Negociação com BB sinaliza necessidade de forte mobilização dos bancários
14/08/2012 - Por Bancários CGR
Logo nos primeiros minutos da primeira negociação específica da Campanha Nacional 2012 nesta segunda-feira (13) com o Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT e assessorado pela Comissão de Empresa dos Funcionários do BB (CEBB), em Brasília, o diretor de relações com funcionários e entidades patrocinadas do Banco do Brasil, Carlos Eduardo Leal Neri, apressou-se em lembrar que a instituição, por ser globalizada, está inserida na crise financeira internacional.
A afirmação foi prontamente rebatida pelo coordenador da CEBB e secretário de Formação da Contraf-CUT, William Mendes. "Desde 2009, os bancos brasileiros estão apresentando lucros recordes. Além disso, a inadimplência está caindo e o índice é muito pequeno no BB. Há um truque mágico aí. O que está ocorrendo é que as instituições estão aumentando seus provisionamentos muito acima da realidade, pois a inadimplência é estável e os bancos aumentaram de 30% a 50% suas provisões, diminuindo o resultado", afirmou o dirigente sindical, ao elencar uma a uma as reivindicações do funcionalismo.
Jornada de 6 horas para todos
A primeira reivindicação apresentada para o tema emprego e condições de trabalho foi o cumprimento da jornada legal de 6 horas sem redução de salário, considerada prioridade para os bancários do BB. Ela foi negada novamente pelos representantes do banco. O BB reafirmou que não vai negociar a implantação da jornada de 6 horas para todos os comissionados sem redução de salários.
A instituição já havia dito em julho que a jornada de 6 horas é tema de Plano de Comissões e que isto é estratégico e não discute em mesa de negociação. Naquela negociação, o BB havia ressaltado que não debate questões ligadas ao plano de metas, arquitetura organizacional e de remuneração da empresa.
"Mais uma vez, o BB mostra uma postura intransigente diante de um assunto considerado essencial para seus trabalhadores. O eixo das reivindicações passa por melhoria no Plano de Carreira, cujo pilar é a jornada de 6 horas para os comissionados, bem como seleção interna para crescimento na carreira e fim dos descomissionamentos. Se o banco fica dizendo que não negocia o essencial na mesa de negociação, ele quer dizer o quê? Que os bancários busquem outras formas de resolver os seus problemas sem ser por negociação coletiva?", indaga William.
Respeito e seriedade nas negociações
Em nome de todos os funcionários do BB, William fez um apelo para que os negociadores do banco analisem com respeito e seriedade a pauta específica de reivindicações entregue à instituição em 1º de agosto. "Com 50 itens, a minuta é o resultado de um amplo e democrático processo e inclusivo de consulta aos bancários e bancarias de todo o país. O texto final foi deliberado no 23º Congresso Nacional dos Funcionários do BB", acrescentou o dirigente.
Os temas debatidos nesta rodada versaram sobre combate ao assédio moral, fim da terceirização e aumento nas dotações das dependências, igualdade de direitos para os funcionários oriundos de bancos incorporados (Cassi e Previ para todos), melhorias nas ausências autorizadas, melhoria no plano odontológico, fim da perda de função e irredutibilidade de salário na volta das licenças-médicas, segurança bancária, volta do pagamento das substituições e ampliação dos direitos dos delegados sindicais.
A negociadora do BB, Áurea Faria Martins, ficou de analisar as reivindicações do funcionalismo e trazer as respostas nas próximas rodadas de negociações.
Atenção para as mensagens do banco
Como se não bastasse o fato de não ter apresentando nenhuma resposta concreta às reivindicações do funcionalismo, o BB ainda sinalizou que pretende reduzir o número de dirigentes sindicais. "Além de termos uma questão a resolver sobre liberações dos bancários eleitos para mandatos sindicais, porque havia uma regra em 2009 e o banco alterou por conta própria, o banco diz que quer diminuir a organização dos trabalhadores. O banco sabe que deveria liberar mais dirigentes e vem propor redução! Isso me parece provocação", rebate William.
Outra questão que trouxe preocupação para as entidades sindicais é o banco ter questionado a reivindicação de fim da discriminação e isonomia para os bancários oriundos de bancos incorporados em relação à Cassi e à Previ, dizendo que vai apresentar para os bancários dados perguntando se a isonomia é boa para todos mesmo. "É impressão minha ou o banco está dizendo que vai chamar os bancários que já eram do BB a discriminarem os colegas oriundos dos bancos incorporados? Muito estranha esta argumentação por parte do banco", alerta o dirigente.
Rodada segue nesta terça
A rodada de negociação prossegue nesta terça-feira (14) no edifício Sede I, em Brasília. "Esperamos que o BB apresente algo de concreto e avance nas questões debatidas, pois está com a pauta há duas semanas" frisou William Mendes.
A CEBB está trabalhando com a metodologia de apresentar todas as reivindicações deliberadas pelo funcionalismo. A estratégia é importante porque as propostas são justas e a expectativa é que a empresa apresente propostas em todos os temas.
Na avaliação do Comando Nacional, a crise financeira internacional não atingiu o sistema financeiro brasileiro que continua sendo considerado um dos mais lucrativos e sólidos do mundo. "Onde está a crise enfrentada pelos bancos brasileiros?", foi o contraponto dos dirigentes.
Diante desse frágil argumento utilizado logo na primeira negociação específica com o BB, a Contraf-CUT orienta que os trabalhadores intensifiquem a mobilização e fiquem atentos com as notícias divulgadas por outros meios que não sejam os dos trabalhadores, inclusive em relação ao banco. "O funcionalismo deve acessar os sites da Contraf-CUT e dos sindicatos e federações para se informar, pois o BB mais uma vez nos disse que vai utilizar muita comunicação direta através de suas ferramentas internas", aponta William.
Veja as principais reivindicações específicas do funcionários do BB
> Melhorias no Plano de Carreira e Remuneração.
> Negociação do Plano de Comissões.
> PLR sem vinculação com o programa de metas Sinergia.
> Jornada de 6 horas para todos, sem redução do salário.
> Fim das PSO e volta dos caixas e gerentes de serviços para as agências.
> Cassi e Previ para todos, sem redução de direitos.
> Remoção automática para o preenchimento de todas as vagas de escriturário.
> Acabar com o truque da direção do BB de enganar os clientes e a sociedade com o "Bom pra Todos".
> Delegados sindicais para todas as dependências do banco.
> Fim do voto de Minerva na Previ.
> Assinatura do Protocolo de Prevenção de Conflitos e revisão dos Comitês de Ética.
> Fim dos descomissionamentos e seleção interna para promoção em todos os cargos.
Fonte: Contraf-CUT com Seeb Brasília