Comando Nacional cobra da Caixa quadro de 100 mil empregados
13/09/2011 - Por Bancários CGR
O Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT, realizou nesta terça-feira (13), com a direção da Caixa Econômica Federal, em São Paulo, a terceira rodada de negociação das reivindicações específicas dos empregados. No centro da mesa de debates estiveram três pontos principais: carreira, jornada de seis horas e isonomia.
Os empregados da Caixa reivindicam que até 2012 a Caixa atinja o quadro de 100 mil empregados. "O banco reconhece que houve aumento da demanda de trabalho, mas relega novas contratações à autorização de órgãos controladores. Enquanto a empresa coloca empecilhos, na prática os bancários vivem as consequências da sobrecarga de trabalho, o que gera adoecimento", afirma Plínio Pavão, secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT. "Sem contar que a necessidade de mais horas trabalhadas acaba gerando mecanismos para burlar o ponto eletrônico, gerando fraudes nas horas extras", avalia.
Carreira
O Comando reivindicou transparência no Processo Seletivo Interno (PSI). "É necessário aperfeiçoar o sistema para que sua credibilidade seja aumentada. Recebemos reclamações constantes de que o processo é baseado principalmente em questões subjetivas e há situações em que os PSIs são dirigidos. Queremos que os critérios objetivos tenham um maior peso", afirma Jair Ferreira, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa), órgão da Contraf-CUT que assessora o Comando nas negociações. A Caixa se dispôs a fazer um debate com técnicos na área para que seja possível pontuar os problemas e avançar na proposta.
Os bancários reivindicaram a criação de cargos específicos na área de tecnologia da informação. "Essa foi uma preocupação também apresentada pelo banco. Chegaram a nos dizer que `há necessidade de retenção de talentos`. A Caixa ficou de apresentar proposta", declarou Plínio.
O Comando reivindicou ainda mudança de postura em relação aos participantes do REG/Replan não-saldado, que vêm sofrendo inúmeras discriminações por parte da empresa. Esses empregados ficaram, por exemplo, impossibilitados de aderir à tabela salarial unificada do PCS de 2008 e, em 2010, eles foram excluídos do Plano de Funções Gratificados, entre outros prejuízos. "É inadmissível. A Caixa continua sua política de discriminação desses empregados", denuncia Plínio.
Outro ponto tratado sobre carreira foi em relação ao poder arbitrário dos gestores de destituir os empregados de suas funções. "Destituições acontecem sem nenhuma cerimônia. Não é possível que uma pessoa, que passa por processo de seleção complexo, de uma hora para outra, seja destituída de suas funções. A Caixa é muito resistente com isso, é uma questão de manutenção do poder", avalia Plínio. A Caixa sinalizou que está estudando e pretende apresentar proposta.
Jornada
A jornada de seis horas esteve também na mesa de debates e foi negada pela Caixa. "Fizemos grande luta pela jornada de seis horas e hoje a Caixa a desrespeita não só impondo aos gerentes jornada de oito horas, mas também aos chefes de unidade a jornada sem limite, e aos técnicos, horas extras. Vamos continuar lutando para que jornada de seis horas seja resgatada", disse Plínio.
Neste sentido é fundamental ressaltar a necessidade do registro de ponto obrigatório também ao nível gerencial. "Todos devem ser obrigados a registrar suas jornadas", reivindica o diretor da Contraf-CUT.
Em relação à jornada de trabalho foi pautado ainda o fim das horas negativas no Sipon. "O sistema de ponto eletrônico existe para minimizar as fraudes que podem acontecer e as horas negativas abrem portas para a fraude. Queremos rever isso", indica Plínio.
Caixa nega isonomia
A isonomia de direitos entre novos e antigos empregados com extensão da licença prêmio e normatização dos pontos já conquistados no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) foi outro ponto reivindicado pelo Comando.
Desde 1998, a partir dos novos empregados contratados, os bancários avançaram em vários itens da isonomia, como a ausência permitida por interesse particular, parcelamento da devolução do adiantamento das férias, plano de saúde e nova tabela do PCS. Ainda resta avançar na licença prêmio e em relação aos adicionais de tempo de serviço. "A Caixa foi categórica em dizer que não será possível. Não há vontade política em conceder. Mas vamos continuar nossa luta", frisou Jair.
Em reunião na última quinta-feira (8), a CEE/Caixa decidiu pela realização do Encontro Nacional sobre Isonomia na próxima terça-feira, dia 20 de setembro, em Brasília, em cumprimento à deliberação do 27º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa (Conecef).
As delegações que participarão do evento serão definidas a critério de cada sindicato. Serão realizadas atividades na Matriz da Caixa e no Congresso Nacional.
Valorização do piso
Houve, em função da valorização do piso salarial, um acerto da curva salarial no valor de R$ 39, reajuste concedido para todos os empregados. Mas os bancários participantes do REG/Replan não saldados foram deixados de fora. "Reivindicamos que, em uma demonstração de um inicio do processo de superação da discriminação em relação a estes empregados, que eles também sejam incluídos no reajuste", afirmou Jair. A Caixa deve apresentar uma proposta.
Rodadas anteriores
As duas primeiras rodadas das negociações das reivindicações específicas dos empregados da Caixa foram realizadas nos dias 2 e 8 de setembro, nas quais foram discutidas Funcef e aposentados, Saúde Caixa e condições de trabalho, respectivamente. Saiba como foram essas rodadas:
Comando cobra melhorias da Caixa na proteção e na assistência à saúde
Caixa recusa reivindicações sobre previdência e aposentados na 1ª rodada
Proposta
O Comando deve se reunir novamente com a Caixa na próxima quarta-feira, dia 21, em Brasília, quando o banco apresentará proposta às reivindicações.
Fonte: Contraf-CUT