Mulheres serão as mais prejudicadas com a reforma da Previdência
23/03/2018 - Por Bancários CGR
Segundo Pnad, quase 35% das jovens entre 16 e 29 anos abandonaram seu emprego para cuidar da família. Com isso, não terão tempo de contribuição necessário para ter acesso ao benefício
São Paulo – Mesmo com a mudança que diminui a idade mínima para aposentadoria das mulheres de 65 para 62 anos, a reforma da Previdência de Temer continuará penalizando em cheio o sexo feminino.
Dados do Pnad, em 2016, apontou que 34,6% das mulheres jovens entre 16 a 29 anos afirmaram que o principal motivo de não estarem estudando ou trabalhando era porque precisavam “cuidar dos afazeres domésticos, dos filhos ou de outros parentes”. Este percentual entre os jovens homens foi de apenas 1,4%. O IBGE, também de 2016, mostra que as mulheres que trabalham dedicam 73% mais horas do que os homens aos cuidados e/ou afazeres domésticos.
“Nós já temos salários menores, jornada tripla de trabalho, não há igualdade de oportunidade, há ausência de companheiros na divisão das tarefas domésticas e na educação dos filhos. Como vamos conseguir o direito de nos aposentar se encontramos várias barreiras para continuar no mercado de trabalho?”, indaga a bancária Erica Godoy, integrante do Coletivo de Gênero do Sindicato.
A preocupação da dirigente não é em vão. De acordo com o Anuário Estatístico da Previdência Social, em 2015, as mulheres correspondiam a 62,6% do total das aposentadorias por idade, dentre as aposentadorias por tempo de contribuição elas correspondiam somente a 30,3%. Com a proposta de Temer, esses números tendem a cair. Além disso, os valores das aposentadorias das mulheres são bastante baixos se comparados aos dos homens. Em dezembro de 2015, os benefícios das mulheres giravam em torno de R$ 954,78, o que corresponde a 76% dos benefícios masculinos.
“A verdade é que essa reforma nos fará trabalhar por mais tempo e não saberemos se vamos conseguir o benefício a que temos direito. O governo está usando um discurso distorcido de que está buscando a igualdade de gênero, quando na verdade, ele está é aumentando essa desigualdade. Ele deixa de lado a nossa dupla jornada e se esquece de que quando há crise no mercado de trabalho, as mulheres são as primeiras a serem demitidas”, finaliza a dirigente, acrescentando que as mulheres precisam continuar mobilizadas e dizendo não à reforma da Previdência.
Ainda segundo o IBGE, em 2016, as mulheres dedicavam 18,1 horas semanais a cuidados de pessoas ou tarefas domésticas. Os homens, 10,5 horas. Essa diferença, em média de 73%, crescia para 80% no Nordeste (19 horas semanais). A jornada aumenta no caso de pretas ou pardas (18,6 horas).
Fonte: Redação Spbancarios, com informações da CUT/SP