Criar empregos como resposta à crise é chave do êxito do Brasil, diz OIT
21/03/2011 - Por Bancários CGR
O Brasil conseguiu sair da crise econômica de forma rápida e positiva  graças a uma resposta focada no emprego e na combinação justa de  políticas sociais, trabalhistas e macroeconômicas, segundo um estudo da  Organização Internacional do Trabalho (OIT) publicado nesta  segunda-feira, dia 21.
 
 "A estratégia inovadora do Brasil baseada na renda produziu uma  recuperação da crise financeira mais rápida do que o previsto e fez com  que a criação de emprego retornasse a valores positivos a partir de  fevereiro de 2009, ainda antes de se reiniciar o crescimento econômico",  diz o texto.
 
 O relatório assinala ainda que "as políticas sociais e trabalhistas  cuidadosamente desenhadas, implementadas ao lado de políticas  macroeconômicas complementares, fizeram com que a recessão durasse  apenas dois trimestres".
 
 O relatório, intitulado "Brasil: Uma estratégia inovadora alavancada  pela renda", mostra que o país criou mais de três milhões de empregos  formais ao longo dos últimos dois anos e alcançou um crescimento  econômico de mais de 7% em 2010, retornando assim aos níveis anteriores à  crise.
 
 "Ainda mais importante, o crescimento econômico e dos índices de emprego  não foi alcançado às custas da equidade. Ao contrário: a informalidade e  a desigualdade de renda diminuíram, apesar da crise", destaca o texto.
 
 De acordo com o estudo, publicado pelo Instituto Internacional de  Estudos do Trabalho e realizado conjuntamente com o escritório da OIT em  Brasília, o êxito do Brasil se deve, em parte, às condições econômicas  favoráveis que existiam no país antes da crise.
 
 "O Brasil não ficou imune aos efeitos da crise financeira e econômica,  mas teve um desempenho razoavelmente bom em comparação com muitos países  em termos de rendimento econômico", disse o diretor do instituto,  Raymond Torres.
 
 "A experiência do Brasil mostra que a inclusão social e o crescimento  econômico são objetivos compatíveis, sempre que aplicadas as políticas  corretas", acrescentou.
 
 O relatório lembra que já no início da crise - que acabou com cerca de  700 mil empregos formais apenas em novembro e dezembro de 2008 - o  Governo brasileiro implementou com rapidez um pacote de medidas para  combatê-la.
 
 "Mas o êxito do Brasil pode ser explicado também através da habilidade  do Governo de equilibrar políticas sociais e trabalhistas, por um lado, e  políticas macroeconômicas e de crescimento econômico, por outro",  destaca o estudo.
 
 O relatório explica que o país também conseguiu manter o controle sobre o  aumento do emprego informal, que durou pouco e continuou com sua  tendência de queda ao longo da crise.
 
 De fato, em seis das principais áreas metropolitanas, o número de  trabalhadores sem carteira assinada diminuiu em 6,5% entre agosto de  2008 e agosto de 2010.
 
 "O pacote de medidas de estímulo do Brasil, de 1,2% do PIB, era um dos  mais baixos entre os países do G20 (Grupo dos Vinte, formado pelos  países mais ricos e os principais emergentes)", disse Laís Abramo,  diretora do Escritório da OIT em Brasília.
 
 "Foi eficaz por duas razões: o Governo compreendeu que proteger e criar  empregos era tão importante quanto o crescimento econômico, e porque as  principais medidas foram tomadas a partir do diálogo social. Ambas as  lições são vitais tanto em tempos de crise como na recuperação  econômica", acrescentou a diretora.
 
 No entanto, o relatório adverte que, no futuro, o Brasil "deveria  dedicar mais atenção e mais recursos à intermediação no mercado de  trabalho e à formação no emprego, duas áreas que não receberam recursos  adicionais durante a crise".
 
 O documento acrescenta que, apesar do progresso alcançado ao longo das  duas últimas décadas, a pobreza e a desigualdade no Brasil permanecem  altas com relação aos padrões internacionais.
Fonte: Contraf/CUT com EFE

