PIB surpreende e cresce 2,3% puxado por agropecuária e investimentos
28/02/2014 - Por Bancários CGR
O Estado de São Paulo
Após recuar 0,5% no terceiro trimestre de 2013, a economia do Brasil voltou a crescer nos últimos três meses do ano passado. A expansão do Produto Interno Bruto (PIB) entre outubro e dezembro foi de 0,7% ante o trimestre imediatamente anterior e de 1,9% na comparação com um ano antes. Com isso, o País fechou 2013 com crescimento de 2,3%, segundo os dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na pesquisa do AE Projeções, serviço da Agência Estado, as estimativas de 52 instituições do mercado apontavam no 4º trimestre de estabilidade a crescimento de 0,55%, com mediana de 0,23%, na série com ajuste sazonal. Já para o PIB fechado de 2013, as expectativas do levantamento iam de expansão de 2,07% a 2,30%, com mediana de 2,20%.
Pela ótica da oferta, o que puxou a economia brasileira em 2013 foi a agropecuária, com expansão de 7% - a maior da série histórica, iniciada em 1996. Dentre as principais culturas, as que mais se destacaram foram soja (24,3%), cana de açúcar (10%), milho (13%) e trigo (30,4%). Com isso, o setor viu sua participação no PIB sair de 5,3% em 2012 para 5,7% em 2013.
"O destaque foi a soja. Como a área plantada cresceu bem menos que a produção, a gente ainda teve ganho de produtividade. Então isso contribuiu bastante para o aumento do valor adicionado na atividade (agropecuária)", disse Rebeca Palis, gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE.
A indústria, por outro lado, fechou o ano com avanço de 1,3% e teve a menor participação no PIB desde 2000. A fatia do setor na produção de riquezas caiu de 26% em 2012 para 24,9% em 2013. Já os serviços aumentaram sua influência, saindo de 68,7% em 2012 para 69,4% para 2013, a maior fatia alcançada pela atividade no PIB também pelo menos desde 2000.
Pelo lado da demanda, os investimentos foram o principal destaque. A formação bruta de capital fixo teve alta de 6,3% no ano passado, puxada pelo aumento da produção interna de máquinas e equipamentos. Foi a maior variação positiva desde 2010, quando o crescimento foi de 21,3%. Já o consumo das famílias cresceu 2,3%, o 10º ano consecutivo de expansão. A alta, no entanto, foi a menor desde 2003. Para Rebeca, a inflação mais elevada contribuiu para esse cenário, mas ainda não é possível dizer se é uma tendência para os próximos anos. Por último, a despesa do consumo da administração pública aumentou 1,9%.
No âmbito do setor externo, as importações cresceram mais do que o triplo das exportações. As compras de bens e serviços de outros países tiveram expansão de 8,4% em 2013, contra uma alta de 2,5% das vendas externas. No ano passado, o PIB em valores correntes alcançou R$ 4,84 trilhões, levando a um PIB per capita de R$ 24.065 - alta de 1,4% ante 2012. Apesar do avanço, o valor por habitante representa apenas um quinto da riqueza dos norte-americanos.
Mas se considerado apenas o ritmo de expansão, de 2,3% em 2013, o Brasil perde apenas para China e Coreia do Sul, ficando com o terceiro maior crescimento econômico do mundo. A taxa de poupança do País em 2013 foi de 13,9%, o menor nível desde 2001. Já a taxa de investimento foi de 18,4%, maior do que o patamar verificado em 2012, de 18,2%.
Impostos impulsionam PIB. O crescimento de 0,7% no quarto trimestre foi puxado pela alta de também 0,7% no setor de serviços e pela expansão do volume de impostos no período. "Dá para ver que o volume dos impostos cresceu mais do que o valor adicionado. Então, ele puxou o PIB para cima", disse Rebeca.
No quarto trimestre, o valor adicionado ao PIB cresceu 0,5%. O restante da taxa, portanto, veio dos impostos, segundo a gerente. "O que mais puxou foi o ICMS, que recai muito na parte de energia elétrica e telecomunicações, duas atividades que cresceram acima da média em 2013", disse. "Isso puxou a PIB para cima no quarto trimestre." Na comparação com o mesmo período de 2012, o crescimento de 1,9% também seguiu essa lógica. O valor adicionado ao PIB cresceu 1,7%, enquanto o volume de impostos sobre produtos avançou 3,1%.