Metas: o caminho que leva ao adoecimento

08/08/2013 - Por Bancários CGR

altNo ano passado, 21.144 trabalhadores afastaram-se de suas atividades nos bancos, adoecidos. Desses, 25,7% com doenças como estresse, depressão, síndrome do pânico, transtornos mentais relacionados diretamente ao trabalho. Outros 27% por doenças do sistema osteomuscular (como as LER/Dort). Todas essas doenças são epidemia na categoria bancária.

Os números do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) apontam que 2013 será igual ou pior. Até março já haviam 4.387 bancários afastados, 25,8% por transtornos mentais, 25,4% por LER/Dort.

“O sistema financeiro, que pressupõe venda de produtos com metas cada vez mais elevadas, causa quadros de desgaste físico e psíquico aos trabalhadores, com muito sofrimento para suas famílias, e grande ônus para o sistema de seguridade social e a sociedade como um todo.” A afirmação é da médica e pesquisadora da Fundacentro Maria Maeno e está diretamente relacionada ao pesadelo diário de bancários de instituições financeiras públicas e privadas.

Por isso mesmo, esse é assunto da primeira rodada de negociação da Campanha Nacional Unificada 2013: saúde e condições de trabalho, que começou nesta quinta-feira 8, por volta das 10h, e prosseguirá na sexta-feira 9. Segurança também estará na pauta da mesa com representantes do Comando Nacional dos Bancários e da federação dos bancos (Fenaban).

> Saúde e condições de trabalho abrem negociações

Inferno do dia – As metas mensais, que existem há tempos, ganharam novas modalidades de cobrança e ainda mais agressivas. A presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, afirma que esse será um dos destaques no debate com os bancos. “Queremos o fim das metas e da cobrança diárias que levam milhares de trabalhadores saudáveis, jovens e com carreiras promissoras a serem condenados por doenças psíquicas e físicas em decorrência da absurda pressão que sofrem.”

Os relatos dos bancários confirmam. “As metas são mensais, mas a pressão é diária para você entregar o quanto antes. Quando chega perto do fim do mês a cobrança vira tortura”, expõe uma trabalhadora no setor desde 1991 e atualmente com cargo de gerente, em licença-médica por conta de problemas físicos e psicológicos.

Com apenas 24 anos, outro bancário já passa pelo drama do afastamento após crises de estresse. “Sou caixa, atendo clientes, tenho a meta de tempo para atender quem está na fila, preciso cuidar de caixas eletrônicos, e vender uma meta muito alta e agressiva de produtos na boca do caixa. O chefe do serviço te pressiona o tempo todo: ‘se não bater a meta coloco outra pessoa no seu lugar e te demito’. Agora estou afastado e tomando medicação controlada para o estresse.” Ele é bancário há cinco anos, mas começou a trabalhar aos 15 anos e afirma: “Nunca passei o que vivo no banco, essas humilhações, em empresa nenhuma”.


Fonte: Gisele Coutinho e Claudia Motta

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