Juro alto trava desenvolvimento, afirma professor
12/07/2012 - Por Bancários CGR
Para Carlos Eduardo Freitas política macroeconômica favorece capital internacional e banqueiros; para mudar essa realidade é preciso luta social
São Paulo Não é possível haver desenvolvimento econômico com taxas de juros altos e câmbio desfavorável, afirmou Carlos Eduardo Freitas, professor da PUC-SP. A intervenção foi feita durante o debate no painel Macroeconomia e Finanças para o Desenvolvimento, na manhã da quarta-feira 11, terceiro dia de atividades do 11º Congresso Nacional da CUT.
De acordo com o professor, essa orientação na condução da macroeconomia favorece sobretudo o capital internacional e os banqueiros. Toda sociedade sabe que o banqueiro é o grande concentrador de renda. A atividade financeira não pode ser um fim em si mesmo, senão apenas funcionará para enriquecer o sistema financeiro, destacou.
Para ele, hoje chegamos a um momento em que as relações econômicas e financeiras até então estabelecidas começaram a mudar de cenário, a exemplo das atuais medidas de redução da taxa de juros. Voltamos ao problema que precisará ser definido pelo conflito social, alertou. Ou seja, para o professor, o caminho é complicado, pois haverá resistência daqueles que detêm hoje o poder do sistema. Se os trabalhadores não forem à luta, os ricos vão deitar e rolar, define.
Segundo Freitas, em muitos países o conflito social empurrou o processo de desenvolvimento econômico para frente, a exemplo do progresso tecnológico do passado. A ânsia de exploração do trabalho pelos capitalistas levou ao investimento técnico, o que de início produziu o desemprego, mas depois proporcionou a luta pela criação de novos postos de trabalho e pelas. Essa luta também levou à criação das leis trabalhistas, de um Estado forte e garantias antes inexistentes, explicou.
Segundo ele, a coalizão de interesses entre os diversos atores sociais trabalhadores, governo, empresários é o que possibilita em muitos momentos o avanço econômico. Mas alertou que se o governo atual não exigir e pressionar essa coalizão não acontecerá de forma justa e equilibrada. Exemplo é a redução de IPI. É importante essas medidas do governo para ajudar a economia, principalmente em um período de crise. Só que o governo precisa exigir contrapartidas do empresariado, como a redução do juros, que é transferida para o consumidor, exemplificou.
Sistema financeiro O desenvolvimento financeiro precisa anteceder o econômico, defende o professor, ao explicar a necessidade de as unidades produtivas incorporarem a tecnologia e que para isso é preciso crédito. Esse investimento é o que possibilitará no futuro o desenvolvimento econômico.
Entretanto, Freitas alerta que o conceito não é exatamente o mesmo pregado pelo atual sistema financeiro internacional, que defende que não existe desenvolvimento sem endividamento, mas apenas do ponto de vista do consumo. É a velha ideia de que quem não deve não tem. Segundo ele, esse conceito pode ocasionar a quebra, como a atual crise financeira provocada pelo excesso de crédito no mercado.
Regulamentação Durante sua intervenção no painel, a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, lembrou que toda essa crise internacional teve início no descontrole do sistema financeiro. E não conseguimos avançar em nada no sentido da regulamentação, disse. No Brasil, os altos spreads só se justificam para manter o elevado lucro dos bancos. E quem está pagando a conta é a sociedade.
A dirigente defende a regulamentação do artigo 192 da Constituição Federal. Temos de instituir o controle social do Sistema Financeiro Nacional para que cumpra seu papel que é financiar o desenvolvimento do país.
Fonte: Seeb-SP - 11/7/2012
(Atualizado às 18h19)