Receita dos bancos de investimento atinge US$ 1,5 bilhão em 2010

13/12/2010 - Por Bancários CGR

Valor Econômico
Cristiane Perini Lucchesi


O volume de fusões e aquisições, de emissões de ações e de títulos de renda fixa foi recorde para o Brasil neste ano. Mas os bancos de investimento, que ganham comissão para assessorar as empresas nessas atividades, não conseguiram obter receitas igualmente recordes. A concorrência cresceu com mais bancos no mercado, e o ano de 2007, com seu volume gigantesco de emissões públicas iniciais de ações (IPO) e empréstimos vinculados a elas, os "equity kickers", continua imbatível.

Segundo estimativas dos bancos atuantes no Wall Street brasileiro, o total de receita da indústria neste ano cresceu 30% na comparação com 2009 e chegou a US$ 1,5 bilhão, no máximo. Mas, em 2007, haviam sido obtidos mais de US$ 2 bilhões. Os bônus dos executivos dos bancos, a serem recebidos no início de 2011, serão polpudos, mas não tanto quanto foram em 2008, ainda mais porque essa receita menor está dividida por um número maior de bancos por causa do aumento da concorrência desde então. As perspectivas são de novo aumento na receita do mercado em 2011, de 15% a 20% na comparação com 2010. E de mais aumento na concorrência.

Nesses cálculos estimados foram incluídos ganhos com comissões dos bancos na assessoria e distribuição de emissões de ações, de dívida e na consultoria e assessoria em fusões e aquisições. As receitas obtidas com empréstimos-ponte, que financiam fusões e aquisições, e transações de hedge (proteção financeira) vinculadas também foram consideradas, além dos "equity kickers", empréstimos cuja remuneração inclui ações, que não aconteceram neste ano, mas eram comuns em 2007. As receitas de corretagem não estão incluídas nos cálculos.

Os ganhos com fusões e aquisições são especialmente difíceis de calcular, visto que as comissões pagas pela empresa ao banco geralmente envolvem sigilo. Isso sem contar os casos nos quais o valor da própria operação de fusão ou aquisição é sigilosa.

Considerando-se as imprecisões decorrentes dessas incertezas e a opinião dos executivos ouvidos pelo Valor, neste ano os tradicionais primeiros colocados nos rankings de banco de investimento no país voltaram ao destaque: o BTG Pactual, o Credit Suisse, o Itaú BBA, em ordem alfabética, foram os três primeiros em receita.

"Muitos bancos novos entraram no mercado, mas quem incomodou mesmo foram aqueles concorrentes tradicionais", diz Guilherme Paes, sócio responsável pelo banco de investimento do BTG Pactual. "As operações mais desafiadoras são também as mais rentáveis", afirma José Olympio Pereira, responsável pelo banco de investimento do Credit Suisse. "São essas transações mais difíceis que demandam a verdadeira expertise de um banco de investimento", comenta.

"São a execução e a entrega adequada que fazem com que algumas instituições se mantenham nos topos dos rankings no longo prazo, por vários anos seguidos, e não só por um momento por causa de transações pontuais", afirma Jean Marc Etlin, diretor responsável pelo banco de investimento do Itaú BBA. Ele prevê mais competição para 2011, mas acredita que os novos entrantes terão cada vez mais dificuldades em atrair talentos.

Dificilmente 2011 vai repetir o total de emissões públicas iniciais de ações deste ano, que chegou a R$ 148,6 bilhões, segundo as transações registradas na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), aumento de 121% na comparação com os R$ 67,322 bilhões de 2007. A transação de R$ 120 bilhões da Petrobrasfoi um ponto fora da curva.

No entanto, segundo a Dealogic, as receitas obtidas com essas transações caiu de US$ 1,155 bilhão em 2007 para US$ 465,5 milhões neste ano até novembro.

A principal razão para a discrepância: as emissões públicas inicias de ações, os IPOs, pagam comissões maiores. Enquanto isso, as ofertas de empresas já negociadas (os follow-ons) pagam menos. Neste ano, o total de IPOs foi de R$ 11,14 bilhões, apenas 7,5% do total captado com ações na bolsa brasileira, na comparação com o recorde histórico em IPOs, de R 33,2 bilhões, de 2007, 49,33% das ofertas na época.

Além disso, transações maiores pagam comissões menores e neste ano as emissões de ações foram de volumes gigantescos (ver matéria nesta página). "A concorrência cresceu e a disputa pelo cliente reduz as comissões do mercado", diz Paes. Segundo ele, o mercado estava fraco no início do ano e muitas empresas não conseguiram colocar ações no preço que inicialmente planejavam, o que reduziu as receitas dos bancos.

Já o mercado de fusões e aquisições tem tudo para bater um novo recorde histórico em 2011, diz Pereira. Para 2010, os números são díspares: a Dealogic fala em um total de US$ 151,66 bilhões em volume de transações de janeiro a novembro, um aumento de 135% em relação aos US$ 64,3 bilhões totais de 2009. A Thomson Reutersfala em US$ 106,687 bilhões no mesmo período, uma alta de 55,7% na comparação com 2009. Os dois registram recordes, no entanto.

Fonte: Valor Econômico

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