O papel do Banco do Brasil na retomada da economia
02/10/2020 - Por Bancários CGR
Em debate promovido pela Associação Nacional de Funcionários do Banco do Brasil (ANABB), especialistas defendem o fortalecimento do Banco do Brasil na retomada da economia.
Com 212 anos, o Banco do Brasil faz parte da história do Brasil. Para reafirmar sua importância presente e garantir o seu futuro, a ANABB criou a campanha Não Mexe no Meu BB.
Na esteira da defesa da instituição, Reinaldo Fujimoto, presidente da ANABB; Luís Nassif, jornalista e a economista Fernanda Feil falaram sobre o futuro do Banco Público. “Fortalecer o BB é estratégico para a retomada da economia”, apontou Reinaldo Fujimoto. O presidente da ANABB ainda afirmou que “[um banco público] pode fazer muito para preservar negócios, empregos e renda”.
Luís Nassif, jornalista econômico, disse que há episódios que mostram a diferença entre Bancos Públicos e privados. E foi além: “O gerente do Banco do Brasil é uma agente de desenvolvimento em cada cidade do Brasil”.
Nassif também relembrou as crises de 2002 e 2008, quando o BB salvou muitas empresas com a oferta de créditos para quem mais precisava. No mesmo sentido, recordou de quando a presidenta Dilma tentou reduzir os spreads bancários, utilizando para os Bancos Públicos, principalmente o BB.
O que é necessário para a retomada da economia?
A consultora e economista com especialização em sistema financeiro, desenvolvimento econômico e conjuntura, Fernanda Feil, fez um panorama de como a história do Brasil e do BB se entrelaçam.
Ela ressaltou que o Banco do Brasil foi a primeira instituição financeira do Brasil, que passou por diversos formatos. “A história do BB se confunde com a história do Brasil”, disse a especialista, pois o BB foi responsável pela estrutura produtiva do Brasil.
Ela conta que o BB teve diversos papéis na economia brasileira. De banco de desenvolvimento a fornecedor de moeda, regulador da economia e, ainda assim, tendo atuado sempre como um banco de governo.
Contudo, o BB passou por uma série de reformas. A partir de 2003, a instituição recuperou seu papel de “braço de políticas públicas”, principalmente a partir da crise do subprime de 2008. “Foi a atuação do BB junto aos outros Bancos Públicos que evitou que o Brasil não entrasse em uma crise tão grande quanto os outros países”, afirmou a economista.
Além de ter sido o banco do PAC durante os governo Lula e Dilma, atuou com programas de microcrédito, agricultura familiar, plano safra, entre outros. E, ainda que atue com políticas públicas, Fernanda Feil explica: “É uma instituição saudável, saneada, com alta rentabilidade e baixíssima taxa de inadimplência”. Nesse sentido, acredita que a única justificativa para privatizá-lo é “ideológica”.
O Brasil ainda tem chances
Feil afirma que o Brasil conta com um sistema de Bancos Públicos muito sólido. Assim, pode ser mais justo, mesmo no sistema capitalista. De acordo com ela, o sistema capitalista só existe porque é possibilitado pelo crédito. E completa: “Essa realidade se torna mais evidente em países subdesenvolvidos como o Brasil”.
Isso ocorre porque os bancos são a transição entre uma baixa escala produtiva para uma alta escala produtiva. Ou seja, ofertando crédito eles possibilitam que empresários inovem, sobretudo os grandes, que são os que tem mais acesso a eles.
Entretanto, ainda que possuam esse papel fundamental na ordem econômica, essas instituições são voltadas para o lucro. Assim, quando privadas, sempre priorizam a maior taxa de retorno delas. Do mesmo modo, seu crédito é voltado para o curto prazo, em setores consolidados que já tem garantia e dinheiro e é concentrado regionalmente. Porém, no Brasil, os Bancos Públicos fazem o contrário.
Assim, só os Bancos Públicos podem garantir a estabilidade do sistema financeiro e não deixar o povo refém de bancos voltados apenas ao seu próprio lucro. Feil conta que essa discussão já está consolidada no sistema internacionalmente. E exemplicifica: “Depois da crise do subprime, os países que estavam em processo estavam em de privatização dos Bancos Públicos, como o Japão, reverteram”.
As crises que a pandemia acentuou
As crises criadas pela pandemia evidenciaram os problemas do neoliberalismo. No mundo inteiro há crises políticas, ambientais e econômicas. Todas elas, muito mais profundas do que as crises financeiras.
Dessa forma, no momento atual, a pandemia evidenciou a necessidade de mudar esse sistema financeiro que, segundo Fernanda Feil, não está funcionando. Nesse sentido, Feil aponta que a realidade é incontestável: “Precisaremos fazer mudanças e o Estado terá que atuar fortemente”.
E, no Brasil, do futuro o BB tem o papel de manter as políticas públicas e auxiliar na transição do País para uma economia mais limpa, sustentável e igualitária. Para tanto, deverá fazer isso via inclusão financeira, investimento na inovação e atuando como um braço de política pública dentro de um contexto mais amplo de mudança.
Políticas consequentes para a retomada da economia
O deputado Federal Zé Carlos (PT/SP) preside a Frente Parlamentar em Defesa dos Bancos Públicos. Para ele, por causa da economia, desemprego e inflação, o assunto está na pauta do dia a dia nacional.
“O Banco do Brasil sempre teve um papel central no desenvolvimento da economia nacional”, afirma.
Ele explica que se hoje o Banco do Brasil é um caso pronto para a privatização. “Os governos de esquerda queriam democratizar e fortalecer o BB. Para o atual governo, o BB não passa de uma instituição a ser privatizada”, critica. Por isso, o parlamentar relata que há muitos deputados cientes da necessidade de fortalecer o Banco do Brasil e evitar sua privatização. “Nosso lema é nenhuma instituição a menos e nenhum direito a menos para o povo trabalhador”, afirma Zé Carlos.
Fonte: Reconta Aí