Governo aprova compra da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil, mas exige criação de call center
04/08/2010 - Por Bancários CGR
O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) autorizou a venda do banco Nossa Caixa para o Banco do Brasil (BB) nesta quarta-feira (4). Entretanto, o órgão do governo impôs como restrição ao negócio a criação de um call center.
O objetivo do atendimento telefônico é explicar aos clientes a possibilidade de portabilidade de conta, crédito e cadastro para os clientes da Nossa Caixa por quatro anos. O serviço estará disponível em cidades em que o BB concentrar depósitos superiores a 40% do mercado em questão.
Durante o atendimento, os funcionários não poderão induzir o cliente da Nossa Caixa a sair ou ficar na instituição. O relator do caso, conselheiro César Mattos, explicou que em de ser informação objetiva. Além disso, o conselheiro determinou que a equipe de atendimento passará a ter uma segunda função.
- Além de prover informação, terá obrigação de facilitar a efetivação da pretensão do cliente por meio da superação dos trâmites burocráticos.
Por fim, o BB também deve enviar um comunicado a seus clientes informando a existência desse serviço.
Intervenção do Estado
Durante a apresentação de seu voto, Mattos enfatizou o papel dos bancos públicos na economia. Ele lembrou que o mercado bancário é imperfeito e que, em muitos casos, o Estado pode interferir para melhorar esse cenário.
- Essa visão justifica a intervenção do Estado via empresas estatais na economia.
Como exemplo, o conselheiro citou que bancos públicos podem gerar juros menores, principalmente em atividades em que existe uma política pública mais direta e explícita, como a agrícola e a habitacional.
Isso é possível, segundo Mattos, porque a função dessas instituições estaria menos ligada a lucro e mais ao bem-estar social.
- O Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal tiveram papel importante no fomento à concorrência. Como são dois bancos públicos que estão se juntando, acho importante termos esse pano de fundo.
Concorrência
O conselheiro salientou que, nas cidades em que há 100% de concentração de mercado no BB e na Nossa Caixa, o Cade avaliou se o monopólio local se tratava de uma estratégia agressiva das instituições, o que poderia ser lido como uma prática anticoncorrencial, ou se foi formado pelo escasso interesse por bancos privados.
- Não poderíamos descartar a primeira hipótese.
Segundo ele, não houve comprovação de práticas anticoncorrenciais nesses municípios, já que a concorrência mais relevante, neste caso, é de nível nacional - e não local.
Negócio
O anúncio da compra da Nossa Caixa pelo BB foi feito em 20 de novembro de 2008. A operação finalmente foi a julgamento depois de ter sido adiada por várias sessões.
Antes de seguir para o Cade, tanto a Seae (Secretaria de Acompanhamento Econômico) quanto a SDE (Secretaria de Direito Econômico) deram parecer favorável à operação, concluindo que ela não traz prejuízos à concorrência e recomendaram a sua aprovação sem restrições. O Banco Central (BC) também votou pela aprovação da operação.
Fonte: Portal R7