Geral Destaques

Governo libera mais 51 agrotóxicos. Já são 262 só este ano

23/07/2019 - Por Bancários CGR

Entre os produtos liberados pelo governo de Jair Bolsonaro estão alguns proibidos nos Estados Unidos; prejuízos aos brasileiros e ao meio ambiente poderão ser devastadores

Foto: Mídia Ninja
 

Com a liberação de mais 51 agrotóxicos, aumentou ainda mais a lista de pesticidas autorizados somente este ano pelo governo de Jair Bolsonaro (PSL). Agora já são 262 venenos na lista dos que podem ser fabricados, vendidos e utilizados no campo. A reportagem é da CUT.

Sete dos pesticidas autorizados na segunda-feira 22 podem ser adquiridos em lojas de produtos agrícolas. Outros seis contêm o princípio ativo Sulfoxaflor, proibido em países como os Estados Unidos, por exterminar abelhas. A Agência de Proteção Ambiental Americana (EPA) declarou que “o registro do produto no país não foi apoiado por evidências de que [o Sulfxaflor] era prejudicial às abelhas, e por isso foi retirado”.

Para justificar a rapidez na aprovação, o Ministério da Agricultura fala em ‘desburocratização’ do processo, o que é contestado pelo secretário de Meio Ambiente da CUT, Daniel Gaio, que denuncia o desmonte dos órgãos de controle e fiscalização.

“O Ibama e a Anvisa estão em processo de desmonte. A falta de fiscalização e controle vai envenenar a população e destruir os ecossistemas, tanto pela utilização aérea como por terra, que contamina lençóis freáticos e isso representa mais riscos ainda à vida”, diz o dirigente.

Ele também chama a atenção para a velocidade na liberação de pesticidas: “É recorde nunca visto em nenhum país”. Os efeitos, ele explica, são maiores do que se pode mensurar.

“Eles aprovam, vendem e começam a usar centenas de produtos e, assim, fica impossível conseguir estabelecer parâmetros mínimos de segurança. O grau de contaminação da pulverização aérea, por exemplo, é algo difícil de mensurar, quando se fala em termos de alcance. E o Brasil faz isso indiscriminadamente”, afirma Daniel Gaio.

Para o secretário da CUT, Bolsonaro cumpre o que prometeu durante sua campanha: “Acabar com a fiscalização ambiental no Brasil, destruindo políticas de controle. Desta forma, até mesmo os mais perigosos pesticidas são utilizados. Em regiões como a Amazônia, é possível comprar, nas fronteiras, de forma ilegal até mesmo agrotóxicos proibidos”.

Danos para o povo e lucro para os empresários

A secretária de Saúde do Trabalhador da CUT, Madalena Margarida Silva, avalia como criminosa a velocidade com que o governo Bolsonaro lança decretos e propostas que ferem os direitos e colocam, de alguma maneira, a vida de trabalhadores e trabalhadoras em risco.

Ela cita que apesar de serem feitos estudos sobre os efeitos do uso de agrotóxicos, a liberação continua e os danos à saúde dos trabalhadores serão constatados futuramente. “As consequências na saúde do trabalhador vão aparecer mais cedo ou mais tarde, a depender do produto utilizado. Pode aparecer daqui um ano ou 15 anos, mas vai aparecer”.

Toda sexta tem feira de produtos orgânicos no Martinelli

Madalena afirma também que essa ‘falta de preocupação’ do governo tem um motivo, o lucro. "Quem ganha é o agronegócio, sem importar se as vidas e o ecossistema estão sendo destruídos."

Para a dirigente, o interesse é tão somente acumular capital e vai além do setor. “A indústria farmacêutica, que produz o agrotóxico faz parte do mesmo setor que fabrica medicamentos para tratar doenças. Eles adoecem a população ganhando com a venda desses venenos e do outro lado, lucram tratando as doenças”.

“Assim fica um dano à saúde e o aumento dos lucros de quem produz, e não estamos falando somente da vida humanas, mas de todo o ecossistema”,  complementa.

Varejo

O secretário do Meio Ambiente da CUT, Daniel Gaio, alerta ainda para a questão da venda desses venenos em lojas de insumos agrícolas, como o caso do Sulfoxaflor, substância perigosa não só do ponto-de-vista da utilização agrícola.

“Esses produtos são vendidos fracionados e no manuseio, quando o trabalhador divide o produto para vender em partes, ele também corre sérios riscos de contaminação, assim como os produtores”.

Daniel argumenta que, apesar de o Ministério da Agricultura dizer que há regras para utilização e comercialização, muitas vezes a regulamentação não é aplicada na hora da venda.

Fonte: Andre Accarini, da CUT, com edição de Spbancarios

Outras Notícias