Presidente Do Chile Reconhece Erro E Pede Desculpas Após Manifestações
24/10/2019 - Por Bancários CGR
Chile registrou nesta quarta-feira (23) uma paralisação dos trabalhadores e uma gigantesca manifestação popular contra o governo do presidente Sebastián Piñera e suas políticas neoliberais. Centenas de milhares de chilenos ocuparam as ruas principais do centro de Santiago na greve geral convocada por sindicatos e movimentos sociais, aprofundando os protestos que acontecem há seis dias.
Eles criticam a decisão de Piñera de colocar o país em estado de emergência e ordenar toque de recolher, além de recorrer às Forças Armadas para controlar as manifestações, incêndios e saques registrados em Santiago e dezenas de cidades que deixaram 18 mortos, incluindo uma criança de 4 anos, na mais grave onda de violência no Chile em três décadas.
Os chilenos pedem a renúncia de Piñera, um dia depois dele pedir desculpas por sua falta de visão para antecipar a crise que atinge seu governo, e ter anunciado uma série de medidas sociais.
Principais medidas anunciadas por Piñera
– Aumento de até 20% nas aposentadorias de alguns grupos
– Criação de seguro contra catástrofes, caso os gastos de saúde superem o teto – medida a ser apreciada pelo Congresso
– Estabilização das tarifas de eletricidade, com anulação do recente aumento de 9,2%
– Ajuda mínima de 350 mil pesos chilenos (cerca de R$ 1,97 mil) para trabalhadores com jornada completa que tenham salário inferior a esse valor
– Aumento nos impostos a pessoas com renda superior a 8 milhões de pesos chilenos (cerca de R$ 44 mil)
– Redução nos salários de parlamentares e funcionários da administração pública
– Redução no número de parlamentares e limite ao número de reeleições.
Resposta dos trabalhadores foi greve
Mesmo assim, a resposta dos trabalhadores foi a paralisação. “Greve! Afirmamos de maneira forte e clara: Basta de aumentos e abusos!”, anunciou no Twitter a Central Unitária dos Trabalhadores (CUT), o sindicato mais influente do Chile.
A paralisação foi convocada por várias organizações de trabalhadores e estudantes, que criticam a decisão de Piñera de colocar o país em estado de emergência e ordenar toque de recolher, além de recorrer aos militares para controlar as manifestações, incêndios e saques registrados em Santiago e outras cidades na mais grave onda de violência no Chile em três décadas.
“Demandamos ao governo restituir a institucionalidade democrática, que em primeiro lugar significa acabar com o estado de emergência e devolver os militares a seus quartéis”, afirma um comunicado divulgado pelos movimentos sociais na terça-feira.
Em Santiago, os sindicalistas e trabalhadores de vários setores estão se dirigindo a Praça Itália, outros, como os portuários, devem paralisar as cidades costeiras do país.
Entenda os protestos no Chile
1 – Os protestos no Chile tiveram início quando o presidente Sebastián Piñera anunciou um aumento de 3,75% nas tarifas do Metrô, que subiram 30 pesos, o equivalente a R$ 0,17;
2 – A violência aumentou a partir de sexta-feira (18), após a repressão violenta da polícia as manifestações até então pacíficas;
3 – No sábado (19), o economista e empresário Piñera recuou e cancelou o reajuste nas tarifas de Metrô.
4 – Também no sábado, Piñera decretou estado de emergência por 15 dias. Pela primeira vez depois da ditadura militar, que entre1973 e 1990 foi responsável pela morte e tortura de milhares de chilenos, o Exército voltou às ruas do país;
5 – Os protestos continuaram com milhares de pessoas nas ruas, apesar do decreto e da forte repressão militar.
6 – O aumento da tarifa do Metrô foi o estopim que faltava para a explosão de descontentamento que amarga um sistema de capitalização da previdência que paga menos de um salário mínimo local depois de dezenas de anos de contribuição aos fundos que administram suas aposentadorias.
7 – O povo também protesta contra a privatização de serviços essenciais e básicos, como a água e luz que contribuiu tanto para o aumento de tarifas que muitos não conseguem pagar as contas.
Assista ao vídeo da CUT Chile
Fonte: CUT-RS com CUT Brasil e Brasil 247