Contraf-CUT rejeita elitização e defende universalização dos serviços bancários
21/06/2011 - Por Bancários CGR
A Contraf-CUT rejeita o modelo de elitização do atendimento bancário,  que tem empurrado clientes de baixa renda para os correspondentes, e  defende a universalização dos serviços bancários para todos os cidadãos  brasileiros. Desta forma, a entidade que representa cerca de 90% dos  bancários de todo país repudia o processo de bancarização sem bancários e  sem segurança que vem sendo implantado pelos bancos.
 
 O potencial de inclusão financeira é enorme. Dados do Banco Central  revelam que, dos 5.587 municípios brasileiros, 1.973 (35,3%) não possuem  sequer uma agência ou posto de atendimento bancário, e que 49% da  população brasileira não possui nenhum tipo de atendimento em  instituições financeiras. 
 
 As condições econômicas e sociais no Brasil nunca estiveram tão  favoráveis para a expansão dos serviços. Os números comprovam a  potencialidade de tal cenário. De acordo com o Ministério da Ciência e  Tecnologia, em 2009, 103 milhões de pessoas estavam dentro do perfil de  População Economicamente Ativa (PEA). Ou seja, pessoas que trabalham ou  estão aptas ao trabalho, o que representa 53% da população brasileira.  Isso expressa um crescimento contínuo médio de 2,5% ao ano.
 
 O desafio colocado é o modo como se dará tal expansão. Os bancos e os  seus consultores de plantão agem no sentido de que a bancarização deve  ser feita de forma segmentada e elitizada. Nessa lógica de expansão, os  bancos estão delegando o atendimento da população de baixa renda aos  correspondentes, mercados, supermercados, lojas e lotéricas, enquanto a  elite é bem atendida, com todas as condições das quais precisa, nas  agências. Em dezembro de 2007, havia no país 95.849 correspondentes e em  dezembro de 2010 o número disparou para 165.228.
 
 "Defendemos o acesso aos serviços financeiros pelos bancários e  recusamos a lógica dos bancos que buscam a exclusão e a discriminação  via precarização dos serviços e do trabalho", afirma o presidente da  Contraf-CUT, Carlos Cordeiro. "O sistema financeiro precisa incluir  pessoas que estão à margem do sistema, para que tenham acesso ao  crédito, sobretudo porque os bancos são concessões públicas e têm o  papel social de levar crédito à sociedade e promover o desenvolvimento  social", aponta. 
 
 Em relação às regiões brasileiras, os dados do BC revelam que o  potencial de inclusão é muito significativo no Nordeste, onde apenas 36%  dos moradores possuem conta em banco. Até mesmo na região mais  desenvolvida, Sudeste, 48% das pessoas ainda não realizam operações  bancárias. 
 
 O potencial de inclusão está também evidente em todas as idades e  classes sociais. Nem mesmo a classe A, que apresenta maior renda  familiar está 100% bancarizada. Atualmente esses níveis estão em 78%  para as classes A e B, 51% nas classes C e 30% nas classes D e E.
 
 No setor terciário, no qual o mercado financeiro está inserido, o  crescimento projetado é o mais significativo, com enorme foco em  prestação de serviços. 
 
 Para o presidente da Contraf-CUT, esses indicadores reforçam a  necessidade de universalização dos serviços bancários. "Para tanto, é  fundamental a suspensão das duas resoluções do BC que ampliam a atuação  dos correspondentes, violando a Constituição Federal porque está  legislando em substituição ao Congresso Nacional", salienta. 
 
 Na última quarta-feira, Carlos Cordeiro e o secretário de Organização do  Ramo Financeiro da Contraf-CUT, Miguel Pereira, estiveram reunidos, em  Brasília, com o deputado Cláudio Puty (PT-SP), presidente da Comissão de  Finanças da Câmara Federal, e o deputado Rui Castro (PT-BA),  relator  do projeto de decreto legislativo do deputado Ricardo Berzoini (PT-SP)  que susta os efeitos das resoluções do BC sobre os correspondentes.
 
 "Embora o BC argumente que as resoluções visam à inclusão social, os  correspondentes não estão sendo criados prioritariamente em regiões  menos bancarizadas. Um quarto dos correspondentes (39.720), que existem  hoje no Brasil, está localizada no Estado de São Paulo, o mais  bancarizado do país, funcionando inclusive ao lado de agências,  mostrando que o que está em jogo mais uma forma de reduzir custos,  aumentar os lucros dos bancos e ameaçar o futuro da categoria bancária",  conclui o presidente da Contraf-CUT.
Fonte: Contraf-CUT
