Recapitalização de bancos europeus pode chegar a 106 bilhões de euros
31/10/2011 - Por Bancários CGR
Os bancos da União Europeia precisarão captar ? 106 bilhões de (US$ 146 bilhões) em capital adicional até o fim de junho de 2012. A Autoridade Bancária Europeia (EBA, pelas iniciais em inglês) disse que os bancos têm de formar reservas de segurança temporárias de capital contra exposições aos títulos soberanos e precisam deter um índice de capitalização de nível 1 de 9%.
O montante definitivo de capital novo que necessita ser efetivamente captado poderá corresponder, porém, a um valor inferior ao fixado pela EBA, uma vez que alguns deles podem já estar cobertos pelos programas de ajuda atualmente em vigor.
Na Grécia, o total adicional equivale a ? 30 bilhões. Há uma linha de crédito de respaldo de ? 30 bilhões já em vigor para ajudar nas necessidades de capital dos bancos gregos, conforme o previsto pelo programa de ajuda da UE/Fundo Monetário Internacional. O Attica Bank disse que suas reservas de segurança de capital já estão suficientemente grandes para suportar as planejadas perdas com bônus gregos. O estatal ATEbank disse que os bancos gregos poderão ter de tomar medidas como a venda de subsidiárias.
Na Espanha, o total das necessidades, segundo o EBA é de ? 26,1 bilhões. O governo disse que seus bancos não precisarão de recursos públicos. Os bônus conversíveis também serão considerados pela EBA, medida cuja inclusão a Espanha pressionou. Isso reduzirá a conta para a Espanha em cerca de ? 9 bilhões, disse a ministra da Economia, Elena Salgado, em entrevista a uma rádio ontem.
O Santander precisaria de ? 15 bilhões, mas esse total não inclui os ? 8,5 bilhões em bônus conversíveis. Quando eles são incluídos, o déficit de capital chega a ? 6,5 bilhões. O maior banco espanhol diz que não precisará de um aumento de capital nem reduzir os dividendos. Pretende alcançar um índice de capitalização de 10% até junho de 2012, em relação ao de 9,42% com que contava no fim do terceiro trimestre.
Já o BBVA necessitaria ? 7,1 bilhões. Desse montante, ? 1,9 bilhão referem-se a risco soberano. O banco diz que conseguirá gerar suficiente capital internamente para atender às exigências e que terá capacidade para manter os dividendos. O Banco Popular precisa de ? 2,4 bilhões. Pode levantar capital "organicamente" e por meio de bônus conversíveis já existentes. O BFA, o grupo mantenedor do Bankia, recém-registrado em bolsa necessita ? 1,14 bilhão. Diz não precisar de recursos públicos. O grupo La Caixa, por sua vez, necessita de ? 602 milhões. Diz que consegue gerar capital organicamente.
Na Itália, o total das necessidades chega a ?14,7 bilhões. O maior volume caberia ao UniCredit, ? 7,4 bilhões. O banco disse que, se considerarem os ativos disponíveis no cálculo do índice de capitalização de nível 1, a cifra cairá para ? 4,4 bilhões. Seu principal executivo qualificou o déficit como administrável, mas preferiu não comentar sobre o valor total ou a data de realização de um possível aumento de capital. A Banca Monte dei Paschi di Siena necessita ? 3,09 bilhões. O banco disse que essa soma não leva em consideração à pretendida conversão de títulos.
Na França, o total das necessidades segundo o EBA chega a ? 8,8 bilhões. Os bancos afetados disseram que não precisarão de ajuda governamental e que vão levantar recursos por meio da retenção de lucros. O governo disse que não intervirá e que os bancos têm de reduzir os dividendos e os bônus para alcançar suas metas. O BPCE (da Natixis não registrada em bolsa) precisa de ? 3,4 bilhões, o Société Générale de ? 3,3 bilhões. Disse que atenderá aos requisitos "com recursos próprios". O BNP Paribas, que teria que levantar ? 2,1 bilhões, descartou a necessidade de captar capital no mercado.
Em Portugal, total das necessidades é de ?7,8 bilhões. Os bancos se concentrarão na desalavancagem, mas podem recorrer a uma linha de crédito de ? 12 bilhões reservada para os bancos, conforme previsto no pacote de socorro financeiro UE/FMI. Desses ? 7,8 bilhões, os bancos já tiveram de levantar ? 3,4 bilhões, conforme previsto no acordo de salvamento financeiro pactuado por Portugal em maio.
O Millennium BCP precisa de ? 2,4 bilhões. Desse total, ainda tem de levantar ? 1,75 bilhão. Já captou ? 600 milhões este ano, por meio de uma oferta de troca por ações preferenciais. A conta para a Caixa Geral de Depósitos é de ? 2,24 bilhões. O banco estatal disse que continuará a levantar capital, mas não especificou de que maneira. O BPI precisa de ? 1,7 bilhão e o Banco Espírito Santo ? 1,5 bilhão. Desse total, ainda não captou ? 687 milhões. O banco disse no início do mês que pretendia captar ? 791 milhões por meio de uma oferta de troca de dívida por ações. Disse esta semana que continuará a operação de desalavancagem e examinará alternativas de mercado.
Na Alemanha, o total das necessidades chega a ? 5,2 bilhões. A maior fatia cabe ao Commerzbank, ? 2,9 bilhões. Disse que poderá alcançar o índice necessário por meio de uma redução dos ativos ponderados por risco, da venda de ativos não estratégicos ou da retenção de lucros. O banco disse não pretender fazer uso de recursos públicos.
O NordLB disse que aumentará seu capital em ? 660 milhões, e que não precisará de ajuda governamental. Ao LBBW a parcela é de ? 364 milhões. No Chipre, a soma chega a ? 3,6 bilhões, segundo o EBA. O Bank of Cyprus precisa de ? 1,5 bilhão, enquanto o Marfin Popular Bank precisa de ? 2,1 bilhões. Disse que a quantia é preliminar e sujeita a alterações.
Fonte: Contraf-CUT com Valor Econômico