CUT avalia gestão do FGTS e defende melhoria na remuneração das contas
04/04/2011 - Por Bancários CGR
A CUT divulgou nesta sexta-feira, dia 1°, um texto que demonstra  melhorias na gestão do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS),  obtidas em grande parte pela participação dos trabalhadores nas  decisões. A má notícia é que a construção civil mantém alta  informalidade
 
 Esse texto, preparado por dois dirigentes que representam a CUT no  Conselho Curador do FGTS e por um economista do Dieese, demonstra as  melhorias observadas na gestão dos recursos do Fundo de Investimento do  FGTS - melhorias em grande parte conquistadas pela participação de  representantes dos trabalhadores na análise de pedidos de financiamento  encaminhados por grupos empresariais.
 
 Faz parte dessa análise a exigência de que os tomadores dos empréstimos  respeitem os direitos trabalhistas e contrapartidas sociais associadas  ao meio ambiente e à comunidade do entorno, entre outras. 
 
 Na Usina Santo Antonio, por exemplo, que em parte está sendo financiada  pelo Fundo de Investimento do FGTS, uma das exigências para a liberação  do empréstimo é que ao menos 70% dos trabalhadores da obra fossem  residentes da região - medida que evitou um dos graves problemas da  outra usina em construção em Rondônia, a de Jirau.
 
 Por outro lado, os dados mais recentes comprovam, segundo denuncia o  texto a seguir, a grande quantidade de empregos sem carteira assinada no  setor da construção civil por todo o País, problema sério que precisa  continuar sendo enfrentado.
 
 Outro ponto importante trazido pelo texto é a necessidade de melhorar a  remuneração das contas individuais que os trabalhadores têm no FGTS.
 
 Acompanhe o texto:
 
 O FGTS e os trabalhadores e trabalhadoras
 
 "O FGTS tem tido um papel decisivo no crescimento econômico vivido pelo  Brasil nos últimos anos. Para além do seu tradicional papel de poupança  de reserva para aqueles trabalhadores que enfrentam o desemprego  involuntário, o FGTS tem também se consolidado como um dos principais  fundos de investimento em habitação e infra-estrutura do país.
 
 No ano de 2010, o fundo fechou mais uma vez com em excelente resultado.  Os ativos cresceram 10% em relação a 2009, chegando à marca dos R$ 260  bilhões. No mesmo período, as operações de crédito com recurso do fundo  chegaram a R$ 120 bilhões, e o patrimônio líquido a R$ 35 bilhões, com  um crescimento expressivo de 17,6%. Este bom resultado foi puxado por um  resultado operacional de R$ 5,4 bilhões, mostrando que a receita do  fundo foi capaz de cobrir com folga a remuneração das contas, que chegou  a R$ 7,6 bilhões, os gastos com amortização dos planos econômicos de R$  3,6 bilhões e os descontos de R$ 4 bilhões, concedidos em 2010.
 
 O bom resultado do mercado de trabalho formal contribuiu com este  avanço, fazendo com que o resultado entre os depósitos e saques  terminassem 2010 no azul, com um saldo de cerca de R$ 11 bilhões. Ainda  assim, a análise mais detalhada deste resultado evidencia as  conseqüências negativas da alta rotatividade no mercado de trabalho e do  grande número de demissões involuntárias, que responderam por 62% dos  saques em 2010.
 
 O que chama também a atenção é o fato de apesar do crescimento do setor  da construção civil ter sido um dos mais expressivos do país, com um  crescimente do número de vagas de cerca de 12%, a arrecadação do FGTS  junto ao setor crescer apenas 1,9%, bem abaixo dos 12,9% de crescimento  observados na arrecadação total do FGTS. 
 
 Este resultado coloca em pauta duas questões chaves para os  trabalhadores. A primeira, diz respeito à fiscalização da mão de obra na  construção civil, marcada pela existências de irregularidades e  precariedade dos vínculos. A segunda, a necessidade do Conselho do FGTS e  do agente operador Caixa assumirem um compromisso maior com a questão  das contrapartidas trabalhistas (sociais) em empreendimentos com  recursos do fundo, para além da exigência atual de comprovação de  negativa de débito do FGTS e do INSS na hora da tomada do empréstimo. Um  exemplo de ação neste sentido tem sido dado pelo Conselho do FI-FGTS  que tem procurado negar financiamento para empresas que têm seu nome  associado ao trabalho escravo e a práticas anti-sindicais.
 
 Fora isso, é preciso também que se tenha um novo olhar para a correção  das contas do FGTS. O fundo tem crescido expressivamente acima da  inflação, mesmo com a concessão de descontos e subsídios à habitação  popular e à área de saneamento e mobilidade. Entretanto, as contas  individuais têm uma remuneração muito abaixo da inflação. Em 2010,  enquanto o IPCA cresceu cerca de 6% as contas foram corrigidas em cerca  de 4%. 
 
 Na visão da CUT, parte do expressivo resultado do FGTS com investimento  poderia ser redistribuído para os cotistas individuais sem prejuízo da  manutenção do papel social do fundo que, ao conceder subsídios para  habitação popular e saneamento, procura favorecer mesmo aqueles  trabalhadores forma do mercado formal e que, portanto, não tem sua conta  individual do FGTS."
 
 Jacy Afonso de Melo - Secretário Nacional de Organização e Representante da CUT no CCFGTS
 
 Claudio da Silva Gomes - Presidente do Sindicato da Construção Civil de Bauru e representante da CUT no CCFGTS
 
 Alexandre Ferraz - Economista do DIEESE
Fonte: CUT

