Campanha Nacional: bancários querem mais saúde e segurança
22/10/2010 - Por Bancários CGR
Próxima rodada, nesta quarta e quinta, tratará dos dois temas
Assédio moral, metas abusivas e direitos dos afastados estiveram em pauta na primeira negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e a federação dos bancos (Fenaban), na terça 24. Em pesquisa realizada pelos sindicatos, 80% dos bancários de todo o país apontaram como prioridade o fim do assédio moral e das metas abusivas.
Apresentamos nossas propostas para mudar a dura realidade hoje presente e esperamos que a Fenaban traga respostas. As discussões sobre saúde prosseguem a partir desta quarta dia 1º. A negociação, que segue na quinta-feira 2, vai tratar também da segurança de bancários e clientes. Na terça, 31, foi realizado um Dia Nacional de Luta com esses temas. Os bancos têm plenas condições de investir em mais saúde e em proteção para os bancários.
> Mobilização na agência centro do Bradesco no Dia Nacional de Luta
Pelo fim do assédio - A quantidade de registros de doenças do trabalho nas instituições financeiras fez o governo enquadrar a atividade bancária no grau máximo de risco (nível 3), ao lado da produção de materiais em aço, transporte aéreo e serviços na rede de esgotos. Trabalhar em banco oferece mais risco à saúde do que manipular produtos químicos, ferro líquido ou operar a rede de energia elétrica, atividades enquadradas no nível 2.
Um dos principais fatores que colaboram para essa triste realidade é o assédio moral, que pode ser definido como a exposição repetitiva e prolongada do trabalhador a situações constrangedoras e humilhantes durante a jornada de trabalho, ferindo a dignidade e a saúde física ou mental da vítima e que pode comprometer sua carreira, muitas vezes forçando a desistência do emprego. Entre os bancários, a prática tem sido cada vez mais usada para cobrar metas de venda e produtividade.
Exemplos O assédio moral é configurado por atitudes como sobrecarregar o funcionário, ameaçando caso não consiga cumprir as funções, criticar sistematicamente seu trabalho, ameaçar com demissão ou transferência, controlar idas ao banheiro, submeter publicamente a situações humilhantes, ignorar a presença, isolar, criticar a vida pessoal e questionar a validade dos atestados médicos. É comum nas vítimas depressão, palpitações, tremores, distúrbios do sono e digestivos, dores generalizadas, alteração da libido e tentativas de suicídio.
O tema já vem sendo tratado nas mesas temáticas específicas. O Movimento Sindical reivindica uma declaração explícita na Convenção Coletiva contra qualquer ato de assédio moral e que as denúncias sejam apuradas pelo banco, com retorno para o Sindicato em no máximo 60 dias e garantia de sigilo do denunciante. Os bancários reivindicam também a mudança na gestão das metas e onde os bancários possam interferir, sem que haja ranking ou qualquer tipo de exposição (veja abaixo quadro com as principais reivindicações sobre saúde).
Mais No tema saúde, os bancários também lutam pela manutenção dos salários e direitos aos afastados por motivo de saúde, o abono de faltas dos trabalhadores com deficiência para manutenção de suas próteses e a manutenção da comissão quando do retorno ao trabalho.
Segurança - Apenas em 2009, os bancos foram autuados pela Polícia Federal (PF) em R$ 15,54 milhões por descumprir normas de segurança. As multas têm relação com irregularidades como agências abertas sem o plano de segurança obrigatório e descumprimento das medidas previstas nos planos de segurança aprovados (como falta de vigilantes, falta de câmeras de segurança e ausência de alarmes). Todas essas falhas têm em comum o fato de colocarem em risco a vida de bancários e clientes, por negligenciarem as recomendações de especialistas no que se refere à segurança das agências.
Esse tipo de problema já vem sendo tratado com os bancos nas mesas temáticas que aconteceram durante o primeiro semestre. Os debates incluem também medidas reparatórias para bancários vítimas de assaltos, sequestros e extorsões, dentre elas a necessidade de acompanhamento médico e psicológico no pós-assalto. Os bancários também reivindicam o fim do porte de chaves de cofres e unidades e o fim do porte de numerário por bancários, instalação de portas de segurança em todas as agências e vidros blindados nas fachadas. (veja abaixo quadro com as principais reivindicações sobre segurança).
Saúde Principais Reivindicações
Assédio Moral:
· Implantação de programa de orientação e prevenção, com acompanhamento dos Sindicatos;
· Declaração explicita na convenção de trabalho contra qualquer ato de assédio moral;
· Criação de canais para denúncias com preservação da identidade do denunciante;
· Prazo para apuração e solução dos problemas;
· Sem ranking ou qualquer tipo de exposição.
Metas:
· Fim das metas abusivas e fim das metas para os caixas;
· Participação dos trabalhadores na definição das metas, que devem levar em conta o porte da agência, o número de empregados, o perfil econômico local, etc.;
· Metas coletivas e não individualizadas.
Mais:
· Manutenção de direitos como VR, VA e PLR para afastados.
Segurança Principais Reivindicações
· Proibição de transporte de numerário e da guarda das chaves dos cofres por bancários;
· Estabilidade no emprego e pagamento de idenização para vítimas de assaltos ou seqüestros;
· Assistência médica e psicológica total, inclusive com o pagamento de medicamentos, para vítimas de assaltos;
· Instalação de portas de segurança antes do auto-atendimento em todas as agências;
· Emissão de Comunicado de Acidente de Trabalho (CAT) para todas as ocorrências;
· Instalação de câmeras em todas as áreas de circulação de clientes e usuários para a identificação de criminosos.