Processos do governo e de bancos públicos e privados travam Judiciário
30/03/2011 - Por Bancários CGR
O governo federal e os bancos estatais e privados são os que mais  sobrecarregam a Justiça, segundo levantamento inédito do CNJ (Conselho  Nacional de Justiça) que identificou as cem instituições com maior  quantidade de ações tramitando nas diversas esferas do Judiciário.
 
 Como autoras das ações ou rés nos processos, essas instituições fazem  com que "a Justiça funcione em grande parte para atender a demanda de  poucas pessoas", afirmou o secretário-adjunto da presidência do CNJ,  José Guilherme Vasi Werner.
 
 As cem instituições que mais demandam o Judiciário representam cerca de  20% dos 71 milhões de processos registrados até fim de março de 2010 no  levantamento do CNJ obtido pela Folha.
 
 A divulgação do ranking servirá para o CNJ debater em maio, em seminário  com todos os envolvidos, soluções para desafogar a Justiça.
 Para Werner, o Judiciário é palco para solução desde pequenas disputas,  que poderiam ser discutidas na área administrativa ou nos juizados  especiais, a causas milionárias, "o que acaba sobrecarregando a  Justiça".
 
 O governo federal é réu em 67% dos processos em que está envolvido. Já  os bancos acionam tanto a Justiça quanto são questionados.
 A Previdência Social, por meio do INSS, lidera o ranking de processos.  Os dados consideram ações que tramitavam nas justiças Federal, Estadual e  do Trabalho.
 
 PREVIDÊNCIA
 
 Para o presidente do INSS, Mauro Luciano Hauschild, a liderança pode ser  provocada pelas "políticas sociais" desenvolvidas na instituição.
 Responsável pelo pagamento de 28,1 milhões de benefícios ao mês e pela  cobertura previdenciária para cerca de 55 milhões de trabalhadores, a  Previdência, segundo Hauschild, tem vários serviços que podem ser  questionados judicialmente, como a revisão de aposentadorias e auxílio  doença.
 
 Os grandes bancos públicos e privados também estão na lista, entre eles  Bradesco, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Itaú. Mesmo caso  das empresas de telefonia, lideradas pela Brasil Telecom Celular,  comprada pelo Grupo Oi.
 
 Não há um diagnóstico fechado sobre as causas da ações, mas, na  avaliação de Werner, o ranking retrata o aumento do mercado consumidor  brasileiro.
 "Nos últimos anos, houve um boom de serviços para as classes menos  favorecidas - C, D e E - e isso não veio acompanhado de tratamento  adequado".
 
 Segundo Werner, "as agências reguladoras são muito omissas no trato de  lesões ao consumidor" e por isso eles são obrigados a procurar a  Justiça.
 
 CONCILIAÇÃO
 
 Banco do Brasil, Caixa e a Advocacia-Geral da União, órgão que defende o  governo, informaram que têm buscado a conciliação para evitar disputas  judiciais.
 
 A AGU justifica informando que busca na Justiça reaver R$ 900 bilhões em  dívida ativa -débitos dos contribuintes em fase de cobrança.
 Procurados pela Folha, Bradesco, Finasa, Itaú e Oi não quiseram se manifestar.
 
 O Rio Grande do Sul é único Estado que aparece entre os dez primeiros. O  procurador-geral-adjunto do Estado, Bruno Winkler, atribuiu o fato à  "cultura" da população de recorrer à Justiça.
Fonte: Contraf/CUT com Folha de S.Paulo

