Plano 1 da Previ: Rafael Zanon fala sobre o fim do BET
20/01/2014 - Por Bancários CGR
Em janeiro de 2014, terminaram dois benefícios extraordinários que foram criados a partir da distribuição de recursos excedentes do Plano de benefícios 1 da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ). O Benefício Especial Temporário (BET) e a suspensão das contribuições eram abastecidos por fundos previdenciais com recursos finitos, e foram criados a partir de um longo debate e consulta formal entre os associados. Nas consultas, com votação via internet e/ou SISBB, ficou claro que esses benefícios iriam acabar, já que eram extraordinários.
O informativo Espelho DF entrevistou Rafael Zanon, diretor do Sindicato dos Bancários de Brasília e conselheiro deliberativo da Previ, que respondeu as perguntas sobre o tema.
Espelho DF Por que o BET acabou e as contribuições voltaram?
Rafael Zanon Porque eram benefícios extraordinários com previsão para acabar. A função do um plano de previdência é pagar as aposentadorias previstas no regulamento. Pelas reservas matemáticas disponíveis, os benefícios regulamentares ordinários estão garantidos até o falecimento de todos os participantes e pensionistas do fundo de pensão.
Espelho O que são as reservas matemáticas?
Rafael São as reservas que abastecem os benefícios previstos no regulamento, como as aposentadorias e pensões.
Espelho Há um rombo no plano 1? Está faltando dinheiro na Previ?
Rafael Não. Além dos recursos necessários para honrar as aposentadorias até o falecimento do último associado, está sobrando mais de R$ 20 bilhões no Plano 1 da Previ. Esse dinheiro que está sobrando é chamado de superávit. Como nos anos anteriores, a boa administração da Previ produziu um superávit no ano de 2013.
Espelho Se há dinheiro sobrando na Previ, por que as contribuições voltaram e o BET não continua?
Rafael Porque a norma previdenciária atual define que, para manter ou criar benefícios extraordinários com o dinheiro excedente, deve-se guardar como reserva de contingência um valor que corresponda a 25% de todas as reservas necessárias para o pagamento das aposentadorias. Assim, só pode haver distribuição de recursos se "sobrar" mais do que 25% das reservas matemáticas totais. Neste ano, o montante excedente (superávit) ultrapassou 20% das reservas totais, mas não alcançou os 25%.
Espelho Por que a legislação diz tem que guardar uma reserva de contingência tão grande assim?
Rafael Para resguardar as aposentadorias em caso de, por exemplo, crises agudas. Ou seja, não se pode deixar de ter provisionamentos extras.
Espelho Então a reserva de contingência da Previ, que hoje soma mais de R$ 20 bilhões, é para garantir a aposentadoria dos associados?
Rafael Sim. Pelos cálculos atuariais, todas as aposentadorias dos associados e dos pensionistas do Plano 1 estão garantidas até a morte do último beneficiário.
Espelho Estes benefícios extraordinários podem voltar? Se sim, quando?
Rafael Sim, existe uma boa probabilidade dos ativos da Previ gerarem resultado superavitário que exceda o valor de 25% do total das reservas matemáticas do plano 1, possibilitando assim uma nova distribuição de excedentes. Em 31 de dezembro de 2014 será finalizado o balanço anual da Previ. Apurando-se um superávit maior de 25%, poderá haver uma negociação para distribuição de superávit.
Espelho Caso haja uma nova distribuição de superávit, qual seria o formato dos benefícios extraordinários?
Rafael A legislação determina que o primeiro passo é criar fundos que possibilitem a suspensão da cobrança das contribuições. Se sobrar mais dinheiro do que o necessário para suspensão, haverá um debate entre os associados sobre como seria distribuído este excedente, inclusive com a possibilidade de, dependendo do montante a ser distribuído, criação de benefícios permanentes.
Espelho Estão previstas eleições na Previ e o assunto causa um grande impacto nos associados. Você, como representante eleito do conselho deliberativo, poderia ter votado para manter o BET e a suspensão das contribuições?
Rafael Os benefícios extraordinários foram criados e já tinham previsão para acabar, isso sendo de conhecimento dos associados. Nós esgotamos todas as possibilidades responsáveis para garantir a continuidade dos benefícios. Eu luto e atuo por uma gestão ética, responsável, que garanta as aposentadorias futuras, mantenha a boa administração da Previ e respeite a legislação vigente. Assim, eu nunca tomaria uma atitude que desrespeitasse esses princípios ou colocasse em risco o futuro dos benefícios da Previ.
Espelho Como estes acontecimentos podem afetar a situação do Plano Previ Futuro?
Rafael O Plano Previ Futuro, do qual eu faço parte, tem uma natureza diferente do Plano 1 e esses acontecimentos (fim do BET e volta das contribuições) não impactam o Previ Futuro. O Plano dos funcionários pós-98 está completando 16 anos de existência e já é um dos maiores do Brasil e da América Latina, com mais de R$ 4 bilhões em ativos. Os recursos estão sendo bem administrados e já estão propiciando o pagamento de algumas centenas de benefícios previdenciários. A cada ano, a partir da educação previdenciária e de programas como o ´REINGRESSO´, estamos aumentando o percentual de funcionários filiados ao plano, dando mais solidez para a garantia dos benefícios futuros.
O desafio continua no Plano Previ Futuro. Além de continuar gerindo bem os recursos do plano, estamos na luta pela conquista de mais oportunidades que possam aumentar nossas reservas e gerar aposentadorias maiores. Por isso, estamos propondo a criação de contribuição sobre a participação nos lucros e vale-alimentação, que seria voluntária e com contrapartida patronal. Também estamos lutando para que os funcionários oriundos dos bancos incorporados possam se associar à Previ.
Fonte: SEEB Brasília