Paralisação dos bancários é um direito e uma consequência da falta de proposta dos bancos. Entenda por quê
14/09/2012 - Por Bancários CGR
Os bancários decidiram, em assembleia realizada na quarta-feira 12, paralisar as atividades a partir de 18 de setembro para cobrar dos bancos proposta que atenda às reivindicações da categoria. Aumento real para os salários, PLR, auxílios e piso maiores, mais contratações para reduzir a sobrecarga e melhorar as condições de trabalho.
A pauta foi entregue à federação dos bancos (Fenaban) em 1º de agosto e a primeira rodada de negociação aconteceu uma semana depois, no dia 7. Após um mês e alguns poucos avanços como o pagamento de salários dos afastados até a perícia do INSS e o projeto piloto de segurança bancária , a Fenaban apresentou proposta econômica de 6% de reajuste para salários e verbas. O aumento real de apenas 0,58% (para inflação de 5,39%) foi prontamente rejeitado pelo Comando Nacional dos Bancários. Os trabalhadores insistiram, mas os bancos não apresentaram nova proposta, levando a categoria à greve.
Paralisar as atividades é um direito dos trabalhadores diante da falta de proposta que atenda às reivindicações da categoria. Nossa união e mobilização é a principal estratégia para garantir avanços na campanha. Participe!, convoca a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira.
Aumento real de 5%
Aumento real de 5% foi a reivindicação definida em conferências estaduais e na nacional, votada por delegados bancários de todo o Brasil no mês de julho. A proposta da Fenaban de 0,58% foi considerada insuficiente pela categoria e rejeitada em assembleias de rua realizadas no Dia Nacional de Luta, em 3 de setembro. Os argumentos dos bancários são muitos. Somente os sete maiores bancos do país lucraram quase R$ 26 bi no primeiro semestre e podem pagar mais.
PLR maior
Para tornar mais justa e transparente a distribuição dos lucros, os bancários querem receber três salários mais R$ 4.961,25 a título de PLR. A cada ano os bancos aumentam seus lucros, mas reduzem a porcentagem do lucro líquido que pagam de PLR aos seus funcionários. Em 1995, os maiores privados distribuíam 14% do LL como PLR. Mas em 2011 o número já havia caído para 6%.
Se mantida a regra atual conforme proposta dos bancos, este ano grande parte dos bancários deve receber PLR menor que a de 2011. Um dos responsáveis é o aumento de em média 30% no provisionamento para devedores duvidosos (PDD) dos bancos. A ampliação das metas também pode ser responsável por perdas nos programas próprios. No Itaú, muitos bancários não receberão o Agir e no mesmo deve acontecer com o PPR do HSBC.
Valorização do piso salarial
O piso dos bancários está em R$ 1.400. Apesar da valorização conquistada nas últimas campanhas nacionais da categoria, o valor ainda é baixo e a categoria reivindica que chegue aos R$ 2.416,38, valor considerado pelo Dieese o salário mínimo necessário. Os bancos, no entanto, propõem os mesmos 6% para o reajuste do piso salarial dos bancários, que querem mais valorização.
Para os executivos tem
Enquanto negam aumento real para funcionários, os bancos não economizam com a remuneração dos executivos. O montante total destinado ao pagamento desses profissionais subiu 9,7% este ano, elevando ainda mais os altos ganhos. No Itaú cada um recebe R$ 8,3 milhões. São R$ 6,2 milhões para cada no Santander. No Bradesco eles recebem R$ 4,4 milhões cada. E R$ 1 milhão para cada um dos diretores do BB. A remuneração total dos diretores desses quatro bancos, que inclui as parcelas fixas, variáveis e ganhos com ações, soma este ano R$ 920,7 milhões, contra R$ R$ 839 milhões pagos em 2011.
Vales e auxílio mais altos
Quem come fora, sabe. O vale-refeição já não dá para pagar o valor total e os trabalhadores chegam ao fim do mês tendo de colocar dinheiro do próprio bolso para almoçar. No supermercado é a mesma coisa. A inflação de alimentos foi a que mais subiu e por isso os bancários reivindicam que os vales refeição e alimentação passem para R$ 622. O mesmo valor é reivindicado para o auxílio-creche, a 13ª cesta-alimentação e para novas conquistas que os bancários querem ver pagas a partir deste ano: o 13º vale-refeição.
Sobrecarga que adoece
Os bancos contratam pouco para a demanda que têm. O resultado disso são trabalhadores cada vez mais estressados, pressionados por serviço demais para bancários de menos. Para dar uma ideia, do agravamento desse quadro, em 1996 cada bancário era responsável por 83 contas correntes. Em 2010, cada um já tinha de cuidar de 292 contas. O trabalho aumentou 253%, mas o número de trabalhadores na categoria é praticamente o mesmo.
Ou seja, é preciso contratar mais, gerar novos postos de trabalho e acabar com demissões imotivadas (respeito à Convenção 158 da OIT), rotatividade e terceirizações. Os bancários querem, ainda, respeito à jornada de seis horas, fim das metas abusivas e do assédio moral.
Fonte: Seeb-SP