Pobres continuam pobres, ricos ficam mais ricos
22/01/2025
Riqueza dos bilionários aumentou US$ 2 trilhões em 2024, mas falta de medidas de distribuição de renda impede redução do número de pobres
A riqueza dos dez homens mais ricos do mundo cresceu em média quase US$ 100 milhões por dia em 2024. A riqueza somada dos 2.769 bilionários do mundo aumentou de US$ 13 trilhões para US$ 15 trilhões em apenas 12 meses. O crescimento foi três vezes mais rápido do que o registrado em 2023 e fez com que o aumento anual da riqueza dos bilionários fosse o segundo maior desde o início dos registros. As informações são do relatório “Takers Not Makers” (Exploradores, não produtores, em livre tradução), que no Brasil foi intitulado como “As custas de quem? A origem da riqueza e a construção da injustiça no colonialismo”, da Oxfam.
“O relatório merece ser lido com muita atenção. Traz informações que mostram o colonialismo imposto pelo Norte Global ao Sul Global permanece nos dias atuais. A apropriação da riqueza pelos mais ricos continua, e gera concentração de renda, a perpetuação da pobreza da maioria da população mundial e uma camada de poucos super-ricos e privilegiados”, disse o secretário geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Gustavo Tabatinga.
Segundo o relatório, a riqueza extrema dos bilionários de hoje não é proveniente do talento e do trabalho (meritocracia), como é defendido pelos próprios bilionários e reforçado pelos ‘coaches’ e pela mídia. Ela não foi conquistada “por mérito”.
Um trecho do documento da Oxfam ressalta que a riqueza extrema desta “nova oligarquia” tem origem na herança, no favoritismo e no poder de monopólio e que, “sem controle, estamos prestes a ver a maior transferência da maior riqueza geracional da história da humanidade - dificilmente conquistada, dificilmente tributada”.
Segundo a Oxfam, todos os bilionários do mundo com menos de 30 anos herdaram sua riqueza e 36% da riqueza dos bilionários e derivada de herança. Ao somarmos os valores provenientes de privilégios e do monopólio do poder à herança, chegaremos a 60% do total da riqueza dos bilionários.
“E o mais grave é que a maior parte dessa transferência geracional de recursos não é tributada, pois dois terços dos países não tributam a herança para descendentes diretos”*, disse Tabatinga. No Brasil, as novas regras aprovadas em 2024 pelo Congresso Nacional estabelecem impostos progressivos sobre herança e doações, que vão de 2% a 8%.
Colonialismo atual
Em outro trecho, o texto observa que o colonialismo não é apenas histórico. No relatório, a Oxfam afirma que a transferência de riqueza do Sul para o Norte continua e funciona “como uma força poderosa que impulsiona níveis extremos de desigualdade”. Ressalta ainda que “as transferências de riqueza não são apenas para os ultra-ricos, mas desproporcionalmente para os ultra-ricos do Norte Global. Nossa era é a era do colonialismo bilionário.”
Em nota publicada no site da entidade, o diretor-executivo da Oxfam Internacional, Amitabh Behar, disse que “a captura da nossa economia global por um seleto grupo privilegiado atingiu níveis antes inimagináveis. A falha em deter os bilionários agora está gerando futuros trilionários. Não apenas a taxa de acumulação de riqueza dos bilionários acelerou — por três vezes — mas também seu poder”.
Para Behar, “o auge dessa oligarquia é um presidente bilionário, apoiado e comprado pelo homem mais rico do mundo, Elon Musk, governando a maior economia do planeta”, disse, ao ressaltar que o relatório da Oxfam é um alerta de que “as pessoas comuns em todo o mundo estão sendo esmagadas pela enorme riqueza de um número ínfimo de pessoas”.
Para o secretário geral da Contraf-CUT, “o relatório da Oxfam é um importante subsídio para nos ajudar em nossa luta pela redução da desigualdade, pela taxação dos super-ricos e pela valorização dos trabalhadores”.
Leia a íntegra do relatório da Oxfam
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Fonte: Contraf-CUT