OIT sugere aperfeiçoamento nas políticas de emprego no país
22/03/2011 - Por Bancários CGR
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) elogia o Brasil num novo  estudo divulgado ontem, mas também aponta "lacunas" nas políticas de  emprego, como no seguro-desemprego e formação profissional. O estudo  cita a situação brasileira como exemplo de que é possível crescimento  econômico com equidade, através de políticas "bem desenhadas e  suficientemente integradas".
 
 Ele atribui a recuperação da economia brasileira logo após o inicio da  pior recessão a uma rápida resposta centrada no emprego e à "coerência"  entre as políticas laborais e sociais, por um lado, e políticas  macroeconômicas de outro, com apoio "essencial" aos mais vulneráveis.
 
 "Essas são lições que vão muito alem da atenuação do efeito-contágio da  crise, oferecendo orientações sobre como construir sociedades  produtivas, competitivas, inclusivas e sustentáveis", diz o estudo  apresentado aos países, em Genebra.
 
 No entanto, apesar do "progresso notável", a entidade estima que no  futuro as políticas de emprego poderiam ser fortalecidas, melhorando por  exemplo a cobertura do seguro-desemprego e fortalecendo os vínculos com  outros programas, por exemplo, através de obrigações recíprocas  relacionadas à qualificação
 
 O estudo aponta que o seguro-desemprego no país cobre apenas  trabalhadores do setor formal, ou 35% dos empregados. A cobertura  efetiva, pelos critérios de elegibilidade, é ainda mais baixa: somente  7% dos desempregados no país são cobertos pelo seguro. A OIT nota que na  maioria dos emergentes, e nos poucos países da América Latina com  regime similar, a cobertura efetiva é muito maior, como 20% no Chile e  13% na China e Turquia.
 
 Por sua vez, a formação profissional não é bem integrada no sistema  público de emprego. Apenas 1,7% dos beneficiários do seguro-desemprego  foram encaminhados a um curso de capacitação. O estudo aponta  "deficiências importantes" no serviço público de emprego, trabalho e  renda. Sugere mais atenção e recursos para intermediação da mão de obra e  formação profissional.
 
 Ele também sugere que os esforços para reduzir a pobreza, desigualdade  de renda e emprego informal devem continuar e ser eficientes. O gasto  social total no país atingiu 26% do PIB em 2008, comparado a apenas 15%  em média, no resto da América Latina. E que, embora seja louvável que  mais de 12 milhões de famílias tenham acesso ao Bolsa Família, o fato de  um quarto da população ser elegível para o programa deve ser motivo de  preocupação.
 
 A integração de melhoras econômicas e sociais exige também reformulação  do sistema tributário. As receitas fiscais no país, cerca de 35% do PIB,  são comparáveis a de alguns países desenvolvidos e bem acima da média  para a América Latina.
Fonte: Contraf/CUT com Valor Econômico

