Trabalhador mineiro foi internado em clínica psiquiátrica após tentativas de suicídio em decorrência de cobranças no trabalho e receberá R$ 30 mil por dano moral
São Paulo - Um bancário do Itaú internado em clínica psiquiátrica após tentativas de suicídio, em decorrência das fortes pressões e cobranças no trabalho, ganhou processo de indenização de R$ 30 mil por dano moral. O banco, que conseguiu por duas vezes reduzir o valor da pena, ainda pode recorrer.
A decisão da Oitava Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) apontou prejuízos devastadores na vida do bancário após examinar as provas técnicas e depoimentos de testemunhas.
Pesadelo sem fim - Trabalhador do Banco Nacional desde 1985, o bancário passou pela transição da instituição financeira, vendida ao Unibanco. Ele trabalhava em uma agência de Monte Sião (MG) e destacou-se como um dos melhores gerentes em nível nacional, recebendo prêmio pela gestão de alto desempenho.
No entanto, para alcançar tal desempenho, realizava excessiva jornada de trabalho, alimentava-se fora do horário e sofria cobranças dos supervisores para manter as metas de vendas sempre altas.
O resultado das metas abusivas foi o diagnóstico de depressão e inaptidão para o trabalho com apenas 33 anos de idade e 15 anos de banco.
Afastado pelo INSS em 2006, o bancário tentou suicídio várias vezes e foi internado em clínica psiquiátrica. Com o quadro progressivamente se agravando e sem condições de responder por seus atos, a companheira e curadora entrou com pedido de interdição judicial. A perícia concluiu pela incapacidade total com tendência irreversível, classificando a doença como depressão com nível psicótico acentuado e ideação suicida.
Assédio constante Em São Paulo, a prática da pressão pelo cumprimento de metas abusivas é constante no Itaú. Em janeiro, o Sindicato realizou protesto contra e-mail enviado aos trabalhadores por um gestor. Inspirado no filme Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro, a correspondência eletrônica comunicava a campanha Tropa de Elite 2 Operação PJ O Desafio Agora é Outro. A denúncia chegou ao Sindicato e a ideia que o banco considera motivacional foi considerada desrespeitosa pelos bancários e pelo movimento sindical.
Segundo o INSS, em 2012, foram 21.144 afastamentos de bancários em todo o país, 25,7% deles por estresse, depressão, síndrome de pânico e transtornos mentais relacionados diretamente ao trabalho. Outros 27% se afastaram em razão de lesões por esforços repetitivos (LER/Dort) ligados ao ritmo estressante na rotina dos bancos. Somente nos primeiros três meses de 2013, 4.387 bancários se afastaram por adoecimento, sendo 25,8% por transtornos mentais e 25,4% por LER/Dort.
Fonte: Seeb-SP, com informações do TST