Novo aumento da Selic para 10,50% prejudica trabalhadores e sociedade
16/01/2014 - Por Bancários CGR
A Contraf-CUT criticou a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), que efetuou nesta quarta-feira (15) um novo aumento, de 0,50 ponto percentual, elevando a taxa básica de juros, a Selic, para 10,5% ao ano.
"Este sétimo aumento consecutivo da Selic é totalmente injustificável. A inflação média anual obtida nos três últimos anos é a mais baixa desde o Plano Real. O Copom perdeu uma boa oportunidade para estancar a alta dos juros que só atende ao apetite insaciável do mercado financeiro e do capital especulativo e prejudica os trabalhadores e a sociedade brasileira", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.
"Se a inflação está controlada, não há motivos que justifiquem o pessimismo sobre os rumos da economia em 2014, como alardeiam as vozes enlouquecidas do mercado para pressionar o governo e levar vantagens", destaca. Para ele, "juros ainda mais altos encarecerão o crédito, freando a produção, o consumo e a geração de empregos e renda".
"Quem ganha com o aumento da Selic são os rentistas que aplicam em títulos da dívida pública indexados à Selic. Atualmente, segundo levantamento do Dieese, 20% estão nas mãos dos bancos e 24% são de fundos de investimentos controlados por instituições financeiras. Ou seja, é o sistema financeiro quem mais aufere ganhos com a elevação da Selic, mas nunca está satisfeito e sempre quer mais lucro", aponta o dirigente sindical.
O presidente da Contraf-CUT salienta ainda que, "com esse novo aumento da Selic, bilhões de reais serão transferidos para os donos dos títulos públicos, tirando recursos que deveriam ser canalizados para políticas sociais e de estímulo para o crescimento do país".
"A queda dos juros, como ocorre tanto em países emergentes quanto nos desenvolvidos, reduziria uma das fontes de lucro dos bancos, forçando-os a compensar essa diminuição com maior oferta de crédito e ganhos em escala. Isso aumentaria a concorrência pela conquista de clientes, baixando as altas taxas de juros e as tarifas abusivas, incentivando a criação de empregos e beneficiando os trabalhadores e a sociedade", aponta Cordeiro.
"Além das metas de inflação, o Copom precisa definir também metas sociais, como a geração de empregos e renda e a redução das desigualdades sociais", reforça.
Cordeiro reitera a necessidade de uma conferência nacional sobre o sistema financeiro para ouvir a sociedade e discutir o papel dos bancos na economia brasileira. "Essa política de juros altos não só joga contra o desenvolvimento econômico e social do país, como também aumenta a concentração da riqueza em um país que é um dos 12 mais desiguais do planeta", conclui o presidente da Contraf-CUT.
Fonte: Contraf-CUT