Movimento sindical precisa acumular força e pressionar governo, diz Berzoini
11/07/2011 - Por Bancários CGR
O movimento sindical precisa acumular forças para enfrentar as  contradições da sociedade e pressionar o governo federal em defesa da  agenda que interessa aos trabalhadores. Nesse sentido, a Campanha  Nacional dos bancários é um dos eventos mais importantes que acontecem  neste segundo semestre de 2011. A opinião é do deputado federal Ricardo  Berzoini (PT-SP), funcionário do Banco do Brasil e primeiro presidente  da Confederação Nacional dos Bancários (CNB-CUT), que falou na abertura  conjunta do 22º Congresso Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil e  do 27º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa, realizada neste  sábado, 9, em São Paulo. Berzoini também ressaltou em sua análise de  conjuntura o debate fundamental sobre o Sistema Financeiro, que tem  potencial para modificar a sociedade brasileira.
 
 Segundo Berzoini, nos governos anteriores ao de Lula, discutia-se  questões referentes a estagnação e desregulamentação, e com o governo  Lula houve uma mudança de perfil. "Até 2002, com pequenas nuances,  tivemos essencialmente um modelo econômico e política de concentração de  renda. A cada ano aumentava a desregulamentação, a informalidade, a  renda estagnada ou decadente", disse.
 
 `Há muito espaço para crescimento`
 
 O parlamentar recordou que, quando FHC tomou posse, em 1994, 53% da  população economicamente ativa (PEA) trabalhava em empregos formais.  Quando Lula chegou à presidência, em 2003, o número havia caído para 41%  da PEA. "Durante o governo, emprego formal retomou o patamar anterior,  com 52,7%. É inegável que houve mudanças, ainda que não esteja como  desejamos. Há muito espaço para crescimento, modificar a questão do  crédito e melhorar a distribuição de renda. Mas, para isso, é necessário  compreender como é as mudanças aconteceram", diz. 
 
 Para ele, houve uma mudança antagônica em relação ao mercado de trabalho  e, com esse cenário mais favorável, os trabalhadores passaram a  discutir outros assuntos. "Na categoria bancária, por exemplo, acabou a  profecia de que o trabalho bancário iria acabar, voltou a crescer  emprego no setor", exemplifica.
 
 O deputado ressaltou a contradição existente no cenário político  brasileiro, e que deve ser enfrentada pelos trabalhadores. "Temos um  governo de hegemonia de esquerda, mas congresso de maioria de direita.  Mas não é preciso deixar de ser crítico para defender o projeto do  governo. Não é um processo binário que garante avanços para a classe  trabalhadora", afirmou. "Mesmo sendo um deputado da base governista,  defensor do governo Dilma, faço o enfrentamento nas questões  importantes, como é o caso dos correspondentes bancários. É fundamental  que o movimento sindical acumule força para enfrentar as contradições da  sociedade e pressionar o governo para o nosso lado", defende.
 
 PL sobre correspondente bancário
 
 Berzoini é autor do Projeto de Decreto Legislativo (PDL) nº 214/2011,  que suspende recente resolução do Banco Central (BC) sobre a figura do  correspondente bancário. "Hoje qualquer banco pode ter correspondente  bancário. É preciso que o movimento sindical se manifeste junto ao  governo. O BC não pode funcionar como agência de proteção aos interesses  dos banqueiros", ataca.
 
 Reforma política
 
 Berzoini defendeu a reforma política como fator importante na  consolidação da democracia no país. "Hoje, a composição do Congresso é  consequência do acesso de cada deputado a financiadores de campanha. O  financiamento público aumenta essa possibilidade", analisa. "A reforma  política é essencial para os trabalhadores, mas quem vai votar a reforma  é o Congresso. Todos nós parlamentares fomos eleitos nesse sistema e  muitos estão acostumados a ele. Por isso, é preciso que os trabalhadores  e a sociedade pressionem."
 
 Para o deputado, o Brasil precisa de um programa que qualifique o  projeto de desenvolvimento. "Temos que ser uma das quinze economias que  melhor distribuem renda. É preciso politizar os debates e construir  estratégias para acumular forças", afirma.
 
 Regulamentação do sistema financeiro
 
 A regulamentação do sistema financeiro foi considerada como fundamental  pelo parlamentar. "O sistema financeiro é fonte de todas as crises que  tivemos nos últimos anos, cujas contas invariavelmente foram para os  trabalhadores. O Brasil tem que tomar cuidado. Se não avançar na  regulamentação, mesmo com o endividamento baixo em relação a países da  Europa, em alguns anos podemos enfrentar situação em que o governo terá  que fazer opções. E com a coalizão heterogênea que o constitui, sempre  há risco dele fazer a opção errada. Esse risco só é superado se o  governo tiver base social. Sem pressão pela base dos trabalhadores, o  governo vai fazer a opção errada e sofreremos as consequências", alerta.
 
 Berzoini considerou muito importante a realização de uma conferência  nacional sobre o sistema financeiro, proposta pela Contraf-CUT, e aceita  por toda a central. "Precisamos envolver toda a sociedade nesse debate,  que é fundamental para o futuro do país."
 
 Nicolau Soares e Júnior Barreto
 Rede de Comunicação dos Bancários
