“Nunca foi tão importante ter um sindicato forte”, afirma Ivone Silva
28/04/2020 - Por Bancários CGR
A luta e o trabalho de cada sindicato durante a pandemia de coronavírus foi tema de conversa online da Central Única dos Trabalhadores.
Em meio à pandemia de coronavírus e polêmicas entre quarentena, reabertura do comércio e Medidas Provisórias que retiram direitos, os trabalhadores têm podido contar com seus sindicatos.
Porém, categorias que prestam serviços essenciais – como funcionários da saúde, serviço funerário, bancários e operários de indústrias essenciais – têm tido menos tempo para debater estas questões.
Na linha de frente no combate à Covid-19 e sem possibilidade de parar nem pela falta de equipamentos de proteção individual, os trabalhadores têm tido respaldo dos sindicatos. Por isso, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) convidou os presidentes de três dos sindicatos que representam esses trabalhadores para uma conversa esclarecedora no dia de hoje (27).
Ivone Silva, presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região; Sérgio Antiqueira, presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo – o Sindsep, e Raimundo Suzart, presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, falaram sobre a intensa rotina de pressão para garantir proteção à quem não pode parar.
O sindicato negocia por todos
Uma prova disso é o que contou Ivone Silva, presidente do Sindicato dos Bancários de SP. Segundo a dirigente sindical, há mais de meio milhão de bancários no Brasil e seus direitos são negociados nacionalmente. “Temos um comitê de crise entre o movimento sindical e os bancos onde há negociações, e também as negociações banco a banco”, afirmou Ivone durante a conversa, mostrando como foram garantidos os direitos de maneira rápida e eficiente.
Ivone conta que mais de 250 mil bancários estão fazendo teletrabalho, entre eles os funcionários de agências que fazem parte ou coabitam com pessoas pertencentes aos grupos de risco. Já nas agências foi possível obter sistema de rodízio, equipamentos de proteção individual (máscara, álcool e viseiras) e mudanças na arquitetura dos bancos para proteger os trabalhadores e clientes.
Trabalhadores estão morrendo
Os servidores municipais de São Paulo não conseguiram a mesma rapidez no atendimento às suas demandas. Apesar de estarem ainda mais expostos aos riscos, profissionais de saúde, da assistência funerária, da assistência social e da segurança pública ainda lutam por seus direitos.
Sérgio Antiqueira, presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo, explica que “são mais de 120 mil trabalhadores na ativa, além de terceirizados e trabalhadores das organizações sociais” na capital. E afirma que o número de contágios aumenta, enquanto equipamentos de proteção individual e coletiva não foram entregues a tempo.
“Questionamos a prefeitura que as medidas têm sido insuficientes”, afirmou Sérgio, ressaltando que só conseguiram reverter a situação, em parte, ao ir para a imprensa. Ele também falou que além das questões de contágio, ainda há pressão contra os trabalhadores vindas da prefeitura. Porém, segundo ele, o sindicato não se “acovardará” e seguirá denunciando.
Por uma indústria que sirva ao País
Raimundo Suzart, presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, explicou o papel dos operários químicos durante a pandemia. As empresas produzem vernizes, tintas e embalagens para alimentos, produtos farmacêuticos e higiene; portanto, os trabalhadores não podem parar.
Porém, o sindicato tem negociado com empresas medidas de proteção como dispensa de funcionários do grupo de risco sem perda salarial, aumento do número de transportes para evitar aglomeração, aumento do intervalo das refeições para que haja menos concentração, pontos de higienização com álcool em gel e tapetes.
Ele ressaltou ainda que o debate sobre reconversão industrial tem sido travado no âmbito do sindicato e que os trabalhadores devem participar do processo de reindustrialização do País.
O sindicato como lugar de proteção
Os três debatedores foram unânimes em defender o papel do sindicato na proteção do trabalhador e também da sua família. Seja pressionando nas mesas de negociações, denunciando ilegalidades e descaso ou informando os trabalhadores, o papel das instituições não pode ser esvaziado.
Mesmo sob ataque e desfinanciamentos promovidos desde o governo Temer, os sindicatos resistem e mostram sua importância ao representar os trabalhadores, garantindo o direito à vida. Como disse Ivone Silva, “fortaleça seu sindicato”, e deixe ele fortalecer você!
Fonte: Renata Vilela via Reconta Aí