Destaques Movimento Sindical Campanha

Primeiro dia da XIV Conferência da Fetrafi/NE promove análise crítica da conjuntura e reforça unidade em torno das lutas coletivas

04/08/2025

A XIV Conferência Regional da Fetrafi Nordeste teve início nesta sexta-feira, 1º de agosto, em um auditório tomado por dirigentes e delegações dos oito sindicatos filiados à Federação. O primeiro dia foi marcado por falas de afirmação política, defesa da soberania nacional e do papel histórico do movimento sindical frente aos desafios da classe trabalhadora, com destaque para o debate sobre inteligência artificial, justiça tributária, jornada de trabalho e democracia.

A mesa de abertura contou com a presença das principais entidades sindicais representativas da categoria bancária no Nordeste, além de lideranças de centrais sindicais e movimentos sociais. Compuseram a mesa: Carlos Eduardo Bezerra Marques (presidente da Fetrafi/NE), Lindonjohnson Almeida (presidente do Sindicato da Paraíba), Odaly Medeiros (presidente do Sindicato do Piauí), José Eduardo Marinho (presidente do Sindicato do Ceará), Fabiano Moura (presidente do Sindicato de Pernambuco), Márcio dos Anjos (presidente do Sindicato de Alagoas), Tiago Macena (presidente do Sindicato de Itabaiana), Andrezza Leite (representando o Sindicato de Campina Grande), além de representantes da CUT, Intersindical e CTB.

Durante a abertura, Carlos Eduardo destacou a expansão da Fetrafi/NE com a recente filiação do Sindicato de Itabaiana, fortalecendo a representatividade da entidade. “Aqui estão lideranças forjadas nas assembleias democráticas da base. Temos a tarefa de reconhecer a transversalidade das lutas sociais e ampliar o diálogo com os movimentos que estão nas ruas”, afirmou.

O presidente do Sindicato do Ceará, José Eduardo Marinho, foi enfático ao apontar que a defesa da democracia é condição elementar para qualquer conquista da classe trabalhadora. “Sem democracia, as pautas dos trabalhadores são ignoradas. Não estamos aqui apenas para discutir as demandas da categoria, mas para contribuir com o debate nacional e lutar pelos direitos de toda a sociedade.”

As intervenções também reforçaram o papel estratégico do plebiscito popular que será realizado em setembro, com foco na taxação de grandes fortunas, na defesa da jornada 6×1 e da soberania nacional. A dirigente da CUT, Antônia Ribeiro Cardoso, defendeu que os temas debatidos na conferência extrapolam a categoria bancária e impactam diretamente a vida do povo brasileiro. “Não podemos retroceder. Temos o dever de apoiar aqueles que sustentam a democracia diante da crise geopolítica que atravessamos”, disse.

O avanço da inteligência artificial, as demissões em massa, o fechamento de agências e a perda de função social dos bancos públicos foram pautas frequentes nas falas da mesa, com destaque para a dirigente Andrezza Leite, que ressaltou a importância dos temas trazidos pela conferência: “É urgente discutir como a tecnologia, se não for regulada com responsabilidade social, aprofunda a precarização do trabalho e compromete a saúde mental dos trabalhadores.”

Ao fim da abertura, o presidente do Sindicato de Pernambuco, Fabiano Moura, reforçou que os desafios de 2026 exigem uma mobilização ainda maior da categoria: “Ano que vem, teremos a campanha nacional em meio a um novo ciclo eleitoral. Precisamos organizar nossas estratégias desde já, porque o que estará em jogo são as nossas vidas.”

Conjuntura histórica e caminhos para o futuro

Na sequência da programação, a mesa de Análise da Conjuntura Nacional e Internacional deu o tom crítico e profundo da conferência. A mesa foi composta por Odaly Medeiros (Piauí), Cândida Chay (Pernambuco), Magali Pontes (Paraíba) e o procurador municipal de Teresina, Dr. Marcelo Mascarenha, convidado especial do debate.

Cândida Chay abriu as exposições destacando a soberania como pauta central para a classe trabalhadora e defendeu o plebiscito popular como ferramenta concreta de disputa política. Magali Pontes alertou para o dinamismo da conjuntura e a importância da estratégia sindical na sustentação do atual projeto democrático.

Dr. Marcelo Mascarenha trouxe uma análise densa sobre os quatro pilares estruturais que moldaram o Estado brasileiro: dependência externa, superexploração da força de trabalho, desigualdade regional e autoritarismo institucional. Relembrou episódios históricos que ilustram como o poder político no Brasil sempre esteve a serviço de elites econômicas e argumentou que o neoliberalismo, ao individualizar os problemas sociais, tem adoecido a juventude e isolado os trabalhadores.

“É preciso retomar o hábito do trabalho de base. As lutas não podem ser fragmentadas. Identidade, classe, raça e gênero fazem parte da mesma estrutura de opressão que devemos enfrentar de forma integrada”, afirmou.

Durante os debates, sindicalistas e dirigentes trouxeram reflexões sobre o envelhecimento do movimento sindical, a dificuldade de mobilização da juventude, os impactos da meritocracia no setor financeiro, os desafios da equidade de gênero e o racismo estrutural. Falaram representantes da Paraíba, Pernambuco, Ceará, Alagoas e outras bases filiadas à Fetrafi/NE.

A dirigente Magali Pontes encerrou com um alerta: “Estamos em um momento de profundas transformações e velocidade histórica. Ou nos adaptamos com consciência política e compromisso social, ou perderemos a capacidade de mobilizar e transformar.”

O primeiro dia da conferência terminou com expectativa de continuidade dos debates no sábado e domingo, com foco em saúde mental, inteligência artificial, organização sindical e mobilização popular.

Outras Notícias