Expansão do microcrédito atrai mais bancos públicos e privados
30/06/2011 - Por Bancários CGR
A busca dos bancos por microempreendedores no Sul e no Sudeste pode ajudar a transformar a geografia do microcrédito, hoje concentrada no Nordeste. Essa não deve ser, porém, a única mudança que o setor deve assistir nos próximos anos.
"A entrada de novos participantes vai dinamizar o mercado de microcrédito do Brasil", diz Lauro Gonzalez, coordenador do Centro de Estudos em Microfinanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Entre os novos participantes que devem ingressar no mercado de microcrédito brasileiro está o Mibanco, do Peru. Com experiência em microfinanças no país andino, a instituição já pediu licença ao Banco Central (BC) para atuar no Brasil.
Os novos participantes são atraídos pelo potencial de crescimento do microcrédito no país. As aplicações totais para o pequeno empreendedor cresceram cerca de 45% entre abril de 2010 e 2011, mais ainda exibem um saldo tímido, de R$ 1,1 bilhão, último dado do BC.
O desembolso mensal vem aumentando progressivamente. Para se ter uma ideia, em abril de 2008 foram contratados R$ 92,6 milhões. Em abril último, o valor desembolsado foi de R$ 255,4 milhões.
Outra mudança importante deverá vir da presença mais agressiva de bancos públicos, como a Caixa Econômica Federal e o Banco do Brasil, nos pequenos empréstimos, demanda direta da presidente Dilma Rousseff. Para Gonzalez, a vitória do Banco do Brasil (BB) no leilão do Banco Postal, dos Correios, é uma importante ferramenta para essa expansão.
"O BB deve incorporar no Banco Postal a sua operação de microcrédito. É uma questão lógica, já que as agências dos Correios estão perto dos possíveis tomadores", diz Gonzalez. O Banco do Brasil não quis comentar o assunto.
Além de incentivar a participação dos bancos estatais, o governo pode provocar outras mudanças no setor. Jerônimo Ramos, superintendente de microcrédito do Santander, diz que, há cerca de dois meses, um encontro no Banco Central reuniu reguladores com os representantes do setor de principais bancos do país.
Na pauta estavam melhorias que poderiam ser feitas na regulamentação do microcrédito. Ramos não entra em detalhes sobre a discussão, mas em linhas gerais diz que há a intenção de se criar modalidades diferentes para os pequenos financiamentos.
O próprio Santander já tem um produto que pode dar uma ideia do que se planeja. É uma linha de crédito para pequenos empreendedores aplicarem exclusivamente em capital fixo.
Fonte: Contraf-CUT com Valor Econômico