Em ato no BC, CUT critica política de altos juros

27/11/2013 - Por Bancários CGR

Militantes da CUT e das demais centrais sindicais de todo o Brasil realizaram nesta terça-feira (26) uma manifestação em frente à sede do Banco Central, em Brasília, contra a política de juros altos. A Contraf-CUT, as federações e sindicatos de bancários de todo o país participaram do ato, que fechou a pista lateral do Eixão rodoviário onde está localizado o BC.

O Comitê de Política Monetária (Copom) está reunido para definir a taxa básica de juros (Selic). A nova taxa será anunciada nesta quarta-feira (27). Segundo a Agência Brasil, a expectativa de analistas do mercado financeiro consultados pelo BC é de que haverá alta de 0,5 ponto percentual na Selic, totalizando 10% ao ano.

Na manifestação desta terça, a CUT e as demais centrais sindicais exigiram a redução da Selic, a queda de tarifas e de juros bancários e a regulamentação do sistema financeiro.

"A cada 0,5% de aumento da Selic significa que R$ 3 bilhões ao ano saem do Tesouro nacional e, em vez de serem aplicados em programas sociais, saem direto para o bolso dos banqueiros e dos rentistas, aumentando a relação dívida pública/PIB em 0,71%. Essa política de juros altos, portanto, não só joga contra o desenvolvimento econômico e social do país como aumenta a concentração da riqueza em um país que já é um dos 12 mais injustos do planeta", avalia Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.

O presidente da CUT, Vagner Freitas, disse que o ato é em defesa do desenvolvimento do Brasil, com distribuição de renda e melhores condições de vida para a classe trabalhadora.

"Juro alta prioriza a especulação financeira em detrimento do trabalho e da renda. Queremos um Brasil para todos", disse Vagner. O dirigente explicou que juro alto desestimula a produção, o investimento público e o trabalho e, consequentemente, desestimula o investimento público em saúde, educação, transporte, infraestrutura, segurança e saneamento básico. Isso porque, todos os recursos são usados para pagar a dívida.

Vagner também criticou o argumento de que para combater a inflação é preciso aumento a taxa de juros. Há alguns anos, a Selic é usada pelo BC como instrumento para influenciar a atividade econômica e, por consequência, a inflação. Quando a inflação está em alta, o Copom eleva a Selic para reduzir a pressão sobre os preços. Cabe ao BC perseguir a meta de inflação, que é 4,5%, com margem de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.

"Combater a inflação com alta de juros gera mais desemprego e mais recessão. O que mais afeta a taxa de juros é o câmbio. O governo tem de resolver o problema do câmbio e, não, aumentar os juros", concluiu o presidente da CUT.

Durante toda a parte da manhã, mais de 3 mil trabalhadores e trabalhadores se concentraram em frente à sede do Banco Central (BC), em Brasília, para cobrar mudanças na política econômica adotada pelo Governo de aumento da taxa básica de juros (Selic) para contenção da inflação.

A data escolhida para a manifestação não foi à toa. O Comitê de Política Monetária (Copom) inicia nesta terça sua última reunião do ano para definir a taxa Selic. Em outubro deste ano, o Copom elevou a taxa básica de juros de 9% para 9,5% ao ano. É o quinto aumento seguido desde abril.

"Com os juros altos os bancos lucram muito mais do que já lucram. O aumento da taxa Selic só interessa aos bancos e à especulação no mercado financeiro e não à classe trabalhadora, que é prejudicada com o aumento dos juros", declarou Vagner Freitas, presidente nacional da CUT.

"Nosso ato é para cobrar o Banco Central e o Governo Federal para que baixem os juros e invistam mais recursos em políticas públicas como Saúde, Educação, Segurança, Moradia e não no rentismo, como é a prática da política atual", criticou Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhares no Ramo Financeiro.

Nova taxa será anunciada nesta quinta-feira (27)

A expectativa de alguns analistas do mercado financeiro é de que haverá elevação de 0,5%, o que totalizaria 10% no ano. O BC se utiliza deste instrumento como forma de controle da inflação. Quando a taxa está alta, ela favorece a queda da inflação porque freia o consumo, já que os juros cobrados nos financiamentos, empréstimos e cartões de crédito ficam mais altos. Por outro lado, quando está baixa, favorece o consumo, visto que empréstimos ou financiamentos ficam mais baratos, pois os juros cobrados nestas operações ficam reduzidos.

Segundo o presidente da Central, o argumento utilizado pelo Banco Central e por alguns economistas de que a taxa ajuda a controlar a inflação não reflete a realidade. "Combater a inflação com alta de juros gera mais desemprego e mais recessão. O que mais afeta a taxa de juros é o câmbio. O governo tem de resolver o problema do câmbio, não aumentar os juros. Já com a redução da taxa, o trabalhador e trabalhadora poderá consumir mais, ter mais acesso ao crédito - e isso gera emprego, gera produção, promove o desenvolvimento e a qualidade de vida do brasileiro", reiterou.

Na avaliação de Sérgio Nobre, secretário-geral da CUT, esse ato foi um recado extraordinário da sociedade brasileira, que não quer transferência de renda para especulação, mas sim para produção e para a continuidade do crescimento econômico que, segundo ele, estamos vivendo há mais de 12 anos. "Nosso caminho é distribuir renda e aumentar o consumo, e não o contrário. E o papel do Copom é não permitir a subida dos juros e garantir mais recursos para a produção", sublinhou.

"Nossa defesa é por desenvolvimento com distribuição de renda e melhores condições de vida para a classe trabalhadora e a atual política monetária não atende estas demandas", argumentou Vagner.

Solidariedade

Após a manifestação, militantes da CUT e CTB saíram em passeata e foram ao prédio do Supremo Tribunal Federal (STF). "Nossa militância não vai se calar enquanto não houver justiça. Não vamos permitir que ações arbitrárias, de cunho evidentemente político, sejam o retrato da justiça em nosso país. Viemos aqui dizer não ao julgamento de exceção", enfatizou Vagner Freitas ao chegar no acampamento da juventude na imediações do STF.

Mesmo sob chuva, a militância permaneceu no local e com punhos cerrados fizeram um gesto simbólico de resistência no portão do STF, em alusão ao de Genoíno e José Dirceu quando foram presos.

Contraf-CUT, com CUT e Agência Brasil

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