‘Radicalizar a democracia é promover direitos sociais’, defende Juvandia na 6ª Conferência da UNI Américas
06/12/2024
Em discurso em evento que reúne dirigentes de 28 nações das américas, brasileira reforçou: ‘Radicalizar a democracia significa combater as desigualdades e todo o tipo de ódio, significa colocar o trabalho no centro’
O fenômeno político que levou Jair Bolsonaro à presidência do Brasil, entre 2019 e 2022, Javier Milei, a assumir a Casa Rosada, na Argentina, desde o ano passado, e, mais recentemente, Donald Trump de volta à liderança dos Estados Unidos, é o mesmo que ameaça a democracia, com discursos negacionistas e de ataques aos direitos das mulheres, negros, imigrantes e população LGBTQIA+.
“Frente a esses ataques intensos, da ultradireita, é necessário radicalizar a democracia, e radicalizar a democracia significa combater as desigualdades, combater a fome e a miséria, significa colocar o trabalho no centro, promover igualdade de oportunidades, significa combater todo o tipo de ódio e as fake news”, declarou a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e recém-eleita presidenta da UNI Finanças Américas, Juvandia Moreira, durante sua fala em defesa da moção “Solidariedade em ação, esperança coletiva por democracia e justiça social”, aprovada nesta sexta-feira (6), segundo dia da 6ª Conferência da UNI Américas, que segue até sábado (7), no município de La Falda, em Córdoba, na Argentina.
“Nós defendemos essa moção proposta porque não dá pra falar em democracia sem sindicatos fortes, sem processos de negociação coletivos fortes, sem combater às desigualdades de todos os tipos”, completou a dirigente.
Juvandia observou que os ataques da ultradireita são pautados no neoliberalismo, modelo econômico predatório, em termos sociais e ambientais. “Nós sempre reforçamos: o neoliberalismo não é um modelo para o mundo, porque é excludente, concentra a renda e precisa ser enfrentado, para que não ressurjam modelos autoritários que alimentam essa extrema direita”, ressaltou no evento que conta com a participação de 600 delegados e observadores de 140 organizações sindicais de 28 países das américas do Sul, Central e do Norte.
Juvandia também agradeceu a solidariedade dos colegas do continente ao Brasil, nos últimos anos em que a atuação da ultradireita tomou força, começando com o processo de lawfare (estratégia do mau uso da lei para ataques políticos) e que levou ao impeachment, em 2016, da presidenta democratamente eleita Dilma Rousseff; à perseguição política e prisão de LuLa, em 2017; ascensão da figura de Jair Bolsonaro, a partir de 2018; e, finalmente, na tentativa de golpe quando Lula retomou à Presidência da República, em 2023.
“Essa tentativa de golpe incluía tentativa de assassinato do presidente Lula, do vice-presidente [Alckmin] e do ministro do Supremo [Tribunal Federal] Alexandre de Moraes, e com a tentativa, pasmem, da criação de um campo de concentração! E vocês sabem quem iria para esse campo de concentração? Os militantes sociais, dirigentes sindicais, aqueles que lutam e defendem a democracia. Nós acabamos de passar por isso!”, ressaltou a dirigente brasileira. “Portanto, agradecemos todo o apoio que tivemos de vocês, dos companheiros do continente, especialmente da Christy Hoffman (secretária-geral da UNI Global Union), do Héctor Daer (secretário-geral da UNI Américas), quando passamos por todo esse processo”, concluiu.
Não há democracia na fome
Durante sua fala, em aprovação à moção em defesa da democracia, o secretário-geral da Contraf-CUT, Gustavo Tabatinga, reforçou o alerta no combate à fome, para que a classe trabalhadora tenha condições de enfrentar os ataques ao Estado Democrático de Direito.
Ele lembrou que o Brasil conseguiu o feito de sair do Mapa da Fome da ONU, graças à atuação de governos petistas anteriores, de Lula e Dilma. Porém, o país voltou ao triste quadro, na gestão de Michel Temer, que assumiu o poder a partir do golpe de 2016. “Isso fez com que o capitalismo ficasse rindo das pessoas passando fome e indo atrás de caminhões de lixo pra catar restos”, completou, fazendo referência à triste imagem captada em 2021, já no governo de Jair Bolsonaro, de mulheres em Fortaleza, região Nordeste do país, catando restos de ossos de um caminhão de lixo.
“Essa necessidade básica por alimento faz com que nenhum debate de democracia aconteça, porque o companheiro e a companheira que passam fome, só pensam no pque poderão comer no dia”, pontuou o dirigente, complementando que, atualmente, no terceiro mandato do presidente Lula, os níveis de pobreza e miséria no país voltaram a cair, permitindo maior segurança alimentar. “É primordial que um dirigente sindical não esqueça que defender direito trabalhista é, antes de tudo, defender a democracia e a nossa soberania nacional”, concluiu.
Fonte: Contraf-CUT