Farsa na Cassi: gestão atual aproveita período de eleições para reduzir coparticipação
10/03/2022 - Por Bancários CGR
“Sempre fomos contra os aumentos na coparticipação, porque não era a solução para ajudar a Cassi, pois penalizaria apenas os associados e não o banco, e não traria recursos suficientes para evitar o déficit da Cassi. E, de fato, a coparticipação não resolveu o déficit, tanto que a ANS [Agência Nacional de Saúde] interveio na Cassi”, relembra o coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil (CEBB), João Fukunaga.
Pelo novo modelo de custeio, aprovado em 2019, a Cassi recebeu o aporte de R$ 1,07 bilhão, só naquele ano, em valores pagos pelo BB, aumento de contribuições dos associados e implantação da cobrança por dependente com contrapartida do banco. Em 2020 e 2021, foram outros R$ 2,5 bilhões, também decorrentes do modelo de custeio aprovado. “Todo esse recurso não foi suficiente para a atual gestão acabar com o aumento abusivo na coparticipação nesses últimos dois anos, somente agora, diante da campanha eleitoral?”, questiona Fukunaga.
A direção da Cassi acumula diversos ofícios, recebidos desde 2020, das entidades sindicais, incluindo a CEBB e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), cobrando, além do retorno da coparticipação aos níveis de 2018, a devolução dos valores pagos de coparticipação retroativos.
A campanha eleitoral na Cassi começou, oficialmente, no dia 11 de fevereiro. O período de votação será entre os dias 18 e 28 de março, e metade do Conselho Deliberativo está na disputa para a reeleição, nas chapas do Grupo Mais.
“A decisão pelo aumento da coparticipação não está no estatuto e penaliza, única e exclusivamente, os associados, deixando o banco livre de qualquer responsabilidade de custeio da Cassi”, completa Fukunaga.
O modelo de gestão adotado pela Cassi nos últimos anos também é analisado com preocupação pelas entidades que representam os trabalhadores do BB. O último relatório divulgado pela Cassi, de novembro de 2021, aponta que o plano Associados apresentou resultado operacional negativo de R$ 124 milhões nos primeiros 11 meses de 2021.
“Esse desequilíbrio é resultado, principalmente, do abandono da Estratégia Saúde da Família (ESF) e a entrega de serviços importantes da Cassi, como o Teleatendimento, a empresas terceirizadas”, avalia o ex-gerente executivo da Cassi e funcionário da ativa do BB, Alberto Junior, lembrando que a ESF foi uma das recomendações feitas pela consultoria Accenture, contratada pela própria Cassi em 2017.
A seguir, veja quadro comparativo dos valores de coparticipação, em que os níveis cobrados até dezembro de 2018, que voltam a valer em 2022, são confrontados com os cobrados a partir de janeiro de 2019.
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Fonte: Contraf-CUT