Novas paralisações em São Paulo contra horário diferenciado no Itaú
26/03/2013 - Por Bancários CGR
Crédito: Seeb São Paulo
"As pessoas estão adoecendo e se afastando do trabalho. Outros funcionários tiveram de trancar a matrícula na faculdade porque não conseguiram mais frequentar o curso. Há colegas que pediram demissão por não terem com quem deixar os filhos devido a essa jornada que ultrapassa dez horas praticamente todos os dias".
O desabafo é de um bancário de uma das agências do Itaú instaladas em shoppings centers de São Paulo que tiveram seu horário de atendimento alterado de forma unilateral para das 12h às 20h. A jornada de seis horas é conquista da categoria de 1933, após luta que se desenrolara desde o ano anterior.
A fim de protestar, o Sindicato dos Bancários de São Paulo promoveu nesta segunda-feira (26) a operação Fecha Banco em oito unidades nos shoppings Aricanduva, Tatuapé, Itaquera, Anália Franco e Central Plaza, todos na zona leste de São Paulo. No ato, os dirigentes sindicais interromperam o atendimento ao público às 16h para que os funcionários pudessem terminar suas tarefas dentro da jornada (na foto, o relógio marca já 18h20 e a agência permanece aberta).
"Reivindicamos que o Itaú marque negociação para discutir o assunto. Elencamos pelo menos 15 agências nas quais ocorrem constantes extrapolações da jornada em função de se impor novo horário de atendimento sem as condições adequadas. Não tivemos resposta do Itaú e vamos intensificar os protestos", destaca a dirigente sindical Valeska Pincovai.
Rotina comprometida
Outro funcionário relata que o novo horário compromete tanto a rotina de trabalho quanto a vida particular. "Com o atendimento das 10h às 16h tínhamos tempo para abrir ou fechar os caixas e outras rotinas. Agora essa possibilidade não existe mais. Temos de chegar às 10h30 ou 11h para iniciar as tarefas e ficamos bem depois das 20h para atender quem está na agência e ainda processar envelopes. Tem caixa saindo depois das 22h."
Sobre sua vida pessoal, ele reclama: "Tenho mulher e filhos pequenos e não os vejo durante a semana, pois saio cedo para o trabalho e quando chego, à noite, já estão dormindo".
A crítica, segundo o trabalhador, é compartilhada pelos demais empregados da agência. "O Itaú tinha de, pelo menos, criar dois turnos de trabalho. Assim, teríamos nossa jornada respeitada, poderíamos organizar melhor nossas vidas e diminuir o volume de trabalho. O pior é que se a gente reclama, recebemos a resposta do tipo: não está satisfeito? Peça a conta", destaca.
Segundo a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, a extensão do horário de atendimento para de 9h às 17h com a criação de dois turnos de trabalho é reivindicação antiga dos trabalhadores. "A medida criaria novos postos de trabalho e melhoraria o atendimento ao público. Só que essa ampliação tem de ocorrer respeitando a jornada de seis horas da categoria e não da forma como o Itaú vem fazendo", critica.
Atualmente, em torno de 450 agências funcionam com horário diferenciado no Brasil; 64 delas se encontram na base de São Paulo, Osasco e região; 25 em shoppings.
Fonte: Contraf-CUT com Seeb São Paulo