor. O primeiro processo acusa o banco de discriminação a funcionários que usam barba e cabelos afros. O outro trata de assédio moral. A partir de depoimentos colhidos de testemunhas em ação trabalhista individual, o órgão constatou que a prática dava-se a partir do abuso de poder e de manipulação perversa. A entidade propôs a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta, mas o Bradesco recusou.
A secretária-geral do Sindicato ressalta que o combate ao assédio moral mobilizou os trabalhadores na Campanha Nacional 2008, mas por culpa dos bancos o debate não avançou. Essa condenação do Bradesco é mais uma prova da importância do combate ao assédio moral, que vai permanecer na pauta de reivindicações dos bancários. Não desistiremos até que os banqueiros aceitem priorizar esse assunto. A decisão da Justiça fortalece a nossa luta, afirma.
Fonte: Seeb SP, com O Estado de S.Paulo