Contraf busca apoio de deputados para conferência sobre sistema financeiro
14/07/2011 - Por Bancários CGR
Dirigentes da Contraf-CUT, federações e sindicatos cumpriram na tarde  desta quarta-feira, 13, um roteiro de visitas e conversas com deputados,  em Brasília, buscando apoio para o Projeto de Decreto Legislativo (PDC)  do deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP), que revoga as recentes  resoluções do Banco Central que ampliam as funções dos correspondentes  bancários.
 
 Eles também pediram apoio dos parlamentares para a realização da  Conferência Nacional sobre o Sistema Financeiro, uma reivindicação da  Contraf-CUT já encampada pela CUT.  A iniciativa, assim como outras  conferências, depende do governo federal.
 
 Os dirigentes sindicais estiveram nos gabinetes dos deputados Erika  Kokay (PT-DF), ex-presidenta do Sindicato dos Bancários de Brasília e  empregada da Caixa, Roberto Freire (PPS-SP), presidente nacional do PPS,  e Carmen Zanotto (PPS-SC).
 
 Os três parlamentares se mostraram muito receptivos às reivindicações  dos trabalhadores. As reuniões ocorreram após a aprovação, na manhã de  hoje, pela Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara, da  realização de uma audiência pública sobre o PDC de Berzoini, prevista  para ocorrer na segunda quinzena de agosto.
 
 Para os bancários, as reuniões foram muito positivas, pois foi possível  apresentar aos parlamentares a necessidade de uma discussão mais ampla  sobre o sistema financeiro na sociedade. A ideia de realização de uma  conferência sobre o tema também foi muito bem recebida.
 
 "Nem todos os parlamentares dominam os temas do sistema financeiro e foi  importante levar a nossa visão sobre essas questões. Vamos continuar  fazendo visitas não só a deputados, como a senadores, ministros e  entidades representativas da sociedade civil, defendendo a realização da  conferência e esclarecendo sobre os problemas dessa medida nefasta que é  a precarização do atendimento via correspondentes", afirma Carlos  Cordeiro, presidente da Contraf-CUT. "Os bancos trabalham com o dinheiro  da sociedade. Eles têm o dever de trabalhar para todos, não apenas para  um grupo de acionistas. Conseguimos colocar esse ponto de vista que não  aparece normalmente no debate."
 
 Para Miguel Pereira, secretário de Organização do Ramo Financeiro da  Contraf-CUT, a questão dos correspondentes bancários ilustra as visões  equivocadas defendidas muitas vezes por falta de informação. "Numa  situação de filas enormes e regiões sem acesso a serviços bancários, a  ideia dos correspondentes se torna popular. Mas quando esclarecemos que  as filas são uma estratégia dos bancos, que colocam poucos atendentes  para expulsar das agências os clientes de baixa renda, discriminando as  pessoas como cidadãos de segunda classe, os parlamentares reavaliaram  sua posição e concordaram com a importância de se debater o tema",  afirma. "A população aprova o correspondente porque não conhece seus  direitos e não tem a dimensão da exclusão que está sendo feita pelos  bancos."
 
 Miguel destaca que, apesar de terem sido criados com o discurso de  incluir a população de regiões afastadas dos grandes centros, levando  serviços bancários, os correspondentes nunca se prestaram a essa função.  Ele lembra que, desde a resolução nº 2640, de 1999, a primeira sobre o  tema, até as mais recentes, passaram-se 12 anos. "Hoje, nas regiões  Norte e Nordeste temos mais de 50% da população sem acesso a serviços  bancários. Mesmo na região Sudeste, que já era a mais bancarizada,  aproximadamente 40% não tem conta corrente", explica. 
 
 "São dados de uma pesquisa do Ipea, divulgada em 2010. Eles mostram que  os bancos se apropriaram da ideia da bancarização simplesmente para  discriminar, tirar das agências os clientes de menor renda.  Tem banco  que encaminha para correspondente o pagamento de boletos de até R$ 4  mil. Isso é altamente excludente", afirma.
 
 Batalha jurídica no STF
 
 Os representantes dos bancários informaram ao deputado Roberto Freire a intenção de ingressar como amicus curiae na Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) movida  pelo PPS no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a resolução do  Conselho Monetário Nacional que trata de contratação de correspondentes  bancários. Outra questão importante tratada com o parlamentar do PPS foi  buscar o apoio do partido à PDL do Berzoini.
 
 O deputado foi receptivo e aceitou a solicitação da Contraf-CUT de  participar da ADPF. "Isso é importante porque, nessa função, poderemos  acompanhar a ação no STF em todas as suas fases processuais, inclusive  fornecendo informações que são do conhecimento dos bancários para  auxiliar o caso", afirma Cordeiro. O efeito pretendido pela medida é a  declaração da inconstitucionalidade das resoluções do CMN, uma vez que  carecem de legitimidade para alterar as relações de trabalho dos  bancários e comerciários.
 
 O partido argumenta que o instrumento viola três artigos da  Constituição, ao desrespeitar reserva legal do Congresso Nacional para  legislar sobre direito do trabalho e também a exclusividade da lei  complementar para tratar do sistema financeiro. Conforme texto da ADPF,  "não existe nenhuma norma no ordenamento jurídico pátrio - seja de  estatura constitucional ou mesmo infraconstitucional - que autorize o  Conselho Monetário Nacional ou o Banco Central do Brasil a dispor sobre a  matéria com a generalidade e a abstração verificada na espécie". Isso  demonstra, afirma o PPS, afronta ao princípio da legalidade.
 
 O partido argumenta, ainda, que a resolução precariza os serviços  bancários ao terceirizá-los, além de criar uma categoria de "bancários  informais" que realizam as mesmas tarefas, mas não contam com os mesmos  direitos daqueles que trabalham nos bancos. Na ADPF, o PPS pede que o  STF conceda liminar para a suspensão imediata da resolução.
Fonte: Contraf-CUT
