Passeata dos bancários desmascara truques dos bancos em São Paulo
02/08/2012 - Por Bancários CGR
Ele foi desmascarado. A identidade do personagem misterioso que circulou pelo site do Sindicato dos Bancários de São Paulo, da Contraf-CUT e de outros sindicatos nos últimos dias, de capa e cartola, foi divulgada nesta quarta-feira, dia 1º, durante a passeata que lançou nas ruas do centro da capital paulista a Campanha Nacional dos Bancários 2012.
Sob o mote "Chega de truque, banqueiro!", os bancários denunciaram, sempre com muito bom humor, os truques dos bancos à sociedade. Aumentar demais os provisionamentos para diminuir lucros, cobrar os juros mais altos do mundo e aumentar tarifas, demitir trabalhadores e tornar o tempo de espera e as filas nas agências cada vez maiores são alguns dos maus exemplos que saem dessas cartolas.
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Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato, ressaltou que o primeiro truque a ser desmascarado pela mobilização dos trabalhadores é a tentativa das instituições financeiras de esconder os lucros que conquistaram recentemente.
"Os bancos aumentaram demais seus provisionamentos para devedores duvidosos, desproporcional à leve alta da inadimplência, que já caiu em junho e segundo o Bacen continuará em queda", disse. A provisão para possíveis não pagamentos de dívidas (PDD) é a reserva feita com base na expectativa de perdas com a inadimplência, que é contabilizada no resultado final e por isso diminui o lucro.
Ao som do maracatu e puxada pela animação e disposição de centenas de bancários, a passeata levou às ruas do centro histórico as principais reivindicações da categoria: "chega de truque com o salário: aumento real"; "chega de truque com os direitos: vales refeição e alimentação maiores"; "chega de truque com o emprego: fim da terceirização"; "chega de truque com a saúde: fim das metas abusivas e do assédio moral".
Raquel Kacelnikas, secretária-geral do Sindicato, destacou que a campanha também cobra o fim do assédio moral sofrido pelos bancários, com altos índices de adoecimento na categoria em função da pressão e da cobrança por metas a que estão submetidos diariamente. "Nós queremos que o bancário tenha dignidade no ambiente de trabalho e não seja obrigado a fazer aquilo em que ele não acredita somente para garantir o salário."
M de mobilização
A passeata também contou com ilusionistas que "desvendaram" alguns dos truques dos banqueiros e divertiram a população com números de mágica. Mas a verdadeira mágica, a da mobilização, foi revelada em performance na Praça do Patriarca. Bancários formaram a palavra mobilização e passaram a mensagem: só com união os trabalhadores vão conquistar e ampliar direitos.
Para além das preocupações próprias da categoria, os bancários reivindicam que as instituições financeiras de fato cumpram seu papel social e contribuam para o desenvolvimento do país, baixando juros e tarifas, ampliando o crédito e a bancarização da população e gerando empregos ao invés de demitir trabalhadores, como vêm fazendo.
"Os bancos lucram como nenhum outro setor no país e não repassam para a sociedade as políticas sociais implantadas recentemente pelo governo, além de não contribuírem para a criação de mais empregos. Eles dizem que estão diminuindo as taxas de juros, mas na verdade estão aumentando o valor das tarifas. Além de não gerarem mais postos de trabalho, sobrecarregam os funcionários e realizam demissões em massa, como no caso recente do Itaú que demitiu cerca de 7 mil trabalhadores", contestou a presidenta do Sindicato.
Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT, também participou do ato de lançamento da Campanha 2012 em São Paulo junto com vários dirigentes de sindicatos e federações que integram o Comando Nacional dos Bancários. Para ele, os bancos estão devendo empregos para melhorar as condições de trabalho, garantir atendimento de qualidade e contribuir para o desenvolvimento do país.
O dirigente sindical criticou a rotatividade, as metas abusivas, o assédio moral e a terceirização, alertando também para o truque da maquiagem dos balanços. "Os bancos continuam lucrando muito e os resultados, apesar das provisões, comprovam que eles possuem totais condições de atender as demandas da categoria".
Cordeiro cobrou aumento real, piso e PLR maiores, saúde e também mais segurança nas agências e postos de atendimento. "No ano passado, tivemos 49 mortes em assaltos envolvendo bancos em todo país. No primeiro semestre deste ano, ocorreram mais 27 assassinatos por falta de medidas de segurança. Isso é inaceitável", denunciou.
Ele espera que a Fenaban tenha a responsabilidade e o compromisso de resolver todos os problemas na mesa de negociação. "Esperamos que eles respeitem a negociação e não empurrem a categoria para a greve", finalizou.
Fonte: Contraf-CUT com Seeb São Paulo