Fusões e aquisições alteram mercado brasileiro de bancos
13/01/2009 - Por Bancários CGR
Negócios já levaram à extinção de milhares de postos de trabalho desde a década de 1990. Sindicato está em campanha pela manutenção dos empregos
São Paulo A compra da metade do Banco Votorantim pelo Banco do Brasil, formalizada na sexta-feira, dia 9, é mais um passo rumo à grande alteração que vem ocorrendo no sistema financeiro nacional no último ano. Hoje, praticamente todos os grandes bancos que atuam no país estão, de alguma forma, envolvidos em fusões, aquisições e incorporações.
A história recente de vendas começou no final de 2008, quando o Santander comprou o Real e se transformou no terceiro maior banco do Brasil, ultrapassando o Itaú e ficando atrás do Banco do Brasil e Bradesco. A compra deu início a outras fusões e aquisições que continuam alterando o ranking dos bancos.
O Itaú, que havia perdido a terceira posição, reagiu em novembro passado, ao anunciar a fusão com o Unibanco, que então era o sexto maior banco do país. Com o fechamento do negócio, a holding transformou-se no maior banco do Brasil e no maior grupo financeiro do Hemisfério Sul.
O Banco do Brasil, que se mantinha na liderança absoluta entre os bancos, busca alterar o quadro desde novembro passado, quando adquiriu a Nossa Caixa, então décima maior instituição financeira do país. Agora, ao adquirir metade das ações do Votorantim, que era o oitavo maior banco brasileiro, o BB encosta no Itaú/Unibanco, mas ainda não reassume a liderança do ranking.
Para garantir sua volta ao topo, o governo federal enviou ao Congresso Nacional uma medida provisória que autoriza os bancos federais a comprar ou se associar a outras instituições financeiras. Antes, não havia essa permissão. Atualmente, o BB negocia a compra de dois bancos estaduais: o BRB (Banco de Brasília) e o Banestes (Banco do Estado do Espírito Santo). Caso feche negócio com um dos dois, o BB ultrapassará o Itaú/Unibanco na liderança do ranking nacional dos bancos por ativos.
Para o presidente do Sindicato dos Bancários, Luiz Cláudio Marcolino, esta movimentação dos bancos é sempre preocupante para os trabalhadores. As fusões e aquisições costumam ser extremamente prejudiciais para os empregos. Este tipo de negócio já acabou com cerca de 250 mil postos de trabalho dos bancários de 1993 para cá. Essa nova onda levou o Sindicato a uma campanha permanente pela manutenção dos empregos. Estamos atuando para conquistar garantias formais para os trabalhadores em diversas frentes, que vão desde a negociação banco a banco até a pressão para que o Congresso Nacional aprove uma legislação específica que proteja os empregos, afirma.
Uma das principais armas para evitar as demissões no sistema financeiro nacional é a ratificação no Brasil da Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que proíbe dispensas imotivadas em empresas lucrativas. Ela está pronta para entrar na pauta da Câmara dos Deputados. Enviada pelo governo federal ao Congresso Nacional por meio da mensagem número 59/2008, a matéria encontra-se na secretaria-geral da Mesa da Câmara. Ela vai ser numerada, apreciada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania e encaminhada ao plenário em forma de Projeto de Decreto Legislativo.
O envio da Convenção 158 ao Congresso Nacional pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi resultado das sucessivas Marchas da Classe Trabalhadora, realizadas anualmente pela CUT e demais centrais sindicais.
Dez maiores bancos passam a ter 94% das agências do país
Nova configuração do sistema financeiro nacional*
(bilhões de R$)
1. Itaú/Unibanco Ativos: 578
2. Banco do Brasil** Ativos: 553
3. Bradesco Ativos: 365
4. Santander Ativos: 332
5. Caixa Federal Ativos: 2766. HSBC Ativos: 114
7. Safra Ativos: 68
*Levantamento com base no ranking de setembro de 2008 do Banco Central, o último disponível
** Somada a incorporação da Nossa Caixa e a metade do capital do banco Votorantim
Fonte: Seeb SP