Caixa se nega a debater regras para retirada de funções gratificadas
18/04/2013 - Por Bancários CGR
Na negociação da mesa permanente com a Contraf-CUT, federações e sindicatos, realizada nesta quarta-feira (17), em Brasília, a Caixa Econômica Federal manteve-se intransigente e não aceitou debater uma proposta para tornar mais transparentes os critérios para retirada de funções gratificadas dos empregados. O banco alegou que não possui uma ferramenta para avaliação de desempenho, o que a impede de definir regras para fazer descomissionamentos.
A apresentação de um estudo sobre a retirada de função estava prevista no acordo coletivo aditivo firmado com a Caixa no ano passado. Os representantes da empresa trouxeram apenas um relatório das movimentações em cargos de função ocorridas em 2012 e informaram que o entendimento do banco é de que não se faz necessário definir normas.
Jair Pedro Ferreira, coordenador da Comissão Executiva de Empregados (CEE/Caixa), que assessora a Contraf-CUT nas negociações com o banco, protestou contra o posicionamento da Caixa. Segundo ele, é preciso explicitar que motivos podem levar a empresa a retirar a função e evitar que os empregados sejam alvo da decisão unilateral do gestor.
O representante dos empregados, que também é vice-presidente da Fenae, lembrou que essa questão foi objeto de negociação da campanha nacional de 2012, porque houve demanda por parte dos trabalhadores, que se sentem ameaçados por medidas tomadas com critérios desconhecidos.
"Nossa preocupação é salvaguardar os direitos dos trabalhadores e garantir que esses processos sejam transparentes, evitando o clima de insegurança que hoje acomete boa parte dos empregados detentores de funções", enfatizou. Para ele, as entidades sindicais continuarão pressionando a empresa para buscar uma solução.
Tesoureiros
Outra pendência do acordo coletivo debatida foi o plano de melhorias das condições de trabalho e de segurança dos tesoureiros. A empresa apresentou alguns encaminhamentos como a formação de turmas para fazer cursos de qualificação, que deverão ser iniciados até o final do mês de abril, sendo curso de 24 horas para tesoureiros e 12 horas para substitutos; criação do banco de habilitados para formação de tesoureiros, que já tem 8.057 inscritos, e uma proposta ainda em estudo de redução do tempo mínimo de empresa para substituir o tesoureiro, que passaria de um ano para seis meses.
A empresa informou que está dando continuidade a implantação dos corredores nas unidades para abastecer o autoatendimento e que por problemas de estrutura, houve dificuldade de instalação dos corredores em uma agência.
Jair questionou essa informação, argumentando que a CEE/Caixa tem recebido denúncias de que o problema persiste em um número maior de agências. A Caixa ficou de averiguar os problemas citados pelos representantes dos trabalhadores.
O coordenador da CEE/Caixa afirmou que a Contraf-CUT e os sindicatos permanecerão cobrando soluções para asobrecarga e as condições precárias de trabalho dos tesoureiros. "É importante os empregados denunciarem às entidades sindicais condições de trabalho não condizentes com sua atividade".
Outros pontos discutidos
Promoção por mérito
A Caixa manteve a posição de intransigência e não aceitou negociar a redução da carga horária de capacitação a distância da Universidade Caixa. Com isso ficou mantido o que prevê o acordo coletivo de 70 horas por ano, com a realização de 6 horas aulas por mês dentro da jornada.
A empresa comprometeu-se a incluir no texto da cartilha de divulgação da promoção por mérito, a íntegra da cláusula para que todos os empregados tomem conhecimento. As regras serão divulgadas dentro de alguns dias.
Login único
A Caixa informou que até junho o login único deverá ser implantado nas agências. A ferramenta está em implantação nas superintendências regionais, matriz I e II e filiais.
O login foi conquistado na campanha nacional de 2012 com objetivo de garantir o cumprimento e respeito a jornada de trabalho. Os empregados têm de acompanhar esse processo cuidadosamente e, se necessário, denunciar qualquer problema no novo sistema.
Ranqueamento de caixas
O coordenador da CEE/Caixa denunciou problemas nas condições de trabalho dos caixas. Segundo ele, está ocorrendo um verdadeiro rank da atividade.
Através de uma planilha, as superintendências estão levantando o tempo de atendimento, o número de autenticações feitas, entre outras informações. Os representantes da empresa disseram que vão averiguar a denúncia.
Escala de Revezamento
A Caixa apresentou uma proposta para a escala de revezamento. A CEE/Caixa vai avaliar e dar retorno à empresa nos próximos dias.
Conselho de Administração
Os representantes dos trabalhadores protestaram contra a posição da Caixa em não modificar as exigências para os candidatos a representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da empresa. As condições mantidas no estatuto inviabilizam a candidatura de 80% dos empregados.
O artigo 11 do estatuto estabelece como condições para o exercício de todos os cargos na diretoria e no conselho ser graduado em curso superior e ter exercido cargos gerenciais nos últimos cinco anos ou ter ocupado cargos relevantes em órgãos ou entidades da administração pública por, no mínimo, dois anos.
"Vamos continuar insistindo para que a decisão seja revogada, de modo a colocar fim à discriminação da participação da maior parte dos trabalhadores no processo eleitoral", ressaltou o coordenador da CEE/Caixa.
Fonte: Contraf-CUT com Fenae